segunda-feira, 27 de março de 2017

PÁSSARO ABSTINENTE


                                   Zéu Palmeira
Já não escuto a tua voz
Hiatos, silêncios e nós 
O vazio do espaço distante
ocupa a minh’alma no instante

Finjo tê-la inteira ao meu lado
Sinto-me como um amante alado
A sobrevoar o Éden de ilusões
E a olvidar um oceano de emoções

Exalo o teu cheiro em meu jardim
Cheiro doce e intenso de jasmim
A incendiar o meu desalento
E a embriagar-me o sentimento

Pulsam-me as marcas da história
Te devasso nos escombros da memória
Encontro-te  nas veredas do passado
Versado, cantado e valsado 

E vem o sono, o sonho e o abraço
Tua mão aplaca o meu cansaço
Tua voz embala o meu sonhar
Tudo acaba quando o dia despertar

E ao amanhecer me vejo novamente
O diurnal pássaro do sono abstinente
Inquieto para abraçar a noite com ardor
E sonhar para manter a chama desse amor. 

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