domingo, 31 de janeiro de 2016

Entre Amantes


Rodolfo Pamplona Filho



O que é ser
o outro
na vida de alguém?
É aprender
a se sentir solto
e viver além.

Definitivamente,
é se ver
mais como gente
que tem de aprender
a ficar contente
em receber

não aceitação,
mas muito carinho,
tolerância e compreensão;
não fidelidade,
mas muitos beijinhos,
respeito e verdade;

e - claro! - amor de sobra
dos dois lados da moeda,
devolvendo, com dobra,
tudo que se entrega,
sabendo que o futuro é agora
e que todo tempo é só um instante,
quando toda espera é demora
para ser, da vida, um amante.

Aracaju, 09 de dezembro de 2011.


sábado, 30 de janeiro de 2016

Incelença pra terra que o Sol matou


Elomar Figueira Melo


Levanto meus olhos
Pela terra seca
Só vejo a tristeza
Qui disolação
E uma ossada branca
Fulorano o chão

E o passu-Rei, rei do manja
Deu bença à Morte pra avisa
Prus urubu de otros lugá
Qui vince logo pra janta
Do Rei do Fogo e do lũá

Do lũá sizudo
Do Ri Gavião
Mais o sol malvado
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô

É qui tão as era
Já muito alcançada
A palavra vea
Reza qui havéra
De chegá um tempo
Só de perdedera

Qui só havéra de iscapá
Burro criolo e criação
Qui pra cumê levanta as mão
E qui um irmão pra otro irmão
Saudava c'essa pregação

Lembra qui a morte
Te ispera meu irmão
E o sol da má sorte
Rei da tribusana
Popô sussarana
Carcará ladrão
Isso o sol popô

Mais num há de sê nada
Na função das besta
Purriba da festa
Pirigrina a fé
Sei que ainda resta
Cururu-têtê

Na minha casa hai um silenço
A tuia pura e o surrão penso
O meu cachorro amigo menso
Deitô no chão ficô in silenço
E nunca mais se alevanto

Inté os olhos d'água
Chorô qui seco
E o sol dessas mágua
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô

No Ri Gavião
Tudo o sol quemô
Toda a criação...


sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Soneto para Catarina


Rodolfo Pamplona Filho


O mundo ganhou nova cor
e se tornou pleno de carinho,
quando o fruto do amor
chegou devagarzinho...

Bem-vinda à vida,
pequena Catarina!
Que seu olhar tranquilo
seja o mais doce abrigo

para acalmar o coração
de quem ama sem juízo
e se entrega em paixão...

Que todo dia seja especial,
como o seu lindo sorriso,
que nos traz paz, afinal.

No vôo de Salvador
para Imperatriz-MA (via Brasília),
09 de novembro de 2011.


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

MATANDO CARPINEJAR


Por Fabrício Carpinejar.



Não admitimos o ódio quando amamos. Somente admitimos quando separamos. Por isso que é incompreensível a mudança radical de opinião da ex. De um dia para outro.

Ela não mudou, escondeu. Não foi coroada por uma epifania, muito menos decidiu ouvir suas amigas.

O ódio já existia durante o relacionamento, fazia suas economias, seus investimentos, separava frases, ofensas e diálogos para fundamentar a distância. Ela é que não confessou por medo de ser inconveniente ou para se preservar e não ser taxada de neurótica.

Se não agimos com naturalidade com os nossos pensamentos, como seremos espontâneos?

Ao não estragar o momento, estragamos - num único rasgo - a vida inteira a dois. O que deixamos de contar nos enfraquece e será cobrado igual, com a mesma severidade se fosse usada a franqueza.

Censurar o ódio é anular parte do amor e de sua revanche. Quem nunca diz que odeia reprime a própria cura. Adoece o quarto e contaminas as roupas.

Partilhar a raiva é a maior demonstração de ternura que conheço. É permitir que o par cuide e conheça nossa vulnerabilidade. Só o maniqueísmo não sente vergonha. Só a perfeição não pode se apaixonar.

Eu tenho ganas de destruir minha namorada, raivas de aniquilar, vontade de abrir suas córneas e beber seu passado. Não é sentimento vão e passageiro, desejo que desapareça de minha frente para chamá-la em seguida com todo o desespero. Para perdoá-la, eu me perdôo primeiro. Aceito minhas maldades imaginárias.

Amor pleno é quando o ódio termina também sendo correspondido.

Cínthya Verri criou o blog Matando Carpinejar. Ela me destroça nos desenhos para me preservar a seu lado. Há um mês, carrega um caderninho para retratar violências e apressar o inferno.

Curioso que me assassina e sofre junto, tem um pesar autêntico no meio dos traços. Conversa com a ilustração:

- Coitadinho! Que pena isso estar acontecendo.

Demonstra que seu ciúme não é burro, é bem inteligente.

Não é fácil. Confesso que fico cansado de tanta ressurreição


quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pawla Kuczynskiego






Muito interessante! É o uso da arte como uma forma de admoestar nossa sociedade para a triste desigualdade social...

Pawla Kuczynskiego

UMA NOVA CARICATURISTA POLACA
Algumas ilustrações são muito fortes e nos fazem refletir sobre lo que está acontecendo ao nosso redor.
Seu nome é Pawla Kuczynskiego.
Nascida em 1976 em Szczecin, graduou-se na Academia de Belas Artes en Poznan,  especializando-se em os gráficos.
Desde 2004 produce ilustraciones satíricas y até agora recebeu 92 premios.
Em 2005 recebou o Premio de la Associação de Caricaturistas Polaco "Eryk".
Esta caricaturista recentemente descoberta tem também um recorde de premios em competições internacionais.
























 


terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Corpo e Coração


Rodolfo Pamplona Filho



Eu nao rifo meu coração.
Dele, não faço leilão.
Meu coração não se rifa,
porque ele não é meu!
De quem mais ele seria,
se não seu?

Meu coração é
muito mais importante
que meu corpo,
que é apenas uma parte,
nem de longe a mais relevante
e que não se confunde com o todo.

O meu corpo não é rifado,
mas, sim, disponibilizado,
em um comodato necessário
exercendo quase uma função social,
ao satisfazer um instinto animal
e também de curiosidade cientifica.

E assim vou vivendo
e também aprendendo
a saber separar
o aproveitar e o amar,
o simples dar e o  entregar,
o curtir e o se permitir,
o prazer e o viver...

Salvador, 12 de dezembro de 2011.


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Acredite!


Acredite nas pessoas, vale à pena!
Deixe seu coração aberto às boas energias.
Grite para o mundo ouvir a sua voz,
aconselhe um amigo,
ouça conselhos bons.
Dê amor,
e saiba receber também,
vale a conquista de um amigo.
Sorria...
Contagie-se com a alegria dos outros, e deixe a sua alegria transbordar...
Dê bom dia, boa tarde e boa noite,
ofereça seu ombro, sem perguntar o que o aflige.
Avance o sinal, mas seja cauteloso,
saberá o momento exato de parar.
Decore sua vida,
com alegria, paixões e vidas.
Abrace o mundo,
se deixe abraçar,
e tenha certeza que a felicidade está nos momentos que nós mesmos proporcionamos viver e acreditar....

Por Silvana Palma


domingo, 24 de janeiro de 2016

Espírito Livre



Rodolfo Pamplona Filho


Depois de muito tempo,
descobri o gosto da liberdade,
mesmo já tendo passado da idade
em que isso normalmente é vivido.

Aprendi que, em essência,
sou um espirito livre,
que só tem, de próprio,
o seu livre-pensar

Não tente me aprisionar,
nem em um laço amarrar,
pois isso somente me fará
sentir tristeza e chorar...

O amor vai me resgatar
da viagem que me propus
de nunca desistir
de viver e de ser feliz

Se você ama alguém,
deixe-o livre para ser quem é...
Se ele ficar, é porque quer;
se for embora, é porque nunca quis

Se amar é a liberdade
para se aprisionar a ninguém,
eu quero aprender, de verdade,
se, na realidade,
é possível amar
sem se tornar de alguém...

Por que é preciso ter alguém
para chamar de seu?
Por que se tem de ser
de alguém para ser feliz?

Será que se tem de ser
possuído ou possuir
para se sentir
verdadeiramente amado?

Eu não posso ser eu
e somente meu
deve ser o desejo
de viver com e para,
mas não só para isso...

Eu sou uma alma livre...
Livre como toda alma deve ser
para nunca se arrepender
de ter buscado viver
cada momento de prazer
que se renova a cada amanhecer.

Eu sou uma alma livre...

Salvador, 12 de dezembro de 2011.


sábado, 23 de janeiro de 2016

Oração ao meu espaço


Me serve meu espaço
Em você encaixo
Caixas, calças, calçados,
Peças, louças, achados,
Tudo que posso guardar
Cada um no seu lugar
Sempre assim.
Espaço,
Te peço, a eles acolhe
Sabe que é a vida
Estendida em mobília
Espaço, acolhe enfim
O que ao fim
Será de partilha
E não servirá mais a mim.

SILVIA PIRES
http://silviapires-vidaemletras.blogspot.com/


sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Quinze (soneto)


Rodolfo Pamplona Filho

Debutar é a simbologia
de um rito de passagem,
em que uma vida, outrora vazia,
ganha nova mensagem

de uma linda esperança
de que a vida pode ser diferente
com a inocência de criança
e o desejo adolescente

Quinze vezes
Quinze anos
Quinze planos

Contam-se os meses
Trocam-se os panos
Descobre-se o que é ser sano.

Salvador, 14 de dezembro de 2011.


quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

VIVENDO




Antes da noite, há o dia.
Antes do calor do verão, belas flores na primavera.
Antes da chegada, a caminhada.
Antes do sim, pode haver um não. Ou quem sabe vários.
Antes da conquista, deve haver luta.
Antes do sucesso, muito trabalho.
Antes de qualquer coisa, é muito bom que haja vida.
Há sempre algum antecedente!
E, assim, nós vivemos. Por etapas.
Feliz daquele que sabe viver o momento.
Que, com calma, mantém-se sempre buscando.
Quando se quer muito algo que está adiante, prossegue-se.
Quando não, para-se no caminho.
Mas, em meio a tudo isso, a vida continua!
O importante é sempre se manter em movimento. Seguindo!
Ainda que a rota seja desviada, siga.
Ainda que você encontre uma “pedra no caminho”, siga.
Algo pode estar lhe esperando lá na frente.
Nunca fique parado, aguardando sei lá o quê.
Na dúvida de qual o caminho seguir, ouça o seu coração. Ele pode ter razão!

Maceió, 12 de dezembro de 2011
Rafaela de Freitas Santos


quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Soneto da Confiança no Além (ou da Solidariedade na Necessidade)

Rodolfo Pamplona Filho


Não há nada gentil
em ser chamado de gentio...
Não há geografia
para quem tem ousadia

de ser sustentado
por quem nada tem,
totalmente confiado
em quem está no além.

Pedir com base (ou sem),
não com o que os olhos veêm,
mas com o que o coração sente

fará encontrar a generosidade
que suprirá toda necessidade,
trazendo a paz que nunca mente.

Salvador, 08 de janeiro de 2012.


terça-feira, 19 de janeiro de 2016

O Cantar do Galo




"Porquanto qualquer que a si mesmo se exaltar será humilhado, e aquele que a si mesmo se humilhar será exaltado." Lucas 14.11

Era uma vez um galo que acordava bem cedo todas as manhãs e dizia para a bicharada do galinheiro:

Vou cantar para fazer o sol nascer…

Ato contínuo subia até o alto do telhado, estufava o peito, olhava para o nascente e cantava seu belo canto!

E ficava esperando.

Dali a pouco a bola vermelha começava a aparecer, até que se mostrava toda, acima das montanhas, iluminando tudo.

O galo se voltava, orgulhoso, para os bichos e dizia:

Eu não falei?

E todos ficavam boquiabertos e respeitosos ante o poder tão extraordinário conferido ao galo: cantar para fazer o sol nascer.

Ninguém duvidava. Tinha sido sempre assim.

Havia grande ansiedade entre os moradores do galinheiro.

E se o galo ficasse rouco?
E se esquecesse da partitura?
Quem cantaria para fazer o sol nascer?
O dia não amanheceria?
E por causa disso cuidavam do galo com o maior cuidado.
Ele, sabendo disso, sempre ameaçava a bicharada, para ser mais bem tratado.

Olha que eu enrouqueço! – dizia.

E todos se punham a correr, para satisfazer as suas vontades.

O galo, por sua vez, tinha enormes oscilações emocionais.
Pela manhã, depois de o sol nascer, sentia-se como um deus, onipotente e admirado e não era para menos.
Mas à noite vinham a depressão e a ansiedade.

Não posso perder a hora, dizia. Se eu não cantar, o sol não vai nascer. E não conseguia dormir um sono tranquilo.

Isto, na verdade, acontece com todas as pessoas que se acham poderosas assim. Paira sempre sobre elas a ameaça de fim do mundo.

Aconteceu, como era inevitável, que certa madrugada o galo perdeu a hora.
Não cantou para fazer o sol nascer.
E o sol nasceu sem o seu canto.
O galo acordou com o rebuliço no galinheiro.
Todos falavam ao mesmo tempo.

O sol nasceu sem o galo… O sol nasceu sem o galo…

O pobre do galo não podia acreditar naquilo que seus olhos viam: a enorme bola vermelha, lá no alto da montanha. Como era possível?
Teve um ataque de depressão ao descobrir que o seu canto não era tão poderoso como sempre pensara.
E a vergonha era muita.

Os bichos, por seu lado, ficaram felicíssimos.
Descobriram que não precisavam do galo para que o sol nascesse.
O sol nascia de qualquer forma, com o galo ou sem o galo.

Passou-se muito tempo sem que se ouvisse o cantar do galo, pois estava deprimido e humilhado.
O que era uma pena: porque é tão bonito.
Canto de galo e sol nascente combinam tanto.
Parece que nasceram um para o outro.

Até que, numa bela manhã, o galinheiro foi despertado de novo com o canto do galo.
Lá estava ele, como sempre, no alto do telhado, peito estufado.

Está cantando para fazer o sol nascer? – perguntou o peru em meio a uma gargalhada.

Não, – respondeu o galo. Antes, quando eu cantava para fazer o sol  nascer, eu era doido varrido. Mas agora eu canto porque o sol vai nascer. O canto é o mesmo. E eu virei poeta…

Adaptação da fábula contada por Rubem Alves

Colaboração de Um Amigo de Deus Marco Antonio


segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Soneto das Cores


Rodolfo Pamplona Filho



Ó, Deus, não me tire a luz
que me permite e seduz
ver a explosão de cores
ou um caledoscópio de amores!

Os raios que invadem a retina
permitem vislumbrar a sina
de quem não tem a felicidade
de conhecer a diversidade,

pois dominar a paleta do amor
é ser Senhor da mais bela arte
que transforma toda parte,

convertendo o cinza em cor,
para, no mundo, ser franco
e nunca mais ver em preto e branco.

Salvador, 07 de janeiro de 2012.

domingo, 17 de janeiro de 2016

O que eu adoro em ti



Não é a tua beleza
A beleza é em nós que existe
A beleza é um conceito
E a beleza é triste
Não é triste em si
Mas pelo que há nela
De fragilidade e incerteza

O que eu adoro em ti
Não é a tua inteligência
Não é o teu espírito sutil
Tão ágil e tão luminoso
Ave solta no céu matinal da montanha
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti
Não é a tua graça musical
Sucessiva e renovada a cada momento
Graça aérea como teu próprio momento
Graça que perturba e que satisfaz

O que eu adoro em ti
Não é a mãe que já perdi
E nem meu pai

O que eu adoro em tua natureza
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.

O que adoro em ti lastima-me e consola-me:
O que eu adoro em ti é a vida!

Manuel Bandeira


sábado, 16 de janeiro de 2016

Mulher Ideal


Rodolfo Pamplona Filho




O que é uma mulher ideal?
Definitivamente, não é
alguém que não envelhece,
mas, sim, alguém para quem
o tempo não afeta o humor...
Não é alguém sem defeitos,
mas que aprende a sublimá-los
ou que acostumamos com eles...
E, ainda que brigue de vez em quando,
faça as pazes de forma tão gostosa,
que apague qualquer ressentimento...
Não precisa concordar com tudo,
mas tenha uma sintonia tal,
que saiba seu pensamento
antes de verbalizá-lo...
Esta é a minha mulher ideal!

Atenas, 29 de setembro de 2012.


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Lembranças de um dia




por Antônio De Albuquerque Paixão, segunda, 12 de setembro de 2011 às 18:50


Hoje meu despertar foi de lembranças,
de um dia remoto anterior ao de hoje,
num tempo em que era jovem,
e livre para brincar com o tempo.

Quando a noite nunca vinha,
o sorriso não cedia,
a energia brotava,
dos poros, do cabelo,
da doce sujeira dos pés,
da alegria infinita,
e o sofrer era efêmero,
as calças eram curtas,
as preocupações tolas,
os desejos singelos,
os amigos, os melhores,
os amores, mais puros.

Porque não brincamos hoje?
daquele mesmo jeito de antanho?
porque eu não alcanço mais o sol?
Porque não posso soprar os anos para longe?
Bem longe?
E ser de novo,
um projeto inacabado,
uma energia potencial e cinética,
fundidas em essência infante,
que olhava para os dias vindouros,
e sonhava,
e os ansiava.

Eu olho para aqueles dias,
que o tempo levou,
e imagino como seria,
voltar,
conversar com aquele menino,
dizer que a culpa não foi dele,
só minha,
pois é,
toda saudade é um espécie de velhice



quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Amor em NY



Rodolfo Pamplona Filho


Amar é acordar de maduro
e não poder fazer nada puro
para não acordar as crianças,
nem mesmo alimentar esperanças...
É mudar de plano
com o carro andando...
É morrer de frio,
com o estômago vazio...
É se entregar inteiro.
sem poder ir ao banheiro...
É tolerar, suportar,
ir sempre em frente...
É aprender a ser resiliente...
É dar risada
da enrolação...
É não achar nada
por faltar a comemoração...
É não se estressar
com problemas imaginários
e saber enfrentar
os dilemas reais e diários...
É sentir que algo ainda pode fluir,
e, com todo o fervor,
nunca efetivamente desistir...
sempre por causa do amor...

New York, 03 de janeiro de 2012.


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

TÃO BOM VOCÊ...


Sol, chuva,
Praia, cobertor
Tão bom estar com você
Meu verdadeiro amor

É tão bom te ver
Esperando um beijo meu
Mas se te miro num olhar
Você já me decifrou

Como num leve suspirar
Sabe de tudo sobre mim
Desde a noite ao acordar
Conhece os meus sonhos,
Meus desejos, tudo enfim

Se procuro um caminho,
Sabe onde me levar
Se preciso de um carinho
Nem pensa em me abandonar
Mas se desejo estar em paz
Basta me beeeijar

Me apresenta ao seu poder
Já é seu meu coração
Alimenta o meu querer
Faz eterna essa paixão
Vem e me mostra
Como é tão bom você...


Andréa Brito, 28 de abril de 2008.


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Freio de Mão Puxado


Rodolfo Pamplona Filho


Quero ir além,
mas algo me segura.
Penso em ser alguém,
mas me diz que é frescura.

Piso no acelerador,
mas nada responde.
Procuro calor,
mas não sei onde.

Não saber aproveitar
o que a vida tem para dar
traz um estanho exclamar
de que não adianta comprar

vinhos maravilhosos
que não vão ser bebidos
ou ter sonhos eróticos
que nunca serão vividos...

Falta de ânimo, de paixão,
de graça, de tesão,
de prazer em sua lida
de verdadeiro pulso de vida.

Tudo isso vem à baila
quando se descobre, à navalha.
a sensação de viver amarrado
com o freio de mão puxado.

New York, 01 de janeiro de 2012.


segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Frase de 1920




Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrario, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de erro, que sua sociedade está condenada.

Filósofa russo-americana, Ayn Rana.

( judia fugitiva da revolução russa, que chegou aos Estados Unidos na metade da década de 1920)

domingo, 10 de janeiro de 2016

Esse muso, o dedinho



Rodolfo Pamplona Filho


Num saco de boxe pesado,
o papito, coitadinho,
deu um murro atravessado
e fraturou o dedinho

Morrendo de dor, o danado
foi correndo ao medicozinho
que não se fez de rogado
e tirou um retratinho

Vendo a fratura escondida,
sorrateira e bem malvada,
imobilizou sob medida
e solucionou a charada:

Para ficar bom, sem chorada,
e ganhar essa parada,
só consulta especializada
e uns beijinhos da filharada...

New York, 28 de dezembro de 2011.


segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

A Perda da Inocência 3

A Perda da Inocência 3

Rodolfo Pamplona Filho

Procuro pelos heróis
que povoaram minha infância 
e que velavam por nós
nas nossas lembranças...
Mas como considerar relevante 
alguém com roupa colante,
quando se tem de passar 
por um detector de metais,
para ir à escola, viajar 
ou apenas se sentir em paz?
Como encontrar inspiração 
quando os visionários reais
tiveram como retribuição 
balas, um enterro e nada mais?
Será que tenho abrir mão 
dos sonhos da imaginação,
pagando o alto preço 
de ter de usar o pretexto
de que buscar a segurança 
é perder a esperança 
de que um Deus irá me proteger
para simplesmente compreender
que não há mais nada a fazer,
senão cada dia viver,
cuidando apenas de mim,
até o inevitável fim...

Campinas, 15 de novembro de 2015, no voo de volta a Salvador, meio desiludido com o mundo e a vida...