sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

SENSAÇÕES

SENSAÇÕES

Esses dias intermináveis, as horas não passam,  consigo perceber cada minuto, segundo no relógio que até parece uma eternidade. Tenho a dor e o medo dentro de mim, que caminham lado-a-lado.
Na espera incansável por algo que não tem cor, cheiro e nem forma. Tenho em mim a angustia de estar preso entre quatro paredes, olho pela janela e vejo um mundo enorme lá fora, uma noite sem lua, uma rua nua.
 Sinto-me com um nó na garganta com gosto de sangue que corre entre minhas veias, todos dormem, dormem,  e apenas  ouço o ruído do vento.
Preciso da liberdade dos passáros, eles sim, são livres e tem o privilégio de não pensar. Carrego dentro de mim algo inconstante, que vai e volta,  que é livre.
E a noite continua silenciosa, e, como toda noite é uma boa conselheira, ouço apenas o silêncio.
A vida é o embalar de uma música, você só precisa pegar o ritmo dela. Quantas noites precisarão passar para que eu encontre o meu caminho?


Carla Luiza de Almeida Cerqueira

quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Soneto para os 70 anos de Pinho


Soneto para os 70 anos de Pinho

Rodolfo Pamplona Filho
Hoje é dia de comemorar
a vida de quem ama o mar,
a fazenda e a família
(e mais ainda Dona Virgínia)!

Hoje é dia de festa,
pois nada mais nos resta,
senão vibrar mais um ano
do lutador de sangue italiano,

que é louco por macarronada
e que não tem medo de nada,
mas que também se comove

nos braços carinhosos de seu love,
quando, da batalha, descansa sereno
chamando-o lindamente de Lekeno...

Salvador, 30 de janeiro de 2013.

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

As duas caras


As duas caras
À Nietzsche
     sd.jpgapolo.jpg

Ele é feio.  Pensei comigo. Muito feio.
Não acho! Considerou a Verdade.
Claro que é muito feio.
Ele é belo, perfeito.
Ora, ora. De que falas?
Embriagada para afirmar uma inverdade desta?
Apolo olhou frente a frente e não viu seu rosto.
Espelhou-se na luminosidade do sol, transfigurou-se.
De que falas? Não percebe seu erro?
Lindo é Dioniso. O mais belo dos belos. Arrebatador, forte e extasiante.
É necessário examinar de perto!
Ele é bom, muito bom. Um anjo de candura e bondade.
Estás louca? Não enxerga?
Ele é odiável, uma pessoa cruel.
Não estamos falando da mesma pessoa.
É que tu me apareces como uma pista de dança para os acasos divinos.
Música. Fogo. Tragédia. Desolação. Tristeza.  Infortúnio. A redenção.
Contemplação.
É com os pés do acaso que as Verdades preferem dançar.
A dança afirma o devir e o ser do devir.
Não há muito por aqui. Nem ali. Nem acolá.
Não existe limite para o sentir.
Destino malvado.
“E, neste momento, o deus tentador sorriu seu meio-sorriso alciônico,
Exatamente como se tivesse dito uma encantadora amabilidade”.
Ditirâmbica transformação ecoou em uma nova visão apolínica da tragédia.
Um mar eterno, uma trama mutante, um quadro destroçado.
Perguntar: qual meu destino?
Não queira saber.
Eu quero.
Insisto. Eu quero.
Não devia ter nascido. Já que nasceu, cuide em morrer. Contemplarei do horizonte.
O mito nos resguarda da música.
Que cruel! Dionisíaco, apolínico e belo.

Ezilda Melo
SSA-BA, 29 de janeiro de 2013.

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

Pobre menina

Pobre menina, de olhos quase marejados
Seus amigos, somente caneta e papel
Rabisca lenta e sofridamente
Diário não possui, 
coisa de menina sonhadora, 
só tem retalhos...
Retalhos de papel, borrados de lágrimas e palavras
Um dia roubaram sua infãncia e adolescencia
rasgaram seus retalhos mais preciosos
Retalharam sua alma e essência

Crisália S. Silva

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Mensagem para meu Desejo

Mensagem para meu Desejo

Rodolfo Pamplona Filho
Mando uma mensagem
para quem não posso ver por inteiro..
Corra, corra mesmo, sem parar,
até chegar dentro do banheiro...
Veja a imagem
que está no teu espelho...
Encontre nessa viagem
todo o meu desejo...
Ame, por mim,
cada mecha de cabelo,
passe os teus dedos
em cada fio em desalinho
sinta o teu perfume,
beba o teu vinho,
beije o teu reflexo
e sinta o meu amplexo,
já que não posso te ter...
até que eu possa te ter...

Praia do Forte, 20 de fevereiro de 2012.

domingo, 26 de janeiro de 2014

VERSINHOS PARA ELE

VERSINHOS PARA ELE

Ele não se presta a dicionários
Parece ser um, mas é sempre tanto e vários

Pára a avenida quando atravessa
Arranca suspiros quando canta e versa

Incendeia reuniões, quebra todas as bancas
Põe fogo em mim, quando minha roupa arranca

Ele é meu menino, eu sou sua sina
Ele é meu verso livro, e eu sou sua rima...

02/02/2012, 21:26, Beatriz A.M.

sábado, 25 de janeiro de 2014

RECEITA PARA LAVAR PALAVRA SUJA


RECEITA PARA LAVAR PALAVRA SUJA
Viviane Mosé

Mergulhar a palavra suja em água sanitária.
depois de dois dias de molho, quarar ao sol do meio dia.
Algumas palavras quando alvejadas ao sol
adquirem consistência de certeza. Por exemplo a palavra vida.

Existem outras, e a palavra amor é uma delas,
que são muito encardidas pelo uso, o que recomenda esfregar e bater insistentemente na pedra, depois enxaguar em água corrente.

São poucas as que resistem a esses cuidados, mas existem aquelas.
Dizem que limão e sal tira sujeira difícil, mas nada.
Toda tentativa de lavar a piedade foi sempre em vão.

Agora nunca vi palavra tão suja como perda.
Perda e morte na medida em que são alvejadas
soltam um líquido corrosivo, que atende pelo nome de amargura,que é capaz de esvaziar o vigor da língua.

O aconselhado nesse caso é mantê-las sempre de molho
em um amaciante de boa qualidade . Agora, se o que você quer é somente aliviar as palavras do uso diário, pode usar simplesmente sabão em pó e máquina de lavar.

O perigo neste caso é misturar palavras que mancham
no contato umas com as outras.
Culpa, por exemplo, a culpa mancha tudo que encontra e deve ser sempre alvejada sozinha.

Outra mistura pouco aconselhada é amizade e desejo, já que desejo, sendo uma palavra intensa, quase agressiva, pode, o que não é inevitável, esgarçar a força delicada da palavra amizade.

Já a palavra força cai bem em qualquer mistura.
Outro cuidado importante é não lavar demais as palavras
sob o risco de perderem o sentido.

A sujeirinha cotidiana, quando não é excessiva,
produz uma oleosidade que dá vigor aos sons.

Muito importante na arte de lavar palavras
é saber reconhecer uma palavra limpa.

Conviva com a palavra durante alguns dias.
Deixe que se misture e m seus gestos, que passeie
pela expressão dos seus sentidos. À noite, permita que se deite, não a seu lado mas sobre seu corpo.

Enquanto você dorme, a palavra, plantada em sua carne,
prolifera em toda sua possibilidade.

Se puder suportar essa convivência até não mais
perceber a presença dela, então você tem uma palavra limpa.

Uma palavra LIMPA é uma palavra possível.

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Perdão


Perdão

Rodolfo Pamplona Filho
Me perdoa por tudo que sou?
Me perdoa por tudo que não sou?
Me perdoa por tudo que faço?
Me perdoa por tudo que não faço?
Me perdoa por te pedir perdão?
Sei que não preciso perdão...
Sei que não preciso pedir perdão...
Mas a tristeza que me toma
na constatação da minha imobilidade
faz com que eu somente consiga
dizer e mil vezes repetir:
Me perdoa?

Salvador, 31 de julho de 2012.

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

RECEITA DE ANO NOVO



RECEITA DE ANO NOVO

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Amor que fala e ouve...


Amor que fala e ouve...

Meu amor por você fala e ouve...
Fala mais do que ouve...
Meu amor por você fala,
mesmo quando está calado...
Meu amor por você fala...
... por toda a poesia que você me inspira...
... em cada palavra, cada risada...
.... em cada lágrima ou sorriso....
Meu amor por você ouve,
mesmo quando nem sequer respira...
Meu amor por você ouve...
... mais do que todas as músicas de Caetano...
... melhor do que rima ou construção frasal...
... em cada som e em cada silêncio e 
Eu desejo sua voz e seu ouvido...
Eu desejo sua boca e sua atenção...
Eu desejo o seu corpo
como nunca desejei outro corpo...
mas eu não preciso sequer te ver
para te amar...
Eu preciso apenas saber
que você existe
e que me ama
para a felicidade tomar
conta da minha existência...
E é essa amor que se renova
a cada discussão de relacionamento
ou quando passa por um tormento
que eu nunca vou abrir mão
por coerência do coração...
Eu quero ver você sorrir
e nunca pensar em partir...
E que vá embora toda tristeza,
pois nosso amor é de cama e mesa
em toda canção e em toda dança,
vivendo sempre a esperança
de que se encontrou um amor de verdade
e que isso é a mais pura realidade...

Beatriz A.M.
08/08/2012

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Mundo Novo



Mundo Novo

Rodolfo Pamplona Filho
Em breve, passará o tempo rude
que trouxe esta seca maldita
que esvaziou o velho açude
e meu gosto pela vida...
(verei um Mundo Novo diferente...)

E a lágrima involuntária
virará chuva abundante...
E a alma solitária
sorrirá leve e confiante
(verei um Mundo Novo diferente...)

de que o verde inundará
o cinza que enfeiava o horizonte,
pois o gado vai engordar
e os cavalos beberão na fonte
(verei um Mundo Novo diferente...)

onde nadou o pequeno churueiro,
no tempos de Padre Nicanô,
coroinha e menino arteiro,
orgulho de seu avô...
(verei um Mundo Novo diferente...)

A brisa da tarde vai retornar
e apaziguar o calor fervente...
minha terra será sempre meu lar
e seu povo a minha gente
(verei um Mundo Novo diferente...)

Quando a esperança virar realidade
e for embora toda saudade,
verei rodas de samba com alegria
tocando até o raiar do dia...
(verei um Mundo Novo diferente...)

Quando o suspiro for somente
da nostalgia do que foi vivido,
e não mais da desolação impotente
do sofrimento sem sentido,
verei um Mundo Novo diferente...

Eu não quero muito cenas,
mas somente o que louvo
Eu quero, de volta, apenas
o meu Velho Mundo Novo...

Eu quero apenas de novo
o meu Velho Mundo Novo...

Salvador, 14 de janeiro de 2013.

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Quero Ser Justo


Disse que vinha, e veio, lá do Norte
O mar nos olhos
Era noite sem vento e eu nem cri na minha sorte
Houve curiosidade, um calmo susto, alguma palidez
Por trás do ouro do seu rosto
Quero ser justo
Mesmo que não pudéssemos manter a lua cheia acesa
Ou não, ainda,
Nem no seu nem no meu coração
Eu vi você
Uma das coisas mais lindas da natureza
E da civilização

domingo, 19 de janeiro de 2014

Sobre eles...


Sobre eles...

Rodolfo Pamplona Filho
Dois colossos imponentes
de rara beleza e volúpia,
levemente entumecidos
pelo toque de meus dedos
ou o roçar de minha língua
deslizando em seus caminhos,
como a desbravar novas fontes,
de onde emana a seiva da vida,
que alimenta o meu desejo,
sem nunca saciá-lo,
pois a delicia de seu beijo
é o alimento de minh'alma
e que somente se acalma
com o perfume que exala
de cada poro destinatário
da minha entrega e tesão,
no verdadeiro significado
da palavra sofreguidão,
ao se entregar à minha boca,
que nunca cansará
de tocar sua pele
e sentir o seu gosto,
para descobrir o paraíso...

Salvador, 09de novembro de 2012.

sábado, 18 de janeiro de 2014

O Alvorecer das Formas


                                   
O Alvorecer das Formas
                                                                                                         
O espetáculo avermelhado do crepúsculo. Ao longe, a curva quase reta do horizonte. Os homens. As mulheres. Aquele ser inventado, ora no chão, ora no ar, às vezes em lugar nenhum e outras, em todos os lugares. Imaginação. A rosa rubra, logo enegrecida, mas, por essas coisas da reinvenção, rejuvenescida a cada amanhecer, nas alvoradas saltitantes dos altiplanos.
Lá se vai, em busca de outras paragens, o homem que mira o horizonte, com o seu lápis e com o seu papel. O pensamento imerso na sabedoria aprendida a cada dia, na observação dos camaradas, na amizade, no amor, no destino e nos desatinos. No papel, curvas e retas. Horizontes. Belos horizontes. O suor dos homens: martelos a construírem o mundo sobre o mundo, sobre o natural. E, por dentro, aquela louca vontade de reinventar cada invento.
Os ventos benfazejos do distante. Andanças. Meio adulto e meio criança, a brincar com os desenhos. Forma e espaço, música e silêncio. Ele a perambular por vales e mares, a cortar, afoito, os ares. Separar quadrantes.  Por ele, estreitam-se os continentes. O homem, a sina, ensina e aprende. Entende-se com a natureza e a transforma: luzes, formas e sonhos.
No alvorecer, o homem se esquece do crepúsculo de ontem, fixa-se no
porvir, no futuro do presente, e presenteia. Mas também se apresenta a quem quiser ouvir e, para ouvi-lo, são desnecessários ouvidos, basta o olhar, ou um simples passar de mãos, uma respiração mais profunda qualquer.
Ele e o caminho. Estradeiro, abre os espaços, conta os passos, um a um, que lhe separam do ideário. Ele segue a conversar com homens e bichos. Às vezes, um olhar para o passado lhe escapa, vem a noção da entrega e também a louca vontade de refazer, repensar os símbolos nascentes das formas, embora saiba, como os poetas, não lhe pertencer o  que provoca, cabendo a cada um dos viventes sentir como mais lhe for aprazível.
Senhor ou escravo dos traços? Talvez se confundam homem e formas. É possível que ele mesmo não perceba o jugo ou, humilde, não dê valor ao senhorio. O certo é que o andarilho das retas e das curvas, mestre dos templos alheios, segue o caminho, em direção ao poente rubro da paixão, a procurar a rosa do sorriso. E segue.
Ao vê-lo em sua lida, é impossível se negar bem-querença ao carpinteiro-chefe, ao archetector, ao artista dos espaços, do construir de um nada o que é tudo, muito tudo.
Adivinhar seus próximos passos é missão temerária. Em torno do homem do papel e do lápis, dissolvem-se crenças e viceja o trabalho fecundado.
Quando resolvi segui-lo, surpreendi-me com a destreza que me era pouca. Subir em torres de argamassa, arremessar-me, tal qual um surfista louco, pelas retas e curvas das formas seria missão impossível. Entretanto, isento de qualquer fadiga, segui o homem do lápis e do papel, certo de sua firmeza de timoneiro e o cansaço se esvaiu, como que por encanto. Com ele, naveguei pelos lagos dos espelhos d'água, subi e desci rampas, voei em discos-flores e sorri com os olhos marejados.
Um belo dia, pensei em imitá-lo. Tremeram-me o peito e as mãos mal produtoras de riscos. Nem retas e nem curvas. Nada que se aproximasse do traço do guia. Eu com o meu vazio; ele com o seu espaço. Meus sonhos se amiudaram diante daqueles idealizados pelo homem do lápis e do papel. Mas mais queria saber. Continuei a segui-lo. Com ele, atravessei fronteiras e acreditei no equilíbrio. Certa vez, porém, pesaram-me as pernas trôpegas e caí, de corpo e alma. Eu quedo ao chão; ele a seguir avante, sempre.
Ao desistir do caminho, pude vê-lo vida afora e percebi que ele não era um mago. Sofria perdas e, algumas vezes, derrotas. Um homem e só, a seguir, com passos lentos, mas definitivos, na centenária busca da púrpura do ocaso, a fim de transformá-la, a cada dia, no carmesim do amanhecer.
Aos poucos, restava-me a visão da silhueta de encontro ao horizonte e a certeza de que o homem dos traços ensinou-me que retas e curvas podem ser iguais aos justos e puros, aos que acreditam na beleza e na amizade.

Jairo Vianna Ramos <jaberamos@msn.com>

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Choro de Amor



Choro de Amor

Rodolfo Pamplona Filho
Vou para casa chorar...
Chorar?
De saudade, de desejo,
de vontade de um beijo,
de um amor
que me renova e me anima,
que me provoca e ilumina...
Será que, um dia,
você vai me escolher,
de verdade?
Será que, um dia,
seremos um só,
para toda a eternidade?

Salvador, 17 de dezembro de 2012.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Fim do Dia


Fim do Dia
Beatriz A. M.


Labaredas lambem o céu do fim da tarde
É tanto rosa, é tanto mar,
que um suspiro cobre
em mim não se contém,

pois minha aquarela é de cinzas e saudade
porque, na realidade, ao pincelar,
mais um dia morre
sem ter meu bem.

Queria apenas um entardecer com as cores dele
a pele alva, os pelos negros,
a língua rubra que me leva além.

mas meu horizonte é só de ocres e cansaços
da lua branca que surge assim,
sem me dizer pra quem....

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Tristeza


Tristeza

Rodolfo Pamplona Filho
Eu te amo tanto
que chego a ficar triste...
Porque eu não te tenho
como gostaria de ter...
Um dia, ainda vou ter...
Mas a tristeza é de hoje,
não do amanhã...
Vamos tentar focar
no que existe de bom,
no que a gente consegue viver
e dividir juntos...
Vamos viver...
Até a tristeza passar...

Salvador, 10 de dezembro de 2012.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

AMANTES


 

AMANTES
Dos amantes dichosos hacen un solo pan,
una sola gota de luna en la hierba,
dejan andando dos sombras que se reunen,
dejan un solo sol vacio en una cama.
De todas las berdades escogieron el dia:
ne se ataron con hilos sino con un aroma,
y no despedazaron la paz ni las palabras.
La dicha es una torre transparente.
El aire, el vino van con los dos amantes,
la noche les regala sus petalos dichosos,
tienen derecho a todos los claveles.
Dos amantes dichosos no tienen fin ni muerte,
nacen y mueren muchas veces mientras viven,
tienen la eternidad de la nturaleza.
Pablo Neruda 

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Murta


Murta

Rodolfo Pamplona Filho
Murta é o que faz
o bouquet ficar grande,
preenchendo o vazio
entre os naturais espaços frios...

Salvador, 25de dezembro de 2012.

domingo, 12 de janeiro de 2014

A vida


A vida 
Vanessa Bacilieri
05/07/2012

Viver a vida como tem que ser vivida
Mais sabida do que viver sem saber
É a vida de quem não sabe viver
E só consegue saber se viver

Muito se fala e se julga saber
Na verdade ninguém sabe ao certo como viver
Se um dia puder aprender
Quero um dia poder dizer que sei viver

Mas se viver é aprender com a vida
Nada mais certo do que viver sem saber o que se vive
Cada dia uma nova vida pra saber
E sabendo dessa vida, só nos resta querer viver

sábado, 11 de janeiro de 2014

Limites


Limites

Rodolfo Pamplona Filho
Os limites são muito mais
do que as instâncias
organizacionais
de todas as ânsias
do indivíduo
Limite, palavra e afeto
são complementares

Salvador, 23de outubro de 2012.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Tristeza


Tristeza

A tristeza em absoluto, existe?
O mural de iniquidades se fez,
Ante a noite, tão somente nós três,
Eu, um céu em luto, e minha vida triste.

Ante tudo o que se planta, e perece,
Como um amor que mal nasce e definha,
Rogo ante este céu funesto uma prece,
Pra que minh’alma nunca ande sozinha.

Mas, se por destino, mesmo entre tantas,
Hei de baixar a tez ante este medo,
É pois, que só, nada se fortalece.

É este céu, que sobre os corações desce,
Numa insurdescência apática e santa,
E as almas envolve em tão triste enredo.

Mariantônio.

quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Viagem pelo Corpo


Viagem pelo Corpo

Rodolfo Pamplona Filho
Permita-me a viagem
por cada curva de seu mundo,
descobrindo cada imagem
de seu pensamento profundo

Salvador, 22 de novembro de 2012.

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Tentando dormir...


Tentando dormir...

Tento, tento dormir, e não consigo/ 
sabendo-o insone não me deixo anoitecer/ 
queria te-lo junto ao peito, aqui, comigo/ 
pra acarinhar os seus cabelos e faze-lo adormecer/ 
o livro e os processos lhe tiram a paz e alegria/ 
e minha verborragia já madruga com você/ 
mas mesmo em outros leitos, nós descansaremos juntos/ 
porque você está em mim e eu só existo com você.

Beatriz A.M.

terça-feira, 7 de janeiro de 2014

A Máscara


A Máscara

Tira essa máscara de ouro ardente
E olhos de esmeralda.»
«Oh não, meu amor, atreves-te demasiado
A ver se um coração é selvagem e sábio,
Sem ser frio.»
«Só quero ver o que houver para ver,
O amor ou o engano.»
«Foi a máscara o que ocupou a tua mente,
E fez bater o teu coração,
Não o que está por detrás.»
«Mas a não ser que sejas minha inimiga
Devo inquirir.»
«Oh não, meu amor, deixa tudo ser como é;
Que importa, se entretanto houver fogo
Em ti e em mim?»

W.B. Yeats  

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Ser Herege


Ser Herege

Rodolfo Pamplona Filho
Herege é todo aquele
que pensa diferente
e contraditório daquele
que domina a gente,
pois o reconhecimento
da verdade
não é o conhecimento
de uma realidade,
mas, sim, a aceitação
daquela versão
que é adequada
para mudar nada.

Salvador, 30 de dezembro de 2012.

domingo, 5 de janeiro de 2014

DIOGO NOGUEIRA


Caros amigos, 

A Vitória Demora Mas Vem 
E lá vou eu saindo para o batente
Antes mesmo do galo cantar
Sempre correndo na frente 
Espero a minha estrela brilhar
Não sou de atrasar, nem tão pouco puxar
O tapete de ninguém
Nessa vida nada é por acaso
Pra quem nasceu predestinado 
A vitória demora mas vem [...]
Guerreiro não foge a luta
Eu tô sempre na disputa
Em pró de um amanhã melhor (bem melhor)
Pego firme na labuta 
Malandro é quem escuta bom conselho
Pra não ficar na pior (na pior)
Eu vou compondo minha história 
Guardo em minha memória
Quem sempre me fez o bem (fez o bem)
Aprendi pra ensinar o ensinamento
Que tudo na vida tem seu tempo, tem
A vitória demora mas vem

DIOGO NOGUEIRA
Composição: Juninho Thybau / Baiaco e Luis Caffe

sábado, 4 de janeiro de 2014

Indiferença Proposital


Indiferença Proposital

Rodolfo Pamplona Filho
Não vê porque não quer...
Como se não enfrentar
fizesse desaparecer
a ferida que insiste em doer...

Salvador, 23de outubro de 2012.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

PARE DE REZAR E BATER NO PEITO - Feliz 2014, Feliz Sempre!

PARE DE REZAR E BATER NO PEITO - Feliz 2014, Feliz Sempre!

Pára de ficar rezando e batendo o peito! O que eu quero que faças é que saias pelo mundo e desfrutes de tua vida. Eu quero que gozes, cantes, te divirtas e que desfrutes de tudo o que Eu fiz para ti.

Pára de ir a esses templos lúgubres, obscuros e frios que tu mesmo construíste e que acreditas ser a minha casa.
Minha casa está nas montanhas, nos bosques, nos rios, nos lagos, nas praias. Aí é onde Eu vivo e aí expresso meu amor por ti.

Pára de me culpar da tua vida miserável: Eu nunca te disse que há algo mau em ti ou que eras um pecador, ou que tua sexualidade fosse algo mau. O sexo é um presente que Eu te dei e com o qual podes expressar teu amor, teu êxtase, tua alegria. Assim, não me culpes por tudo o que te fizeram crer.

Pára de ficar lendo supostas escrituras sagradas que nada têm a ver comigo. Se não podes me ler num amanhecer, numa paisagem, no olhar de teus amigos, nos olhos de teu filhinho... Não me encontrarás em nenhum livro! Confia em mim e deixa de me pedir. Tu vais me dizer como fazer meu trabalho?

Pára de ter tanto medo de mim. Eu não te julgo, nem te critico, nem me irrito, nem te incomodo, nem te castigo. Eu sou puro amor.

Pára de me pedir perdão. Não há nada a perdoar. Se Eu te fiz... Eu te enchi de paixões, de limitações, de prazeres, de sentimentos, de necessidades, de incoerências, de livre-arbítrio. Como posso te culpar se respondes a algo que eu pus em ti? Como posso te castigar por seres como és, se Eu sou quem te fez? Crês que eu poderia criar um lugar para queimar a todos meus filhos que não se comportem bem, pelo resto da eternidade? Que tipo de Deus pode fazer isso? Esquece qualquer tipo de mandamento, qualquer tipo de lei; essas são artimanhas para te manipular, para te controlar, que só geram culpa em ti. Respeita teu próximo e não faças o que não queiras para ti. A única coisa que te peço é que prestes atenção a tua vida, que teu estado de alerta seja teu guia. Esta vida não é uma prova, nem um degrau, nem um passo no caminho, nem um ensaio, nem um prelúdio para o paraíso. Esta vida é o único que há aqui e agora, e o único que precisas. Eu te fiz absolutamente livre. Não há prêmios nem castigos. Não há pecados nem virtudes. Ninguém leva um placar. Ninguém leva um registro. Tu és absolutamente livre para fazer da tua vida um céu ou um inferno. Não te poderia dizer se há algo depois desta vida, mas posso te dar um conselho. Vive como se não o houvesse. Como se esta fosse tua única oportunidade de aproveitar, de amar, de existir. Assim, se não há nada, terás aproveitado da oportunidade que te dei. E se houver, tem certeza que Eu não vou te perguntar se foste comportado ou não. Eu vou te perguntar se tu gostaste, se te divertiste... Do que mais
gostaste? O que aprendeste?

Pára de crer em mim - crer é supor, adivinhar, imaginar.
Eu não quero que acredites em mim. Quero que me sintas em ti. Quero que me sintas em ti quando beijas tua amada, quando agasalhas tua filhinha, quando acaricias teu cachorro, quando tomas banho no mar.

Pára de louvar-me!
Que tipo de Deus ególatra tu acreditas que Eu seja? Me aborrece que me louvem. Me cansa que agradeçam.
Tu te sentes grato? Demonstra-o cuidando de ti, de tua saúde, de tuas relações, do mundo. Te sentes olhado, surpreendido?...
Expressa tua alegria! Esse é o jeito de me louvar.

Pára de complicar as coisas e de repetir como papagaio o que te ensinaram sobre mim.
A única certeza é que tu estás aqui, que estás vivo, e que este mundo está cheio de maravilhas. Para que precisas de mais milagres? Para que tantas explicações? Não me procures fora! Não me acharás.

Procura-me dentro... aí é que estou, batendo em ti.

Baruch Spinoza (1632 - 1677)


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Um Soneto para um Derrier


Um Soneto para um Derrier

Rodolfo Pamplona Filho
Eu quero sentir o conforto
da sua firmeza e maciez,
deslizando pelo contorno
das colinas de sua tez,

para descansar em seu altar,
no privilégio do íntimo contato,
indo mais do que o olhar,
mas, experimentando, no tato,

o que é desejo de consumo
de quem vive neste mundo,
buscando finalmente saber

qual é o intrincado segredo
que faz cessar todo medo
de descobrir o seu prazer.

Salvador, 09 de novembro de 2012.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

AO NOVO SÉCULO

AO NOVO SÉCULO
Wellignton D. Cavalcanti

Que o novo século,
fina fatia do eterno
sagre o fazer com gozo
em superação ao trabalho
-essa dignidade de escravos com que se dissimula o logro

Onde sem vida o havido. onde sem tempo o operário,
que venha o homem novo, por oposto,
acompanhar dia a dia o crescimento dos filhos e das flores
tirar o pó dos livros,
arrumar a casa para quem ama,
preparar com carinho o alimento entre as jornadas,
polir sem pressa a palavra necessária,
mexer a massa com ânimo de atleta,
erguer a obra com esmero e calma,
assentar tijolos com a devoção de um asceta,
dar-se também ao luxo de entregar-se ao nada
-sem que preciso sejam férias ou licenças falsas
e, indiferente à marca do sexco com que se ferre,
jamais declinar de ser mulher
quando esta vier
num sobressalto.

Tudo fazer, alheio ao relógio,
por saber que o tempo
-do eterno, vaga imagem móvel,
se marca em círculos, por dentro,
de desejos e necessidades inumeráveis
no incontável do corpo de solvendo

: só a isso chamaria de tempo novo.