quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Aula de Economia

Veja só que matemática interessante:

Numa cidade, os habitantes, endividados, estão vivendo às custas de crédito.
Por sorte chega um gringo e entra no único hotel.
O gringo saca uma nota de R$100,00, põe no balcão e pede para ver um quarto.
Enquanto o gringo vê o quarto, o gerente do hotel sai correndo com a nota de R$100,00 e vai até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.
O açougueiro, pega a nota e vai até um criador de suínos a quem deve e paga tudo.
O criador, por sua vez, pega também a nota e corre ao veterinário para liquidar sua dívida.
O veterinário, com a nota de R$100,00 em mãos, vai até à zona pagar o que devia a uma prostituta (em tempos de crise essa classe também trabalha a crédito).
A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar onde levava seus clientes; e como ultimamente não havia pago pelas acomodações, paga a conta de R$100,00.
Nesse momento, o gringo chega novamente ao balcão, pede sua nota de R$100,00 de volta, agradece e diz não ser o que esperava e sai do hotel e da cidade.

Ninguém ganhou um vintém, porém agora todos saldaram suas dívidas e começam a ver o futuro com confiança!


Moral da história: Quando o dinheiro circula, não há crise !!!

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Escuridão

Rodolfo Pamplona Filho

Há quem
tenha medo
da escuridão!
Eu, não!
A escuridão não me assusta,
pois você é meu farol
em toda bruma
que me encontro...
pois eu te amo...

nenhuma escuridao
vai minar
o meu amor por você,
pois, mesmo nela,
eu enxergo sua alma...
nem a escuridao que,
por vezes, maltrata
e assola nossos pensamentos
vai vencer o que sinto...
pois eu te amo muito...

Nenhuma escuridão
é forte o bastante
para sufocar
o grito da alma...
o clamor do amor...
a intensidade da canção
que vem do coração....
pois eu te amo para sempre....

Salvador, 08 de janeiro de 2011.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A louca

Augusto dos Anjos








A Dias Paredes


Quando ela passa: - a veste desgrenhada,
O cabelo revolto em desalinho,
No seu olhar feroz eu adivinho
O mistério da dor que a traz penada.

Moça, tão moça e já desventurada;
Da desdita ferida pelo espinho,
Vai morta em vida assim pelo caminho,
No sudário de mágoa sepultada.

Eu sei a sua história. - Em seu passado
Houve um drama d’amor misterioso
- O segredo d’um peito torturado -

E hoje, para guardar a mágoa oculta,
Canta, soluça - coração saudoso,
Chora, gargalha, a desgraçada estulta.

domingo, 20 de dezembro de 2015

Cheiro


Rodolfo Pamplona Filho

Seu cheiro em minha roupa
é a prova mais louca
de um amor real
mas, para muitos, imoral...

Guardo seu cheiro na memória
na esperança que o inesperado
possa mudar a nossa história
e nos dar a esperada vitória

....de um amor pleno,
que, sempre a contento,
cresce e se fortalece....

...de um sentimento sincero,
que, um dia, espero,
possa ser tão público quanto seu perfume.

Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.

sábado, 19 de dezembro de 2015

As coisas, de Jorge Luis Borges



A bengala, as moedas, o chaveiro,
A dócil fechadura, as tardias
Notas que não lerão os poucos dias
Que me restam, os naipes e o tabuleiro.
Um livro e em suas páginas  a desvanecida
Violeta, monumento de uma tarde
Sem dúvida inesquecível e já esquecida,
O rubro espelho ocidental em que arde
Uma ilusória aurora. Quantas coisas,
Limas, umbrais, atlas, taças, cravos,
Nos servem como tácitos escravos,
Cegas e estranhamente sigilosas!
Durarão para além de nosso esquecimento;
Nunca saberão que  partimos em um momento.

Jorge Luis Borges  (Obras Completas Volume II-página  394)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Desmascarando o Canalha

Rodolfo Pamplona Filho
Você se diz infinito,
acreditando que
seu poder é ilimitado,
mas está errado!

Você não passa de
um acidente da natureza,
um câncer da criação,
um tumor com ilusões de grandeza...

É hora de extirpá-lo...
jogando-o no lixo, que é o seu lugar,
para que eu dance sobre seu caixão
e escarre em sua sepultura...

Apenas mais irritantes que
as trombetas da moralidade alheia
(pois a própria não vale nada...)
só os sepulcros caiados
que posam de vestais nas cerimônias,
sem pudor da sua podridão interior...

Praia do Forte, 09 de março de 2011.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

BORGES

BORGES 

                       j.l.rocha do nascimento

penetrei intricados labirintos
cruzei infinitas câmaras
e antes que minhas retinas mourejassem
fiz concessões
de que me envergonhei depois
e
não me perdi

na saída
vi um jardim de tulipas negras
um rio circular
em cujas águas purifiquei o corpo
quando emergi e me pus em terra firme
desfiz-me em grãos de areia
tornei-me infinitesimal
ainda assim
senti frio

fui varrido pelo tempo
busquei abrigo
nas  mil e uma noites
[imaginei que ali encontraria o sentido de tudo]
aqueci-me
mas aí veio a febre
numa delas
sonhei
que dormia como um justo
nos braços de Sherazade

toquei com o dedo a lâmina do espelho
vi vários de mim
multiplicados
sem fim
como naquele jogo que inventastes
sonhos tigres punhais

hoje são teus olhos
[Deus irônico!
engolidos pelo breu da noite]
guias opacos
que me arrastam
como a tua sombra
pelos corredores da biblioteca hexagonal

eu li [tu dissestes]
não há nada que é
ou que será
que [eu] já não tenha sido

agora sei do outro
[que é] o mesmo
ser Borges
duplo de si mesmo

eu sei você vai saber

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Incompatibilidade de Vidas

Rodolfo Pamplona Filho
Ele ainda quer paixão
Ela só pensa em comprar o pão
Ele quer uma nova chance
Ela nem lembra mais o lance

Ele quer sexo selvagem
Ela quer voltar da viagem
Ele busca romance no olhar
Ela só sabe reclamar

Ele quer experimentar novos sabores
Ela fotografa as mesmas flores
Ele quer dançar no meio da rua
Ela reprime quem olha para mulher nua

Ele busca nova diretriz
Ela se preocupa com o café
Ele ainda sonha em ser feliz
Ela tem certeza que é...

Ele.já desistiu de insistir
Ela ainda não percebeu
Ele já decidiu desistir
Ela pergunta se o erro foi seu?

Ele ainda a ama
E ela o ama também
mas suas vidas mudaram na cama,
na rotina e no que mais têm

e deixaram de ser casais
para virar sócios materiais,
espirituais e emocionais
de um passado que não volta mais...

Orlando, 27 de fevereiro de 2011

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

A esperança


 Augusto dos Anjos






A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.

Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?

Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!

E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Eu digo Não!

Eu digo Não!

Eu digo não a quem faz corrupção
Eu digo não a quem aumenta o feijão
Eu digo não a quem faz parte do Centrão
Eu digo não a político ladrão
Eu digo não a quem faz nada no Senado
Eu digo não a seu nobre Deputado
Eu digo não ao governador do Estado
Eu digo não a quem põe povo de lado
Eu digo não à União Ruralista
Eu digo não ao Partido Comunista
Eu digo não ao homem do decreto-lei
Eu digo não ao presidente José Sarney

Eu digo não à perda da inocência
Eu digo não a viver em violência
Eu digo não ao rombo da previdência
Eu digo não a esta falta de decência
Eu digo não a quem só sabe mandar
Eu digo não a quem vive a torturar
Eu digo não a quem mata para calar
Eu digo não à ditadura militar

(1987)
Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Rodolfo Pamplona Filho, Cedric Romano e Jorge Pigeard

quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Visão de Verão

Olga Amorim






A gata galga o muro
reclama o cão escuro.

A romã pintalga.
o calor perdura.

A romã estala.
O calor perdura.

Voeja o beija-flor.
O calor perdura.

Abelha ronda o aroma
da goiaba madura.

O calor perdura.
Bem-te-vi te-vi te-vi
na antena de televisão.


quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Soneto da Musa Passante

Soneto da Musa Passante

Rodolfo Pamplona Filho

Você é, para mim, "a mulher que passa"...
Surge em minha vida como um perfume que inebria...
Desperta meu encanto como uma palavra lapidada
Encanta o meu desejo como um sonho que se realiza...

Deixe eu amar como se fosse a primeira vez,
mesmo que isso soe como um clichê,
pois quero deixá-la plena, da alma à tez,
descobrindo o prazer em você...

A musa é muito mais que inspiração...
É, da alma, a mais pura renovação,
que impulsiona o poeta a novos desafios

A musa é conforto e calor,
paixão incandescente e amor,
que preenche o que estava vazio.

Salvador, 09 de agosto de 2011.

terça-feira, 1 de dezembro de 2015

O sítio

André Carvalheira





Em cada canto da casa,

teu cheiro felino

Em tudo reluz

Nas folhas, teus cabelos embaraçam

No vento, teu som-só sopra prazeres

N'água, teu corpo escorre segredos

Nas pedras, teus pés nus-húmidos gozam

Em cada canto de mim, teu cheiro felino

Em tudo reluz