Oração de Paraninfia
Rodolfo Pamplona Filho
Excelentíssimo Diretor da Faculdade,
meu amigo Celso Castro, por nobreza,
em nome de quem saúdo, de verdade,
todos os membros desta ilustre mesa.
Não poderia deixar de saudar, porém,
o ilustre Prof. Fernando Santana,
Coordenador firme e de quem
sou eterno aluno e seguidor, com gana.
A maior glória acadêmica, em curso,
é formal e solenemente celebrada
com o proferir de um longo discurso,
em forma de aula magna preparada.
Isto é uma enorme honra que traz
alegria para qualquer professor,
mas, para mim, é muito mais:
verdadeira prova de amor.
Em um corpo docente estrelado,
culto e extremamente qualificado,
escolher alguém que nunca foi lembrado
soa como um ato muito ousado
ou talvez de doce loucura
em uma verdadeira travessura:
escolher alguém fora do padrão
para proferir esta oração.
E, por isto mesmo, eu não poderia
redigir algo diferente de uma poesia,
para agradecer, com toda emoção,
tudo que passa no meu coração.
Somente uma turma muito especial
poderia fazer este carinho sensacional
em quem sinceramente vem confessar
que aprendeu honestamente a os amar
Vocês não têm idéia de como é raro
um professor de trabalho ser paraninfo!
E o melhor exemplo foi meu amado
pai intelectual Rodrigues Pinto!
Que também, em uma única vez,
foi lembrado para esta honraria,
por turma alternativa da mesma tez,
que colou grau nesta reitoria.
E vocês não limitaram a brincadeira,
pois o patrono também é um laboral:
o Professor Jonhson Meira,
outro exemplo de vida feomenal!
E o professor destinatário de preito
é Wilson, patrono da minha formatura,
a quem rendo sempre meu respeito,
com carinho, admiração e candura!
O nome da turma é Eugênio Lyra,
uma homenagem super adequada,
que, das glórias do passado, retira
a justiça necessária e apropriada.
Seu Chico é o funcionário homenageado,
uma verdadeira figurinha carimbada,
tantas vezes aqui lembrado,
que sua vaga será sempre reservada.
Geninho é, da turma, o amigo acolhedor!
Mais que isso: é o ombro para chorar,
confidente de amores, fiel torcedor
das vitórias e provas a enfrentar.
Cada formando tem de ser citado
para que este poema faça sentido,
como um presente coletivo outorgado
por quem se sentiu realmente querido.
Começo com Dafne, filha de devoção,
"Lady Kate" de Condeúba, aqui presente,
a quem dedico uma especial emoção
da amizade feita de forma consciente.
Outro amor paternal construído
foi com a querida Paloma Solla,
cujo acompanhamento foi ao infinito
em contatos inesperados fora de hora...
Com o Sr. Florisvaldo Alves de Almeida,
por todos conhecido por Seu Flor,
vi um exemplo de vida alvissareira,
superação, orgulho da família e amor.
Marília Portela Barbosa,
minha aluna em tantas matérias,
será minha colega trabalhista operosa
e companheira de lutas etéreas!
Mayana Ferreira Barbosa
é por todos conhecida como May
e tem do trote uma lembrança gostosa;
uma blusa pintada cuja tinta não sai...
Lázaro não foi para o café dos amigos,
mas preencheu, por e-mail, o formulário,
e lembrou da sua primeira audiência comigo,
e, agora, é meu afilhado honorário!
Paulo Sérgio Souza Andrade,
quase levou um nocaute meu,
mas é querido e presente na almofada da saudade,
que, como paraninfo, a turma me deu.
Camila Sombra, mestranda ilustre,
já é um orgulho para todos nós,
desenvolverá altos estudos na USP
e, em direitos humanos, será nossa voz!
Rebeca é talentosa e dedicada aluna,
com cursos em intercâmbio na Europa,
mas não me concedeu ainda a fortuna
de tê-la como membro de minha tropa.
Juliana sonha em intervir
na sociedade para transformação,
com o reconhecimento, que há de vir,
do Direito Animal, em consolidação.
Com Karine Mendonça, nossa oradora.
compartilhei momento de delicadeza,
ao ir junto com meus filhos
na criação do Jardim Gentileza.
Fausto é, do SAJU, figura dedicada
além, da faculdade, o cara mais popular,
super engajado e de mente afiada,
interpretou Gomez Addams, sem pestanejar.
Lucas Moreira Ramos, na moral,
é consciente da realidade social,
mas seu prazer é ver - quem diria? –
o futebol do Prática Etílica e do Bahia
José Ramiro, o rubro-negro Ramirão,
meu aluno em sala, corredor ou sol,
embora seu momento de maior emoção
tenha sido o título do torneio de futebol!
Conheci Juliano em uma exposição,
que fiz no pátio da cantina,
sobre a importância da reflexão
e da pesquisa como uma sina.
Por motivos alheios à nossa vontade,
não podemos contar com Luis Cláudio,
mas sua presença, na realidade,
está em nosso orgulho e gáudio.
Membro honorário da turma
é meu orientando Edney Tony Star(k),
que, mais do que minha imitação diurna,
fez uma monografia de arrasar!
Toda esta galera maravilhosa
somente seria encontrada em um lugar!
Na nossa gloriosa e formosa
Faculdade de Direito da UFBA,
que completa 120 anos de existência,
neste ano de 2011, no calendário,
vinte anos dos quais eu vivi,
já que ingressei, como aluno, no seu centenário.
Celeiro de talentos e juristas,
orgulho do estado e da nação,
onde nasceram verdadeiros artistas
e teses seminais de pura razão!
É hora, porém, de o discurso arrematar,
já que ele não pode ser muito longo:
tem de uma mensagem passar,
mas com um tamanho que não dê sono!
Mas a oração não estaria completa
sem uma sincera benção de despedida,
pois, neste momento de festa,
é meu dever deixar uma lição de vida.
Eu não preciso lembrar a toda a gente
do que eu nunca quero esquecer,
que serei seu padrinho eternamente
até mesmo depois de morrer!
Por isso, meus afilhados,
nesta mensagem final,
quero deixar registrado
meu compromisso formal
de acompanhá-los o resto do tempo
que o destino divino nos autorizar,
ajudando-os a correr com o vento
e crescer nas carreiras que adotar
Pois procurar o novo é
uma viagem que nunca termina...
Desnudar-se da cabeça ao pé
é algo que só a intimidade ensina.
Por isso, não tenham medo
de buscar sempre a felicidade,
pois é muito comum cansar cedo
de lutar em qualquer idade...
O conforto que todos desejam só
não pode virar simples comodidade,
como se sonhos virassem pó
ou se perdessem com a maioridade...
Se, como já falei em rima,
em toda e qualquer praça,
a boa palavra ensina,
mas é o exemplo que arrasta,
Vocês devem guardar em sua mente
tudo de bom que transmitimos,
pois construiremos nova gente
com as boas ações que sentimos!
Não sei por quanto tempo ainda viverei,
nem qual será o juízo da minha história,
só acho que as vidas que alcancei
tornaram feliz a minha trajetória.
Pois nada foi mais importante
do que fazer amigos por onde passei,
mesmo no ambiente mais sufocante,
alguma boa semente espalhei
de nunca anestesiar meu indignar,
nunca aceitar a miséria como normal,
nunca deixar de, nas pessoas, acreditar
e nunca desejar aos outros o mal!
Acredito a promessa ter cumprido
de fazer um discurso abrangente
que possa eventualmente ser aplaudido,
sem deixar de tocar o coração da gente.
Foram exatos duzentos e quatro versos
dedicados a estes formandos
e, agora, eu desejo (e me despeço)
sorte, saúde e paz nos vindouros anos.
Praia do Forte, 01 de janeiro de 2011.