Zéu Palmeira
Já não escuto a tua voz
Hiatos, silêncios e nós
O vazio do espaço distante
ocupa a minh’alma no instante
Finjo tê-la inteira ao meu lado
Sinto-me como um amante alado
A sobrevoar o Éden de ilusões
E a olvidar um oceano de emoções
Exalo o teu cheiro em meu jardim
Cheiro doce e intenso de jasmim
A incendiar o meu desalento
E a embriagar-me o sentimento
Pulsam-me as marcas da história
Te devasso nos escombros da memória
Encontro-te nas veredas do passado
Versado, cantado e valsado
E vem o sono, o sonho e o abraço
Tua mão aplaca o meu cansaço
Tua voz embala o meu sonhar
Tudo acaba quando o dia despertar
E ao amanhecer me vejo novamente
O diurnal pássaro do sono abstinente
Inquieto para abraçar a noite com ardor
E sonhar para manter a chama desse amor.
Lindo texto.
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