Fausto Couto Sobrinho
A criança chora na casa ao lado,
E lembra-me a dor que não chorei;
O abandono e a procura...
E o desencontro...
Lembre-se! Atenção!
dizia o pássaro falante de Huxley...
Na noite escura e chuvosa,
Fantasmas ambíguos escorrem
Pelos vidros das janelas;
Gotejando, viscosos, insones...
Ecos do pensar sobre o pensar:
O útero é morno e macio
Põe a mão aqui... é quentinho!
Como fugir ao langor? ...
A garganta fecha, o ar escasseia...
Lembre-se! Atenção!
alertam os meus sentidos.
É preciso estar acordado.
A vida se esgueira pela janela dos olhos,
Como sombra rápida e fugidia.
Menino! O que você está fazendo?!
A Escuridão se fecha à minha volta,
Ameaçadora e atrevida.
Ah! Mas, pressinto um brilho...
Coisinha pouca, mas um brilho...
Magia, magia, magia,
Sussurram dentes pontiagudos,
MAGIA, MAGIA, MAGIA,
Farfalham asas ao vento!
Agosto de 2002.
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