sábado, 14 de janeiro de 2017

A chuva.



Moisés Dantas  

Anunciou-se em barulho vindo de longe
Rufando telhados trazidos a mim
Caminhou com pés rápidos em visão turva
Até se fez chuva a tudo cobrir

Correu pra molhar cruzando vetores
Brincou de ser mar com ondas de vento
Calou com sua música milhões de motores
Em câmera lenta, ao chão sedento

Aplaudiu o espetáculo que ali se via
Com milhares de mãos invisíveis no ar
Guarda-chuvas se abriram pra não lhe conter
No seu vício incessante de se derramar

Voava lânguida e só a nuvem triste
No fim de uma manhã cinza e crua
A terra molhada ergueu o seu cheiro
Como uma linda mulher que corre na rua.

13-01-03

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