Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018
Chão de Giz
Zé Ramalho
Eu desço dessa solidão
Espalho coisas
Sobre um Chão de Giz
Há meros devaneios tolos
A me torturar
Fotografias recortadas
Em jornais de folhas
Amiúde!
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Eu vou te jogar
Num pano de guardar confetes
Disparo balas de canhão
É inútil, pois existe
Um grão-vizir
Há tantas violetas velhas
Sem um colibri
Queria usar, quem sabe
Uma camisa de força
Ou de vênus
Mas não vou gozar de nós
Apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Agora pego
Um caminhão na lona
Vou a nocaute outra vez
Pra sempre fui acorrentado
No seu calcanhar
Meus vinte anos de boy
That's over, baby!
Freud explica
Não vou me sujar
Fumando apenas um cigarro
Nem vou lhe beijar
Gastando assim o meu batom
Quanto ao pano dos confetes
Já passou meu carnaval
E isso explica porque o sexo
É assunto popular
No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais, estou indo embora!
No mais!
terça-feira, 27 de fevereiro de 2018
Serviço Mal Feito
Rodolfo Pamplona Filho
Cabo desencaixado
Trabalho sujo
Peças faltando
Garantias vazias
Parafusos soltos
Pregos frouxos
Informação incompleta
Serviço Mal Feito
Orlando, 27 de janeiro de 2017
segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018
DITO POPULAR
Manoel Hermes
No dito popular nada cai do céu,
Ao contrário, cai sim,
A luz do sol que ilumina a vida
Com seus raios fortes e quentes
E das estrelas constelares vem
O brilho candescente que guia
A todos no caminho sem luz...,
Clareado pela tocha lá do alto
Descida do espaço astral
Para aqui na terra gerar felicidade.
18/02/2018.
quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018
Ofensa
Rodolfo Pamplona Filho
O xingamento diz mais
da pessoa que a profere
do que da que é dirigida
Todo dedo em riste
tem três irmãos
apontando para o agressor.
Toda vez que se atira
uma pedra em chamas
pode-se eventualmente
atingir o alvo
mas sempre mesmo
queimam-se os meus dedos.
Praia do Forte, 11 de dezembro de 2016.
terça-feira, 20 de fevereiro de 2018
Boa noite, Lua!
Bruno Terra Dias
Boa noite, Lua!
O dia não se repetirá,
o sol não será o mesmo
amanhã, ao entardecer.
As cinzas desse fogo
cessarão de arder,
meus olhos, vermelhos,
cessarão de enxergar.
O calor, o frio, a umidade,
o carbono e a pressão definirão,
após anos e o passar das idades,
de todos o que restará.
Pertenço ao chão,
não ao ar e nem ao mar,
que nem sei nadar ou voar,
meu modo é o caminhar.
Até hoje sei:
tudo se integra,
minha alma entregarei,
afastada toda revolta.
O trabalho e o suor
são, para a humanidade,
mais que simples marca.
Salvação.
domingo, 18 de fevereiro de 2018
Homem do Século XIX
Rodolfo Pamplona Filho
Aquele que tem na rua
o que não pode ter em casa
e é repreendido pelo desfaçatez
da prodigalidade
e não pela estupidez
da insensibilidade.
Aquele que acha normal
viver uma vida
como uma pantomima
em que o roteiro segue adiante
como um trem
em seus trilhos
Aquele que não sente,
não ama, não chora,
mas apenas implora
que somente o deixem
em seu canto em suposta paz.
Salvador, 09 de janeiro de 2018
sábado, 17 de fevereiro de 2018
As sem-razões do amor
(Carlos Drummond de Andrade)
Eu te amo porque te amo.
Não precisas ser amante,
e nem sempre sabes sê-lo.
Eu te amo porque te amo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.
Amor é dado de graça,
é semeado no vento,
na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
e a regulamentos vários.
Eu te amo porque não amo
bastante ou de mais a mim.
Porque amor não se troca,
não se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
feliz e forte em si mesmo.
Amor é primo da morte,
e da morte vencedor,
por mais que o matem (e matam)
a cada instante de amor.
sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018
Frustrações
Rodolfo Pamplona Filho
Minha vida é
oferecer oportunidades
que nunca são aproveitadas.
Minha vida é
chorar sobre o que foi
derramado e não usufruído.
Minha vida é
me frustrar por quem
não percebe o meu esforço.
Minha vida é
servir quem me serve,
mas que não serve para mim.
Minha vida é
sonhar com uma vida
que nunca será vivida.
02 de janeiro de 2018
quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018
Fanatismo
Florbela Espanca
Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver.
Não és sequer razão do meu viver
Pois que tu és já toda a minha vida!
Não vejo nada assim enlouquecida…
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!…
Tudo no mundo é frágil, tudo passa…
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!
E, olhos postos em ti, digo de rastros:
‘Ah! podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: princípio e fim!…
quarta-feira, 14 de fevereiro de 2018
Eu preciso aprender a viver só
Rodolfo Pamplona Filho
Eu preciso aprender
a viver só
e saber que o mundo
não existe por minha causa.
Eu preciso aprender
a viver só
e aprender que o silêncio
é melhor do que
o ruído incompreensível
Eu preciso aprender
a viver só
é enxugar cada lágrima
sem a ajuda
de quem quer que seja.
Eu preciso aprender
a viver só!
E só!
Miami, 29 de dezembro de 2017
terça-feira, 13 de fevereiro de 2018
Cantiga para não morrer
Ferreira Gullar
Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.
segunda-feira, 12 de fevereiro de 2018
Estou Péssimo
Rodolfo Pamplona Filho
Estou Péssimo
como quem comeu chuchu,
quem perdeu o busu,
quem sonhou com urubu
Estou Péssimo
como quem dormiu de jeans,
esqueceu os fins,
desperdiçou os pudins
Estou Péssimo
como quem comeu e não gostou,
sonhou e acordou,
como quem nunca amou
Salvador, 09 de janeiro de 2018
domingo, 11 de fevereiro de 2018
José
Carlos Drummond de Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?
E agora, José?
sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua biblioteca,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio, - e agora?
Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!
Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?
sábado, 10 de fevereiro de 2018
Encarando o Insano
Rodolfo Pamplona Filho
É preciso ter coragem
para superar o medo
e se sentir pleno
É preciso solidariedade
para se jogar no vazio
por amor a um filho
É preciso muito amor
para enfrentar o dissabor
da tentação de desistir
É preciso ter um plano
de aproveitar cada segundo
e encarar o Insano.
Fortaleza, 28 de outubro de 2017.
sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018
Ausência
Vinicius de Moraes
Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz
Não te quero ter porque em meu ser está tudo terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados.
quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018
Dualidade
Rodolfo Pamplona Filho
Coxinhas
e mortadelas
Times rivais
que viram
Inimigos
quando o mundo
é muito mais complexo
do que um
cara e coroa.
Miami, 29 de dezembro de 2018.
quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018
Versos Íntimos
Augusto dos Anjos
Vês?! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te a lama que te espera!
O Homem que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera
Toma um fósforo, acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro.
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa ainda pena a tua chaga
Apedreja essa mão vil que te afaga.
Escarra nessa boca de que beija!
terça-feira, 6 de fevereiro de 2018
Cachimblema
Rodolfo Pamplona filho
Cachaça
Chifre
Problema
Tudo que é difícil de resolver
Tudo que eu nem quero saber
Tudo que me aproxima de morrer.
Salvador, 16 de janeiro de 2018.
segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
Amor
Álvares de Azevedo
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábios beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018
Abandonado
Rodolfo Pamplona Filho
Estou abandonado,
com a sensação de que
nunca mais vou viver
aquilo que me tornava pleno.
Estou abandonado,
sentindo profunda falta
de quem renovava minha alma
e incentivava eu ser eu mesmo.
Estou abandonado,
como um cão sem dono,
que morre pouco a pouco,
no avanço de cada desconforto.
Estou abandonado
e tenho medo
de nunca encontrar
o meu caminho novamente.
Miami, 29 de dezembro de 2018.
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Manual
Victor Hugo de Afonso
Abrace seus sonhos,
Imprima seus ideais,
Recorra a fé,
Persista...
Insista....
Negue seu orgulho,
Mantenha seu orgulho,
Refrigere seu olhar,
Mas não perca de vista seu alvo!
Beije cada momento,
Sorria desalentos,
Chore tristezas,
Chore felicidades.
Tire dos ombros a mochila do fardo,
Carregue no peito o bom,
Seja soberano,
Seja insano,
Ao menos uma vez.
Esteja sempre disposto ao novo,
Seja plural!
Invente,
Reinvente.
Reprima o negativo,
Ignore os abutres,
Ame,
Apaixone - se.
Faça um café forte,
Tire o pigarro,
E escreva suas linhas.
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