segunda-feira, 8 de julho de 2024

Mágoas







Rodolfo Pamplona Filho


Há quem prefira

vender uma amizade

por um cachê artístico;

desprezar um amor puro

por ouvir a opinião de uma prima;

desprestigiar o trabalho alheio

para tentar se auto-afirmar;

esquecer uma fraternidade solidária

para soar de vítima da situação;

humilhar com ar de superioridade

a efetivamente investigar o ocorrido;

tripudiar a imagem de colegas

para posar de voz da maioria;

blefar descaradamente e sem pudor

do que aceitar ajuda desinteressada;

ignorar a presença e o cumprimento

em vez de tentar um diálogo honesto;

fazer troça da desgraça alheia

para se sentir aceito no grupo;

perseguir incansavelmente

por não tolerar o diferente;

jogar fora a chance de fazer o Bem,

para se deleitar com seu veneno...


Isso só gera mágoa,

que vira raiva,

até se converter,

se houver o remédio

do esquecimento,

em profunda indiferença,

mesmo sendo cicatriz,

que não se apaga,

para ensinar

em quem vale confiar...


Pamplona, 03 de outubro de 2012, pensando sobre o passado...

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