quarta-feira, 29 de julho de 2015

A Borboleta azul



Havia um viúvo que morava com suas duas filhas curiosas e inteligentes.

As meninas sempre faziam muitas perguntas.

Algumas ele sabia responder, outras não.

Como pretendia oferecer a elas a melhor educação,

mandou as meninas passarem férias com um sábio

que morava no alto de uma colina.

O sábio sempre respondia todas as perguntas sem hesitar.

Impacientes com o sábio, as meninas resolveram inventar uma pergunta

que ele não saberia responder.

Então, uma delas apareceu com uma borboleta azul

que usaria pra pegar uma peça no sábio.





- O que você vai fazer? - perguntou a irmã

- Vou esconder a borboleta em minhas mãos e perguntar.

se ela está viva ou morta.

Se ele disser que está morta, vou abrir minhas mãos e deixá-la voar.

Se ele disser que ela está viva, vou apertá-la e esmagá-la.

E assim qualquer resposta que o sábio nos der está errada!

As duas meninas foram, então, ao encontro do sábio, que estava meditando.

- Tenho aqui uma borboleta azul.
Diga-me sábio, ela está viva-
ou morta?

Calmamente o sábio sorriu e respondeu:

- Depende de você. Ela está em suas mãos.

Assim é a nossa vida, o nosso presente e o nosso futuro.

Não devemos culpar ninguém quando algo dá errado.

Somos nós os responsáveis por aquilo que conquistamos (ou não).

Nossa vida está em nossas mãos, assim como a borboleta azul.

Cabe a nós escolher o que fazer...

terça-feira, 28 de julho de 2015

Saudade absurda






Rodolfo Pamplona Filho

Toda saudade dói...
Mas dói mais quando é na gente...
Toda falta machuca...
Mas só conosco entorpece...
Não há vazio maior
do que a ausência
de quem nunca devia
ter saído do lado
do corpo e da alma,
em que fica toda a calma
e a paz do seu abraço...
Daí, essa saudade absurda...
Essa carência de você...
que só tem um único remédio
para trazer um refrigério:
seu beijo...

Salvador, 23 de janeiro de 2014

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Ecos do pensar sobre o pensar





Fausto Couto Sobrinho

A criança chora na casa ao lado,
E lembra-me a dor que não chorei;
O abandono e a procura...
E o desencontro...


Lembre-se! Atenção!
dizia o pássaro falante de Huxley...




Na noite escura e chuvosa,
Fantasmas ambíguos escorrem
Pelos vidros das janelas;
Gotejando, viscosos, insones...


Ecos do pensar sobre o pensar:

O útero é morno e macio
Põe a mão aqui... é quentinho!
Como fugir ao langor? ...
A garganta fecha, o ar escasseia...


Lembre-se! Atenção!
alertam os meus sentidos.


É preciso estar acordado.
A vida se esgueira pela janela dos olhos,

Como sombra rápida e fugidia.
Menino! O que você está fazendo?!


A Escuridão se fecha à minha volta,
Ameaçadora e atrevida.


Ah! Mas, pressinto um brilho...
Coisinha pouca, mas um brilho...


Magia, magia, magia,
Sussurram dentes pontiagudos,
MAGIA, MAGIA, MAGIA,
Farfalham asas ao vento!


Agosto de 2002.

domingo, 26 de julho de 2015

Vida






Rodolfo Pamplona Filho

O passado é verdade concretizada.
O presente se acompanha.
O futuro se constrói...

Salvador, 23 de março de 2014

sábado, 25 de julho de 2015

Casa Arrumada



Carlos Drummond de Andrade



A vida é muito mais do que isso...
"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida
está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência
egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos
também a felicidade."



Casa arrumada  é assim:

Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Tensão


Rodolfo Pamplona Filho

Tensão no ar
O mundo parece que dará 
choque em quem passar 
O calor aumenta a pressão 
ao tempo em que entorpece
o corpo com o suor
e a lágrima que desce...



Tensão no ar
As palavras somem 
O choro surge forte,
mas a sensação de injustiça 
faz travar a garganta...
E nada adianta...
talvez só o tempo
que demora de correr...
E, se, por acaso, sobreviver,
não saber mais o que fazer...

Tensão no ar
Só resta esperar...
o próximo passo a dar...
a nova golfada de ar...
o movimento inevitável 
para quem tem receio 
do que está por vir,
mas sabe apenas que 
não há mais como suportar
o que ainda se tem 
ou teve de enfrentar...
Tensão no ar

Salvador, 30 de dezembro de 2013, tomando uma decisão difícil... e dolorosa...