terça-feira, 28 de maio de 2024

Língua portuguesa

 


 

Olavo Bilac 





Última flor do Lácio, inculta e bela,


És, a um tempo, esplendor e sepultura:


Ouro nativo, que na ganga impura


A bruta mina entre os cascalhos vela...


Amo-te assim, desconhecida e obscura.


Tuba de alto clangor, lira singela,


Que tens o trom e o silvo da procela,


E o arrolo da saudade e da ternura!


Amo o teu viço agreste e o teu aroma


De virgens selvas e de oceano largo!


Amo-te, ó rude e doloroso idioma,


Em que da voz materna ouvi: "meu filho!",


E em que Camões chorou, no exílio amargo,


O gênio sem ventura e o amor sem brilho!








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