Camilo Martins Neto
Mergulho no rio
Correnteza à baixo
Nadando de frente
Ora de lado
Outras de costas
Enfrentando tudo
Basculhos, pedras
Cortantes folhas,
Águas turvas,
Peixes vorazes,
Cobras venenosas,
Peçonhentos tantos
A desanimar a lida.
Mas, nado, e, nada
Me impede a ida
Quero chegar ao
Outro lado da vida.
Canso, descanso
E no remanso fico
A boiar na água
Mansa do meu rio.
Rio que vai e nunca
Mais volta, tal como
Eu que nado, nado...
E vou, pra nunca
Mais voltar à mesma
Água que se foi.
É assim, braços
Cansados, pernas
Cansadas, corpo
Cansado, o tempo
Que também se foi...
Estou quase chegando
Ao outro lado do rio
Nado e nada me
Impede de pisar
Em solo firme
E vem lembranças
Da travessia
Quanta luta e o
Suor se misturando
Com a água do rio,
As lágrimas a
Aumentarem-lhe
O volume e juntar-se
À água salgada
Do velho mar.
Falta pouco e
Nesse pouco
Vejo o quanto
Foi importante
Nadar e não
Deixar que nada
Impedissem as
Sagradas braçadas
Que além das
Forças, minhas e
Do rio, foram
Vencendo cada
Obstáculo quase
Intransponíveis
Da travessia do rio.
E continuo nadando
E dando tudo de
Mim para vencer
A correnteza final
E chegar e sorrir
E chorar de alegria
E descansar afinal
Merecidamente
Eternamente, pois
Assim é a vida.
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