sábado, 22 de junho de 2013

Café e Cigarro - Camila Nuñez Muitas

Café e Cigarro - Camila Nuñez Muitas


Eis um trecho, um fragmento de um texto, um seixo...
De uma poetisa cheia de azuis, cheia de Muitas.
Poetisa em conto, verso e prosa - rimas, gris
Cosmopolita cidade-mulher; idílica colina menina
                                                                                 L. Calazans


 

Primeiro trecho de longas estrofes tal qual a própria autora. Repleta de jogos misteriosos e deslumbrantes.


Em pingo lágrima...
Contentar-me-ei com o que está
Com o nó, com a água, com a lágrima...
Com o gosto do escrever
Ainda que sem saber


O poder das palavras!
As coisas malditas...
Não voltam...
As coisas benditas não voltam...
As coisas vividas simplesmente não voltam...
Não voltam em atos...
Mas voltam em palavras...
Quantas vezes quiser... Em palavras...
Palavras blasfemadas, inventadas, deturpadas, modificadas, ficcionadas, recontadas por ti , por outrem, no trem....






 As palavras se espalham como um trem espalha apito e fumaça...
As vidas vividas, só revividas através de palavras, fumaças, fantasmas!

Outro dia constatei e consumei que escrevo quando estou triste
Será por isso insisto em estar triste? para extrair palavras?


 Será que vai até aí meu desejo necessidade de gozar das palavras?
O gozar lacaniano
Não necessariamente bom nem ou ruim
Mas que misteriosamente precisa existir
Gozar o triste em mim


Gozar  das palavras para imprimir o que de mim insiste em existir
Gozando, falando, falando , gozando, sangrando, existindo, exprimido, imprimindo, fantasiando....
PALAVRAS!!!!
Não existo sem palavras, não existo sem tristezas, não existo apenas em contentamentos
Meu contentamento esta em criar












Criar palavras que advém de tristeza também...
Porque relutar contra à tristeza
Porque perseguir ser saltitante inteira feliz e contente?
CHEGA....
Chega perto de mim...entra em mim, me faz me sentir inteira, saltitante, me contenta...
Chega!
Chega bem perto, bem dentro, bem fundo, dando-me à sensação de inteira...
E começa, ANUNCIA o fim...seu FIM,anuncia meu fim.....
A morte, a metade, a finitude...
Me faça em PEDAÇOS
Assim meu bem...
deixa eu me apropriar da minha dor , da minha metade, dos meus pedaços...
Deixa eu poder exprimir em PALAVRAS
fragmentadas
cada pedaço que tento juntar.



Camila Nuñez Muitas

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