quinta-feira, 11 de julho de 2024

A vida

 



Camilo Martins Neto





Mergulho no rio 

Correnteza à baixo

Nadando de frente

Ora de lado

Outras de costas

Enfrentando tudo

Basculhos, pedras

Cortantes folhas,

Águas turvas,

Peixes vorazes,

Cobras venenosas,

Peçonhentos tantos

A desanimar a lida.

Mas, nado, e, nada

Me impede a ida

Quero chegar ao

Outro lado da vida.

Canso, descanso

E no remanso fico

A boiar na água

Mansa do meu rio.

Rio que vai e nunca

Mais volta, tal como

Eu que nado, nado...

E vou, pra nunca

Mais voltar à mesma

Água que se foi.

É assim, braços

Cansados, pernas

Cansadas, corpo

Cansado, o tempo

Que também se foi...

Estou quase chegando

Ao outro lado do rio

Nado e nada me

Impede de pisar

Em solo firme

E vem lembranças

Da travessia 

Quanta luta e o

Suor se misturando

Com a água do rio,

As lágrimas a

Aumentarem-lhe

O volume e juntar-se

À água salgada

Do velho mar.

Falta pouco e

Nesse pouco

Vejo o quanto

Foi importante

Nadar e não

Deixar que nada

Impedissem as

Sagradas braçadas

Que além das

Forças, minhas e

Do rio, foram

Vencendo cada

Obstáculo quase

Intransponíveis

Da travessia do rio.

E continuo nadando

E dando tudo de

Mim para vencer

A correnteza final

E chegar e sorrir

E chorar de alegria

E descansar afinal

Merecidamente

Eternamente, pois

Assim é a vida.

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