terça-feira, 31 de dezembro de 2024

Nem sempre

 





Rodolfo Pamplona Filho


Nem sempre os melhores

tomam as melhores atitudes


Nem sempre os competentes

Agem com racionalidade


Nem sempre os belos

praticam boas ações


Nem sempre a banda

toca nossas canções


Nem sempre se pode

ter tudo da vitrine


Nem sempre se explode

com quem só te oprime


Nem sempre a resposta

é o que se espera


Nem sempre que se pode

reprimir a sua fera.


Salvador, 03 de setembro de 2018.

segunda-feira, 30 de dezembro de 2024

Deusa do amor

 





Adailton Alves de Santana e Valter Farias Braga 


Tudo fica mais bonito quando você está por perto

Você me levou ao delírio por isso eu confesso

Os seus beijos são ardentes

Quando você se aproxima o meu corpo sente

Os seus beijos são ardentes

Quando você se aproxima o meu corpo sente

Vem pra cá deusa do amor

Vejam o bloco Olodum ao passar na avenida

Todos cantando felizes de bem com a vida

Caminhando lado a lado

Formamos um belo casal somos dois namorados

No suingue dessa banda

Balança o mais forte alicerce que tem neste mundo

O cupido me flechou

Foi no bloco Olodum que encontrei meu amor

Vem pra cá deusa do amor

Vem me embalar, neném

domingo, 29 de dezembro de 2024

Desilusão

 





Rodolfo Pamplona Filho


Eu já devia estar acostumado

com as pancadas da vida...

mas ainda doi.


Eu já devia estar preparado

para nunca ser satisfeito...

mas ainda sinto falta.


Eu já devia estar calejado

pela frustração de não ser feliz...

mas ainda cultivo a esperança.


A desilusão me derruba

principalmente quando acho

que tudo poderia mudar.


Salvador, 28 de fevereiro de 2018.

sábado, 28 de dezembro de 2024

Oração ao Tempo

 





Caetano Veloso


És um senhor tão bonito

Quanto a cara do meu filho

Tempo, tempo, tempo, tempo

Vou te fazer um pedido

Tempo, tempo, tempo, tempo


Compositor de destinos

Tambor de todos os ritmos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Entro num acordo contigo

Tempo, tempo, tempo, tempo


Por seres tão inventivo

E pareceres contínuo

Tempo, tempo, tempo, tempo

És um dos deuses mais lindos

Tempo, tempo, tempo, tempo


Que sejas ainda mais vivo

No som do meu estribilho

Tempo, tempo, tempo, tempo

Ouve bem o que te digo

Tempo, tempo, tempo, tempo


Peço-te o prazer legítimo

E o movimento preciso

Tempo, tempo, tempo, tempo

Quando o tempo for propício

Tempo, tempo, tempo, tempo


De modo que o meu espírito

Ganhe um brilho definido

Tempo, tempo, tempo, tempo

E eu espalhe benefícios

Tempo, tempo, tempo, tempo


O que usaremos pra isso

Fica guardado em sigilo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Apenas contigo e comigo

Tempo, tempo, tempo, tempo


E quando eu tiver saído

Para fora do teu círculo

Tempo, tempo, tempo, tempo

Não serei nem terás sido

Tempo, tempo, tempo, tempo


Ainda assim acredito

Ser possível reunirmo-nos

Tempo, tempo, tempo, tempo

Num outro nível de vínculo

Tempo, tempo, tempo, tempo


Portanto, peço-te aquilo

E te ofereço elogios

Tempo, tempo, tempo, tempo

Nas rimas do meu estilo

Tempo, tempo, tempo, tempo

sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Resumo da Vida

 





Rodolfo Pamplona Filho


Meu caminho foi repleto

de presentes nunca abertos

que só foram descobertos

no momento da separação


Minha vida é uma sequência

de perdas da inocência,

pois não há inteligência

que impeça a frustração


Minha tristeza é uma constante,

que está presente a todo instante,

não por medo do que está adiante,

mas pela opressão da solidão.


Salvador, 02 de setembro de 2018.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

O Leãozinho

 





Caetano Veloso


Gosto muito de te ver, leãozinho

Caminhando sob o sol

Gosto muito de você, leãozinho


Para desentristecer, leãozinho

O meu coração tão só

Basta eu encontrar você no caminho


Um filhote de leão, raio da manhã

Arrastando o meu olhar como um ímã

O meu coração é o sol, pai de toda cor

Quando ele lhe doura a pele ao léu


Gosto de te ver ao sol, leãozinho

De te ver entrar no mar

Tua pele, tua luz, tua juba


Gosto de ficar ao sol, leãozinho

De molhar minha juba

De estar perto de você e entrar no mar


Um filhote de leão, raio da manhã

Arrastando o meu olhar como um ímã

O meu coração é o sol, pai de toda cor

Quando ele lhe doura a pele ao léu


Gosto de te ver ao sol, leãozinho

De te ver entrar no mar

Tua pele, tua luz, tua juba


Gosto de ficar ao sol, leãozinho

De molhar minha juba

De estar perto de você e entrar no mar

quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Ninho Mofado






Rodolfo Pamplona Filho


Por mais que amemos

viver o nosso canto,

ninhos também mofam

e nunca voltam ao que eram...

Resta saber

se o costume do espaço

superará o cansaço

de nunca mais respirar livremente...


Salvador, 21 de fevereiro de 2017

terça-feira, 24 de dezembro de 2024

Trem Bala

 





Ana Vilela 


Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si

É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti

É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz

É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós


É saber se sentir infinito

Num universo tão vasto e bonito, é saber sonhar

Então fazer valer a pena

Cada verso daquele poema sobre acreditar


Não é sobre chegar

No topo do mundo e saber que venceu

É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu

É sobre ser abrigo

E também ter morada em outros corações

E assim ter amigos contigo em todas as situações


A gente não pode ter tudo

Qual seria a graça do mundo se fosse assim?

Por isso eu prefiro sorrisos

E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim


Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar

E sim sobre cada momento, sorriso a se compartilhar

Também não é sobre

Correr contra o tempo pra ter sempre mais

Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás


Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir


Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá


Segura teu filho no colo

Sorria e abraça os teus pais enquanto estão aqui

Que a vida é trem-bala parceiro

E a gente é só passageiro prestes a partir

segunda-feira, 23 de dezembro de 2024

A Alma Doente

 






Rodolfo Pamplona Filho


O corpo dói

e pede ajuda

a quem sequer sentiu

a força da dor na alma.


A cabeça lateja

e reclama

de quem não viveu

a intensidade da alma.


O espírito fraqueja

e rasteja

por não conhecer

a cura da doença da alma.



Praia do Forte, 24 de junho de 2018.

domingo, 22 de dezembro de 2024

Quem vai dizer tchau?

 





Nando Reis


Quando aconteceu? Não sei

Quando foi que eu deixei de te amar?

Quando a luz do poste não acendeu

Quando a sorte não mais soube ganhar

Não foi ontem que eu disse não

Mas quem vai dizer tchau?


Onde aconteceu? Não sei

Onde foi que eu deixei de te amar?

Dentro do quarto só estava eu

Dormindo antes de você chegar

Mas não foi ontem que eu disse não

Mas quem vai dizer tchau?


A gente não percebe o amor

Que se perde aos poucos sem virar carinho

Guardar lá dentro amor não impede

Que ele empedre mesmo crendo-se infinito

Tornar o amor real é expulsá-lo de você

Pra que ele possa ser de alguém


Somos se pudermos ser ainda

Fomos donos do que hoje não há mais

Houve o que houve é o que escondem em vão

Os pensamentos que preferem calar

Se não, irá nos ferir um não

Mas que não quer dizer tchau


A gente não percebe o amor

Que se perde aos poucos sem virar carinho

Guardar lá dentro amor não impede

Que ele empedre mesmo crendo-se infinito

Tornar o amor real é expulsá-lo de você

Pra que ele possa ser de alguém


Possa ser de alguém

Possa ser de alguém

Ser de alguém!

Oh! Não!

sábado, 21 de dezembro de 2024

Sobre Rompimentos

 





Rodolfo Pamplona Filho


É triste saber que

só se valoriza

o que se tem

na hora em que

está perdendo...

Quando esteve

sempre ali ao lado,

nunca pediu nada

(ou, se pediu,

nunca foi atendido)

e fez tudo por todos,

mas, mesmo assim,

somente foi deixado

na sua solidão.

A impressão que fica

era que o protagonismo

era apenas um disfarce

inconsciente, mas real,

para a incapacidade

de efetiva vibração.


Salvador, 25 de junho de 2018.

sexta-feira, 20 de dezembro de 2024

Pra você guardei o amor

 





Nando Reis


Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir


Pra você guardei o amor

Que sempre quis mostrar

O amor que vive em mim vem visitar

Sorrir, vem colorir solar

Vem esquentar

E permitir


Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar


Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei

Vendo em você

Explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar


Pra você guardei o amor

Que aprendi vendo os meus pais

O amor que tive e recebi

E hoje posso dar livre e feliz

Céu cheiro e ar na cor que o arco-íris

Risca ao levitar


Vou nascer de novo

Lápis, edifício, tevere, ponte

Desenhar no seu quadril

Meus lábios beijam signos feito sinos

Trilho a infância, terço o berço

Do seu lar


Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei

Vendo em você

Explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar


Pra você guardei o amor

Que nunca soube dar

O amor que tive e vi sem me deixar

Sentir sem conseguir provar

Sem entregar

E repartir


Quem acolher o que ele tem e traz

Quem entender o que ele diz

No giz do gesto o jeito pronto

Do piscar dos cílios

Que o convite do silêncio

Exibe em cada olhar


Guardei

Sem ter porquê

Nem por razão

Ou coisa outra qualquer

Além de não saber como fazer

Pra ter um jeito meu de me mostrar


Achei

Vendo em você

Explicação

Nenhuma isso requer

Se o coração bater forte e arder

No fogo o gelo vai queimar

quinta-feira, 19 de dezembro de 2024

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quero uma palavra

Quero um carinho

Quero um estímulo

Quero um beijinho

Quero um conselho

Quero uma advertência

Quero paciência

Quero sapiência

Quero um afago

Quero uma esperança

Quero nunca mais ficar sozinho...


Mas só recebo uma resposta:

Tá!


Salvador, 01 de abril de 2018.


quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Meu destino





Cora Coralina


Nas palmas de tuas mãos

leio as linhas da minha vida.

Linhas cruzadas, sinuosas,

interferindo no teu destino.

Não te procurei, não me procurastes –

íamos sozinhos por estradas diferentes.

Indiferentes, cruzamos

Passavas com o fardo da vida…

Corri ao teu encontro.

Sorri. Falamos.

Esse dia foi marcado

com a pedra branca

da cabeça de um peixe.

E, desde então, caminhamos

juntos pela vida…

terça-feira, 17 de dezembro de 2024

Suyolak





Rodolfo Pamplona Filho


Lenda cigana

Mestre Imortal

das Artes Médicas

Esperança

da cura

de todo mal.

Sonho eterno

de uma vida imortal.


Praia do Forte, 03 de junho de 2018.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Viagem Passageira

 




Gal Costa


O sonho é ter tudo resolvido

Com o passar do tempo pela vida

A casca da ferida se formando

A cicatriz na pele do futuro

A pele do futuro finalmente

Imune ao corte, à lâmina do tempo

O tempo finalmente estilhaçado

E a poeira sumindo no horizonte


O sonho é ter tudo dissolvido

O corpo, a mente, a fonte da lembrança

Enfim, ponto final na esperança

Somente as ondas soltas no oceano

Não mais o esperma e o óvulo da morte

Não mais a incerteza do binário

Um tempo liso sem o fuso horário


Não mais um sim, um não, um sul, um norte

O sonho dessa canção passageira

Mochila da viagem passageira

Passagem nessa vida passageira

Para uma vida ainda passageira

domingo, 15 de dezembro de 2024

Sobre Amar






Rodolfo Pamplona Filho


Brilhante não é a vida.

Brilhante é o amor que brilha em nós

Novidade não é o que acontece:

é o que fazemos acontecer.

Cada dia pode reservar

uma nova chance de viver

ou de amar...

E o amor pode ser

uma cadeira cativa de um estádio,

uma poltrona confortável de um teatro

ou um banco duro de um ônibus.

Tanto faz...

De qualquer forma, vale a pena vivê-lo.


Salvador, 08 de fevereiro de 2018.

sábado, 14 de dezembro de 2024

Tempo Perdido

 




Renato Russo



Todos os dias quando acordo

Não tenho mais o tempo que passou

Mas tenho muito tempo

Temos todo o tempo do mundo


Todos os dias antes de dormir

Lembro e esqueço como foi o dia

Sempre em frente

Não temos tempo a perder


Nosso suor sagrado

É bem mais belo que esse sangue amargo

E tão sério


E selvagem

Selvagem

Selvagem


Veja o sol dessa manhã tão cinza

A tempestade que chega é da cor dos teus olhos

Castanhos


Então me abraça forte

Me diz mais uma vez que já estamos

Distantes de tudo


Temos nosso próprio tempo

Temos nosso próprio tempo

Temos nosso próprio tempo


Não tenho medo do escuro

Mas deixe as luzes

Acesas agora


O que foi escondido

É o que se escondeu

E o que foi prometido

Ninguém prometeu

Nem foi tempo perdido


Somos tão jovens

Tão jovens

Tão jovens

sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Verdades

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quando estiver triste

e se sentindo só,

lembre que eu existo

só por você


Saber que você existe

é poder ter esperança

de viver um amor

e nunca mais ser triste.


Salvador, 20 de março de 2018.

terça-feira, 10 de dezembro de 2024

segunda-feira, 9 de dezembro de 2024

Amor é (quase) tudo






Rodolfo Pamplona Filho


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser impactante?

Talvez um pouco de cuidado

Talvez um carinho inesperado

Talvez uma torcida explícita

Talvez uma entrega sem retorno


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser incessante?

Talvez uma dose de mistério

Talvez um suspiro no espelho

Talvez um choro em desabafo

Talvez um frio na barriga no encontro


Amor é quase tudo,

mas o quase não é irrelevante

O que falta ao amor

para ser acachapante?

Talvez um bilhete inesperado

Talvez uma surpresa no acordar

Talvez dormir agarrado

Talvez nunca parar de sonhar


Salvador, 27 de outubro de 2018.

domingo, 8 de dezembro de 2024

Aquarela do Brasil

 





Ary Barroso


Brasil

Meu Brasil brasileiro

Meu mulato inzoneiro

Vou cantar-te nos meus versos

Ô Brasil, samba que dá

Bamboleio, que faz gingá

Ô Brasil do meu amor

Terra de Nosso Senhor

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Ô, abre a cortina do passado

Tira a Mãe Preta do serrado

Bota o Rei Congo no congado

Brasil! Brasil!

Deixa cantar de novo o trovador

À merencória luz da lua

Toda canção do meu amor

Quero ver a “Sá Dona” caminhando

Pelos salões arrastando

O seu vestido rendado

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Brasil

terra boa e gostosa

Da morena sestrosa

De olhar indiscreto

Ô Brasil, verde que dá

Para o mundo se admirá

Ô Brasil do meu amor

Terra de Nosso Senhor

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…


Ô, esse coqueiro que dá côco

Oi, onde amarro a minha rêde

Nas noites claras de luar

Brasil! Brasil!

Ah, ouve essas fontes murmurantes

Aonde eu mato a minha sede

E onde a lua vem brincá

Ah, este Brasil lindo e trigueiro

É o meu Brasil brasileiro

Terra de samba e pandeiro

Brasil! Brasil!

Prá mim… prá mim…

sábado, 7 de dezembro de 2024

Amor sem promessas

 





Rodolfo Pamplona Filho


Quando se ama,

fazem-se promessas,

como se houvesse necessidade

de verbalizar

que se pode fazer tudo

por amor


Mas prometer gera expectativas

que, quando não realizadas,

causam uma frustração,

como se o amor perdesse força

por uma promessa não cumprida.


É olhar uma parte pelo todo,

o acessório pelo principal,

o detalhe pelo conjunto,

o universo por um lugar

a vida por um dia


Amar não exige promessas

Amar exige amar

Amar sem promessas

Amar, simplesmente amar.


Salvador, 06 de julho de 2018.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Amor Feinho

 





Adélia Prado


Eu quero amor feinho.

Amor feinho não olha um pro outro.

Uma vez encontrado é igual fé,

não teologa mais.

Duro de forte o amor feinho é magro, doido por sexo

e filhos tem os quantos haja.

Tudo que não fala, faz.

Planta beijo de três cores ao redor da casa

e saudade roxa e branca,

da comum e da dobrada.

Amor feinho é bom porque não fica velho.

Cuida do essencial; o que brilha nos olhos é o que é:

eu sou homem você é mulher.

Amor feinho não tem ilusão,

o que ele tem é esperança:

eu quero um amor feinho.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

As palavras

 





Rodolfo Pamplona Filho


As palavras se gastam

com o uso

e se prostituem

com o abuso.


Brasília, 09 de outubro de 2018.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Eu

 




 Paulo Leminski



eu

quando olho nos olhos

sei quando uma pessoa

está por dentro

ou está por fora


quem está por fora

não segura

um olhar que demora


de dentro de meu centro

este poema me olha


terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Escuridão

 


 


Rodolfo Pamplona Filho



Há quem

tenha medo

da escuridão!


Eu, não!

A escuridão não me assusta,

pois você é meu farol

em toda bruma

que me encontro...

pois eu te amo...



nenhuma escuridao

vai minar

o meu amor por você,

pois, mesmo nela,

eu enxergo sua alma...

nem a escuridao que,

por vezes, maltrata

e assola nossos pensamentos

vai vencer o que sinto...

pois eu te amo muito...



Nenhuma escuridão

é forte o bastante

para sufocar

o grito da alma...

o clamor do amor...

a intensidade da canção

que vem do coração....

pois eu te amo para sempre....



Salvador, 08 de janeiro de 2011.


segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Incenso Fosse Música

 


 






Paulo Leminski




isso de querer


ser exatamente aquilo


que a gente é


ainda vai


nos levar além






(in "Distraído Venceremos" Ed. Brasiliense, 1987)


domingo, 1 de dezembro de 2024

Cheiro

 

 





Rodolfo Pamplona Filho


Seu cheiro em minha roupa

é a prova mais louca

de um amor real

mas, para muitos, imoral...



Guardo seu cheiro na memória

na esperança que o inesperado

possa mudar a nossa história

e nos dar a esperada vitória



....de um amor pleno,

que, sempre a contento,

cresce e se fortalece....



...de um sentimento sincero,

que, um dia, espero,

possa ser tão público quanto seu perfume.



Praia do Forte, 23 de janeiro de 2011.


sábado, 30 de novembro de 2024

Distâncias Mínimas

 


 






Paulo Leminski




um texto morcego


se guia por ecos


um texto texto cego


um eco anti anti anti antigo


um grito na parede rede rede


volta verde verde verde


com mim com com consigo


ouvir é ver se se se se se


 


sexta-feira, 29 de novembro de 2024

É Preciso Viver Mais Leve

 


 


 Rodolfo Pamplona Filho



Todo mundo não quer enganar, sim,

Nem todo táxi cobrará mais caro!

Há comidas que não têm gosto ruim

E, na verdade, é a maioria do prato.



E as crianças não ficarão doentes,

pelo menos não necessariamente,

se não comerem toda a comida,

ainda que não imediatamente!


Um sorriso não é uma coisa bem

tão difícil assim de esboçar,

mesmo quando não se tem

tanta prática assim a contar...



Caminhar não é idéia a desprezar,

ainda mais se desperta o apetite,

O planeta é imperfeito para morar,

mas não é assim tão triste...



Sei que parece impossível tentar,

mas consiga um dia sem reclamar

do tempo, da vida, das dores,

que só se sente porque há amores...



Pense que para não enjoar,

basta, por exemplo, variar,

pois não fazer o mesmo sempre

é o inicio de um caminho diferente.



Sei que não é assim para você...

são os outros que vêem equivocado,

mas faça um esforço para perceber

não é lógico todos estarem errados



quando simplesmente têm esperança

que você ache o prazer na dança

de curtir o prazer desta vida breve

pois é preciso viver mais leve...




Buenos Aires, 21 de junho de 2011


quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Haicai

 


 






Paulo Leminski






a estrela cadente


me caiu ainda quente


na palma da mão




cortinas de seda


o vento entra


sem pedir licença


quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Sobre Sensações de Frustração

 



Rodolfo Pamplona Filho



 É preciso valorizar

a tentativa,

pois o resultado

nem sempre depende de nós.



É preciso valorizar

a iniciativa,

pois nem todos conseguem

superar a letargia.



É preciso valorizar

o esforço,

pois o suor derramado

nunca voltará ao corpo.


É preciso valorizar

a boa vontade,

pois nem que tudo que se consegue

foi feito de coração.



É preciso valorizar

o cuidado,

pois simplesmente realizar uma tarefa

não é sinônimo de dedicação.



É preciso valorizar

o desprendimento,

pois ninguém é obrigado

a dar um pedaço de si.



Boston, 01 de julho de 2016.


terça-feira, 26 de novembro de 2024

Amor Bastante

 







 Paulo Leminski


quando eu vi você

tive uma idéia brilhante

foi como se eu olhasse

de dentro de um diamante

e meu olho ganhasse

mil faces num só instante


basta um instante

e você tem amor bastante


um bom poema


leva anos

cinco jogando bola,

mais cinco estudando sânscrito,

seis carregando pedra,

nove namorando a vizinha,

sete levando porrada,

quatro andando sozinho,

três mudando de cidade,

dez trocando de assunto,

uma eternidade, eu e você,

caminhando junto

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

Sonhos Mudam



 

Rodolfo Pamplona Filho



Sonhos Mudam

de verdade

Sonhos Mudam

com a idade

Sonhos Mudam

na realidade

Sonhos Mudam

para a eternidade 


Rhodes, 26 de setembro de 2012.


sábado, 23 de novembro de 2024

Pacificadores

 



Rodolfo Pamplona Filho


Há pacificadores

e

Há os que passam

e ficam as dores...


Salvador, 04 de novembro de 2012.


sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Tão delicada...

 


 


Mihai Eminescu



Tão delicada, és semelhante

À alva flor da cerejeira.

E como um anjo entre os mortais

Surges da minha vida à beira.


Nem bem tu tocas o tapete,

A seda soa ao teu pisar

E da cabeça até os pés

Pairas num sonho, a flutuar.


Das dobras longas do vestido,

Como do mármore, ressais,

Presa a minh’alma aos olhos teus

Cheios de lágrimas e ais.


Ó sonho meu feliz de amor,

Noiva suave, de outras lendas,

Não me sorrias! Se sorrires

Tua doçura me desvendas.


Podes, no encanto da tua noite,

Deixar-me os olhos sempre baços

E com o murmúrio de tua boca

No frio enredo dos teus braços.


Súbito, passa um pensamento

No véu do teu ardente olhar:

É a renúncia penumbrosa,

Sombra de doce suspirar.


Te vais e eu bem compreendi

Não mais deter o passo teu;

Perdida, sempre, para mim,

Noiva imortal no peito meu!


Pois ter-te visto é culpa minha,

Da qual jamais terei perdão;

Expiarei sonho de luz

A mão direita erguendo, em vão.


Ressurgirás como uma aura

Da eterna virgem, de Maria,

Em tua fronte uma coroa...

Aonde tu vais? Voltas um dia?




Tradução: Luciano Maia


quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Não ir

 




Rodolfo Pamplona Filho

 


Não ir

não é

necessariamente

perder

Não ir

pode ser

esperar

para ganhar,

refletir

para entender,

aguardar

para vencer


 


Salvador, 23 de setembro de 2020.

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

O crivo do não saber da falsa esperança

 




Vitor Henrique


A vida  criva o agrado da falsa esperança em um fardo pesado, que nem  alça de uma calça que não laça. 


A impostora, a  mentirosa,  a farsante ou hipócrita falsa esperança.  


A ânsia do ancorar no Lar que leva a um destoar. 


Um aborrecimento, uma mentira ou tirania. Eis o crivo do livro vivo que construímos em uma falsa esperança do não saber.






Que guiado e liderado  pelo o sonhar que nos criva. 


Da incógnita cotidiana  do sonhar ou não sonhar? 


Acreditar ou não acreditar, para o  medo de nós arranhar e nos ferir no ir. 




Não vamos ancorar se não sonharmos. 


Não vamos acompanhar o marchar da maré. 


Não vamos nem ao menos ter lido o livro do não saber


Mas se for um houver do muro sem lucro. 


Das  as alegrias… 


das  alegorias das falácias que não devem ser cogitadas, digitadas, lidas e escritas. 


Das idas às ideias inobsoletas das Borboletas das letras da falsa esperança.


 




Mas, se não sonhar não teremos vivido o livro.  


Do amada do nada. 


Do rechear do cheirar do lar 


Do avistar até aterrar em uma terra do além mar


Para que o amarrar do amar, se torne lar. Eis, o livro do não saber do escrito, digitado ou cogitado.




O que fizeram, o que eu fiz e para onde fui. 


É foda, a cabeça lota em quotas de devaneio. 


Sujeira que me jogaram, amarraram e me deixaram em uma mar uivante de Abrantes.  


Não se iluda com a forma lúdica da localidade airosa, porque não existe rosas sem espinhos, nem que se for no pinho do seu ninho. 


Não importa a forma, a sonata está perdida em uma ida sem partida, mas com chegada aonada mais me consola.  




As solas nem estão gastas em lascas. Mas já sei que não há nada mais. 


Porque não há? 


Porque eu já disse, me sujaram, amarraram e me jogaram no meio do nada e eu não sei nadar, nem ao menos andar no desconhecido. 


Não sei que lugar é esse, 


Não sei se tenhas o nobre e o pobre, e se eles se importam em ouvir os meus pensamentos confusos tontos pela… a maré.   


A porta parece  torta,  cheias de discursos  de nenhures. Porque, donde eu veio pelos devaneios, não conheci achar meios a abrir. 




A cabeça tida madura, já sabe que a vida  é assim, dura igual uma pedra, que  que  esmurra em uma algazarra de sentimentos. 


Uma verdadeira surra de  momentos e tormentos em só lamentos. 


Não se engane ou encane, dizem que é apenas uma pane no sistema. 


Urge então a necessidade de saber, para não beber na fonte da ignorância, porque a ânsia em uma direção de uma ação, que nasce naquela  idade.


Naquela idade, em que você não vê as coisas do jeito que antes via. 


Você de per si, sabe que  a vida é assim, no sim ou no não, sempre serei o anão da pirâmide. 




Ahhh, se eu pudesse ja ter descobre está chave mestra para concertar ou atar os nós do que já se foi. 


Aos  amigos que você tem que não ligam, 


o  sinal de pane aparece e você não amanhece 


É, no verso da canção, no abrir da chave, que a ave ligeira já sabe antes  que você, que é só ela e mais nada. 


Não existe amor no clamor da dor de um sociedade doente. 


Quem fala que sim mente, pela  simples mediocridade que transforma a terra em letra de funeral. 


Não existe compaixão, nem paixão. 


Não existe nada além dessa vida, porque na ida, você sabe que  somos meros passageiros prestes a partir. 


Desligue os castelos do tetris, que moldam quem está certo ou errado na peça de encaixe, desligue a máquina, desligue a cina.  


Porque nada importa, nem a forma, nem o como e o porque.




O Turbilhão em um bilhão de reações. 


A falta de quem  não tem alta, por um amor verdadeiro, sincero, companheiro na jornada da vida, nem que se for para uma ida sem partida.


Incógnita que Incomoda, quase coca, roça a aguça por resposta. 


O meu eu tosta, queima, chamusca a sina da mina  da ocitocina com a dopamina. 


Não hesita, nessa usina de toxina a saber. 


Mas, quem me  dera saber a resposta para essa incógnita que me habita que não hesita. 




Quem me dera  as respostas, se nem sei quais são as perguntas, que me perfazem. 


É nessa usina, que ser zem não me fazem ir além do óbvio. 


Mas que me dera saber o que meu corpo quer beber? Se é nessa usina de ocitocina com dopamina que eu vivo até ir ao além, nem se for sem ou com a resposta. 


A incógnita nitra o que sei lá eu sou, só sei que zem eu não sou, nem com serotonina eu sou. 


Sou eu, um bilhão de reações sem lições de moralidade e eticidade.  


Sou eu quem caminha nessa mina de toxina e paixão em uma mansão sem uma lição a te dar.


Nem mandar a onde andar, porem a quem lhe vem apenas excitar o meu eu até onde for, nem que se for sem alem a algo que nem existe.


Sou eu turbilhão em um bilhão de reações com ações, sem lições, mas com desejos e medos.






terça-feira, 19 de novembro de 2024

Excelência “De Boas”

 






Rodolfo Pamplona Filho 

Edson Saldanha




“Tá de boas, excelência!”

Excelente é sua postura;

sem grilos e sem problema

ajustou-se sem frescura!

Formalismos tem limites 

(com respeito, porque não?)

Faz o seu e eu faço o meu 

com presteza e educação

Neste mundo virtual, 

de permanente exposição

Excelência, use a toga,

mas mantenha o coração!

Todos juntos pelo justo, 

fazer justiça é prioritário!

Não precisa ser sisudo 

ou mais formal que o necessário:

basta ter sempre em mente

que estar “de boa”

é estar presente e contente 

com sua condição de pessoa!




Salvador, 06 de novembro de 2020

O parto da poeta





Negra Luz



Sempre olhei a poesia com encanto.

Os parnasianos e os românticos me faziam vibrar.

Achava um desafio a contagem da métrica.

Maior, ainda, articular o rimar.



Quando fazia qualquer tentativa,

Na minha mente só emergia,

A pobre rima, que “declamava” na infância,

Da batatinha, pelo chão, a se esparramar.



Até que um dia, a mística da Poesia

Abriu as portas do meu coração.

Remexeu os armários da minha emoção,

Estabeleceu uma infinita conexão,

Que me levou ao papel e à tinta na mão.



Como fugitivas, as palavras foram partindo 

De espaços até então desconhecidos 

Da minha visão.

Foi esse o momento do nascer da poeta,

Para o Mundo uma revelação.



Como bálsamo, deu-me a cura,

Como chave, fez-me ave,

Como Luz, tornou-me sol,

Como onda, lançou-me ao mar...

E, agora, vivo imersa em palavras,

Articulando versos para viver e amar.






segunda-feira, 18 de novembro de 2024

O Lado Bom das Coisas

 



Rodolfo Pamplona Filho


 Na vida, tudo tem

seu lado bom e seu lado mal

e o mais importante, afinal,

é saber com que olhar

se vai tudo enfrentar.



Eu não vou lamentar

se não nos deixam ver

o segundo tempo do jogo:

eu agradeço por ter

visto o primeiro com você...



Também não choro

por termos perdido o vôo

e chegado atrasado no show,

mas, sim, fico feliz por ter ido

e visto seu esforço incontido...



Eu não reclamo, nem no íntimo,

por você não agüentar meu ritmo,

mas, sim, acho sensacional

a sua vontade descomunal

de tentar me acompanhar...



Não se trata de acomodação,

nem de vil subserviência,

mas, na verdade, é dar razão

à mais clara consciência

de que a paz é a melhor solução.



Eu não tenho tudo

que realmente gostaria

e, nem de longe,

o que eu poderia,

mas encontro felicidade



em compartilhar, de verdade,

uma relação de parceria,

que, longe de ser fria,

é um porto tranqüilo e seguro,

onde encontro um amor puro,



pois o lado bom das coisas

é não ter qualquer medo

de, sem perder o próprio zelo,

entregar-se totalmente,

vivendo apenas o presente.




Salvador, 30 de setembro de 2011.

domingo, 17 de novembro de 2024

Meus votos com a Poesia

 




Negra Luz



Se é um dom, obrigada Deus Pai.

Se é uma técnica, serei fiel aprendiz.

Se é uma arte, um dia me tornarei um Picasso.

Se é uma válvula, é com ela que quero escapar todos os dias,

Se é cura, tomei essa terapia para mim,

Se é diversão, eu quero essa brincadeira,

Se é vício, dizem que todo mundo tem um,

Se é chamado, quero poder atende-la.

Se é amor, amo-a com paixão,

Se poesia precisa de vida, é dela o meu coração!





sábado, 16 de novembro de 2024

O que fazer com minha tristeza?

 



 Rodolfo Pamplona Filho



O que fazer com minha tristeza,

se não há opção de não vivê-la?



O que fazer com minha tristeza,

se não tenho como esquecê-la?

 


O que fazer com minha tristeza,

se não sei abandoná-la?

 


O que fazer com minha tristeza,

se não consigo superá-la?

 


Quem disse que tenho de fazer algo?

Quem disse que tenho de deixar

o que se tornou parte de mim mesmo

e é a definição do meu próprio eu?

Quem disse que tenho de desprezar

os sentimentos que me tomam

em vez de vivê-los para chegar

até o seu (ou o meu) fim?


 



Salvador, 05 de agosto de 2020. 



sexta-feira, 15 de novembro de 2024

A aura do Mundo

 






Negra Luz



Às 4:27.

Um fragmento dela,

Por um quarto da minha janela.

Era ela mostrando-se para mim.

A cor era laranja, amarelado,

Sangue azul, preto, cinza:

Tudo misturado,

Um matiz harmonizado,

Observei de norte a sul.

A visão de esperança,

Viver é constante mudança.

O amanhecer chacoalha a bandeira,

Os pássaros cantam apitando,

Galos ecoam,

Dá-se a largada:

Já é hora de acordar!

Botemos os pratos na mesa,

Tomemos o café para a coragem.

Comamos o pão da esperança.

E, com essa aura amanhecida,

Molhada por orvalhos eufóricos,

Possamos ir mais além!

Há magia nesse instante, não mágica.

Todo prédio erguido é construção.

Os muros demolidos foram ação.

A linha do tempo é infinita para passado e futuro.

E o futuro começa assim:

Na hora certa.

Na primeira visão da aura do Mundo!






quinta-feira, 14 de novembro de 2024

Vivências e Experiências

 

 



Rodolfo Pamplona Filho




Viver não deve ser

simplesmente sobreviver

Viver deve ser

um constante experimentar

em que cada dia

traga novas sensações,

em que a magia

toque os corações

e que a ousadia

rompa os grilhões

de quem tem a mente vazia

apegada aos mesmos padrões.


 


Experiências

que ocorreram e

Oportunidades

que não se realizaram

são o aprendizado

que as vivências permitem

construir um novo futuro.


 


Salvador, 21 de agosto de 2020.


quarta-feira, 13 de novembro de 2024

Eu sinto a sua dor






Negra Luz



Tô ferida,

Sangrando,

Questionando do meu corpo a culpa,

Me sentindo só,

Com medo das sombras,

Sentindo o calafrio das suas lembranças,

Revivendo os seus horrores.



Toda a minha dignidade 

Mutilada em pequenos golpes incompreendidos:

“Tira esse sorriso do olhar”

“Qual a sua senha”

Ou a um só: mortal, viceral, anal, brutal, oral, desconsensual.



Tudo sem na pele ter sentido.

Se quem sofreu foi uma mulher,

Eu, mulher, sofro com tudo isso

E é, também, minha a sua dor.



Dor por saber que temos direitos.

Dor por ser nosso o corpo 

E merecermos respeito.

Dor porque o Estado é de Direitos.

Dor porque a ele contratei,

Talião não era o jeito.



E ele se mostra falido.

Omite-se no seu papel.

Um elefante esvaindo o sentido:

Proteger-nos dessa indelével dor.