Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
quarta-feira, 31 de agosto de 2016
Ferida Narcísica
Rodolfo Pamplona Filho
Há quem eleja seus valores
como a pedra de toque do universo,
que não consegue respeitar
quem simplesmente
tenha outro prisma para olhar...
Há quem enalteça seu conhecimento
a um patamar tão elevado,
que qualquer questionamento
é encarado como uma ofensa
a ensejar total rompimento.
Há quem admire sua beleza
com tamanha intensidade,
que a imagem que não é espelho
não pode ser objeto de contemplação,
quanto mais de deslumbramento.
Há quem idolatre suas virtudes
de uma forma tão direcionada,
que a autoestima vira vaidade,
que o saber converte-se em arrogância
e a experiência, fanatismo.
Quarta-feira, 17 de agosto de 2016, literalmente no voo para Vitoria/ES.
segunda-feira, 29 de agosto de 2016
Construção
Chico Buarque
Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego
Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho seu como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público
Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Doação do seu eu
Rodolfo Pamplona Filho
É preciso aprender
a doar não somente
o que se tem,
mas, principalmente,
o que se é...
Dar de si
sem pensar em si...
Quem não vive para servir
não serve para viver...
Quem não entrega
seu próprio eu
não sabe o motivo
pelo qual viveu...
Salvador, 16 de janeiro de 2014, pensando...
quarta-feira, 24 de agosto de 2016
A esperança
Augusto dos Anjos
A Esperança não murcha, ela não cansa,
Também como ela não sucumbe a Crença.
Vão-se sonhos nas asas da Descrença,
Voltam sonhos nas asas da Esperança.
Muita gente infeliz assim não pensa;
No entanto o mundo é uma ilusão completa,
E não é a Esperança por sentença
Este laço que ao mundo nos manieta?
Mocidade, portanto, ergue o teu grito,
Sirva-te a crença de fanal bendito,
Salve-te a glória no futuro - avança!
E eu, que vivo atrelado ao desalento,
Também espero o fim do meu tormento,
Na voz da morte a me bradar: descansa!
terça-feira, 23 de agosto de 2016
Rompendo o Silêncio
Rodolfo Pamplona Filho
E dou-lhe uma!
É preciso resistir!
E saber que,
por mais que as nuvens
cubram o horizonte,
as estrelas continuam lá!
E dou-lhe duas!
É preciso repetir!
E mostrar que
um raio pode acertar
o mesmo alvo
seguidamente!
E dou-lhe três!
É preciso insistir!
E romper qualquer barreira
que os amantes do atraso
tenham tentado impor
como uma maldição.
E dou-lhe uma...
duas... três...
E que o triunfo inspire
para que o vencedor respire
e retome o caminho de glória,
em que se construiu a sua história.
No aeroporto de Guarulhos, 14 de setembro de 2014, para K9 e Maxi.
segunda-feira, 22 de agosto de 2016
Não Pode Tirar-me as Esperanças
Luiz Vaz de Camões
Busque Amor novas artes, novo engenho,
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
para matar me, e novas esquivanças;
que não pode tirar me as esperanças,
que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
um não sei quê, que nasce não sei onde,
vem não sei como, e dói não sei porquê.
terça-feira, 2 de agosto de 2016
Saudade
Rodolfo Pamplona Filho
Parece doença...
Parece tristeza...
Parece dor no peito...
Parece desespero...
Parece depressão,
mas é só saudade...
Gramado, 18 de outubro de 2012
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