Blog para ler e pensar... Um texto por dia... é a promessa... Ficarei muito feliz em ler e saber o que cada palavra despertou... Se você quiser compartilhar um texto, não hesite em mandar para rpf@rodolfopamplonafilho.com.br. Aqui, não compartilho apenas os meus textos, mas de poetas que eu já admiro e de todas as pessoas que queiram viajar comigo na poesia... Se quiser conhecer somente a minha poesia, acesse o blog rpf-poesia.blogspot.com.br. Espero que goste... Ficarei feliz com isso...
quinta-feira, 31 de maio de 2018
O amor é confuso
Rodolfo Pamplona Filho
O amor é confuso.
Se não fosse confuso, não seria amor
Poderia ser paixão. Muito mais simples.
Paixão explode, é intensa.
Quando acalma, acaba.
Pronto, passou.
O amor é confuso.
O amor é tão confuso, que teima em viver
um tempo não vivido.
São as lembranças dos dias felizes,
um planejamento de futuro
e ainda tem o se,
aquele do futuro do pretérito.
O amor é confuso.
O amor não pensa, só sente.
Por não pensar, não tem razão.
Não é certo e nem errado.
Pode ser triste e,
no minuto seguinte,
te deixar em êxtase.
O amor é confuso.
Ficamos admirando
o objeto do nosso amor,
da nossa devoção,
embasbacados,
sem saber se partimos
ou se ficamos.
O amor é confuso.
É difícil viver com ele
É difícil viver sem ele
É impossível não querer vivê-lo.
É impossível passar por ele sem sofrer.
O amor é confuso.
Mas não vale a pena
ter vivido
se não tiver sido experimentado
pelo menos uma vez...
Salvador, 20 de agosto de 2017
quarta-feira, 30 de maio de 2018
Para ser grande, sê inteiro
Fernando Pessoa
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
terça-feira, 29 de maio de 2018
Crepúsculo
o sol se pondo aqui
e meu coração
sentindo frio
só porque não vê...
Mas tudo tem resposta,
pois, de repente, volta
o meu corpo a aquecer:
basta pensar em você.
Praia do Forte, 24 de fevereiro de 2017.
segunda-feira, 28 de maio de 2018
Poética
Manuel Bandeira
Poética
Estou farto do lirismo comedido
Do lirismo bem comportado
Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
protocolo e manifestações de apreço ao sr. diretor.
Estou farto do lirismo que para e vai averiguar no dicionário
o cunho vernáculo de um vocábulo.
Abaixo os puristas
Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
Estou farto do lirismo namorador
Político
Raquítico
Sifilítico
De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
fora de si mesmo
De resto não é lirismo
Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
maneiras de agradar às mulheres, etc
Quero antes o lirismo dos loucos
O lirismo dos bêbedos
O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
O lirismo dos clowns de Shakespeare
— Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.
domingo, 27 de maio de 2018
Dependência Tecnológica
Rodolfo Pamplona Filho
Não saber o que fazer
quando a conexão cai...
Ter momentos de prazer
com a senha do Wi-Fi
Dividir as pessoas entre quem usa
e quem não acessa certo app...
Eleger como Mestre ou Musa
quem tudo explica step by step...
Sentir-se completamente isolado
se não tiver um celular ao lado,
como se o mundo fosse malquisto.
Usar o WhatsApp compulsivamente
e perder-se em sua própria mente
como se a vida dependesse disto.
No avião Salvador-Recife, 09 de agosto de 2015.
sábado, 26 de maio de 2018
O Mergulhador
Vinícius de Moraes
Como, dentro do mar, libérrimos, os polvos
No líquido luar tateiam a coisa a vir
Assim, dentro do ar, meus lentos dedos loucos
Passeiam no teu corpo a te buscar-te a ti.
És a princípio doce plasma submarino
Flutuando ao sabor de súbitas correntes
Frias e quentes, substância estranha e íntima
De teor irreal e tato transparente.
Depois teu seio é a infância, duna mansa
Cheia de alísios, marco espectral do istmo
Onde, a nudez vestida só de lua branca
Eu ia mergulhar minha face já triste.
Nele soterro a mão como a cravei criança
Noutro seio de que me lembro, também pleno…
Mas não sei… o ímpeto deste é doído e espanta
O outro me dava vida, este me mete medo.
Toco uma a uma as doces glândulas em feixes
Com a sensação que tinha ao mergulhar os dedos
Na massa cintilante e convulsa de peixes
Retiradas ao mar nas grandes redes pensas.
E ponho-me a cismar… – mulher, como te expandes!
Que imensa és tu! maior que o mar, maior que a infância!
De coordenadas tais e horizontes tão grandes
Que assim imersa em amor és uma Atlântida!
Vem-me a vontade de matar em ti toda a poesia
Tenho-te em garra; olhas-me apenas; e ouço
No tato acelerar-se-me o sangue, na arritmia
Que faz meu corpo vil querer teu corpo moço.
E te amo, e te amo, e te amo, e te amo
Como o bicho feroz ama, a morder, a fêmea
Como o mar ao penhasco onde se atira insano
E onde a bramir se aplaca e a que retorna sempre.
Tenho-te e dou-me a ti válido e indissolúvel
Buscando a cada vez, entre tudo o que enerva
O imo do teu ser, o vórtice absoluto
sexta-feira, 25 de maio de 2018
Amor de Carinho
Queria eu
algo a mais
do que um abraço gostoso
ao sair do ninho.
Queria eu
um pouco mais
do que a sensação
de não estar sozinho.
Queria eu
um novo horizonte
para olhar adiante
do meu próprio caminho.
Queria eu
ouvir minha voz
mesmo no meio
de tanto burburinho.
Queria eu
uma nova oportunidade
para ir além
de um amor de carinho.
12 de outubro de 2016, no voo para São Paulo.
quinta-feira, 24 de maio de 2018
Traduzir-se
Ferreira Gular
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Gratidão
Rodolfo Pamplona Filho
Gratidão não se exige,
não se pede, nem se espera...
É presente de um coração puro,
que não vê outra forma de agir,
na memória da marca do passado
e do alívio do auxílio no desespero...
Por isso, a ingratidão machuca
como punhaladas nas costas,
como um tapa no rosto,
como uma dor fatal no peito...
O ingrato merece mais do que repúdio:
é pena de morte no coração,
que se fecha em uma ferida purulenta,
cujos bálsamos somente são
o ostracismo ou a ressurreição do perdão...
Reconhecer-se grato é o exercício da verdadeira humildade,
que é saber que, sozinho, não se consegue nada,
pois conquistas isoladas são vitórias de Pirro,
em que obter o resultado não significa necessariamente desfrutá-lo...
Gratidão é a resposta sincera
que o afeto exige por coerência!
É a marca que renova a esperança,
que não é a última que morre, posto imortal,
mas, sim, a certeza de que
ainda se pode ter fé na humanidade
terça-feira, 22 de maio de 2018
O Sobrevivente
Carlos Drummond de Andrade
Impossível compor um poema a essa altura da evolução da humanidade.
Impossível escrever um poema – uma linha que seja – de verdadeira poesia.
O último trovador morreu em 1914.
Tinha um nome de que ninguém se lembra mais.
Há máquinas terrivelmente complicadas para as necessidades mais simples.
Se quer fumar um charuto aperte um botão.
Paletós abotoam-se por eletricidade.
Amor se faz pelo sem-fio.
Não precisa estômago para digestão.
Um sábio declarou a O Jornal que ainda falta
muito para atingirmos um nível razoável de
cultura. Mas até lá, felizmente, estarei morto.
Os homens não melhoram
e matam-se como percevejos.
Os percevejos heróicos renascem.
Inabitável, o mundo é cada vez mais habitado.
E se os olhos reaprendessem a chorar seria um segundo dilúvio.
Desconfio que escrevi um poema.
segunda-feira, 21 de maio de 2018
Sobre Sonhos
Já dizia o filosofo:
os sonhos são os rebentos
e botões da imaginação!
Por isto, também têm o direito
de viver sua vida pura...
Sufocar ou deformar
os sonhos da juventude
é destruir a criação
e matar o criador...
Salvador, 13 de novembro de 2013, conversando com a amiga Ezilda Melo
domingo, 20 de maio de 2018
TEU SER
D. LEFRANÇOIS
TEU SER ...
ME FAZ LAMBUZAR,
ME FAZ TRANSBORDAR,
ME FAZ GEMER.
TEU SER....
ME FAZ SORRIR,
ME FAZ IR,
ME FAZ CONTER.
TEU SER ....
ME FAZ SUAR,
ME FAZ AMAR,
ME FAZ TREMER.
TEU SER ...
ME FAZ SENTIR,
ME FAZ PEDIR,
ME FAZ VALER.
TEU SER ...
ME FAZ CALAR,
ME FAZ CHORAR,
ME FAZ SOFRER.
TEU SER ...
ME FAZ FUGIR,
ME FAZ MENTIR,
ME FAZ MORRER.
TEU SER ...
ME FEZ SONHAR
ME FEZ VOLTAR
ME FEZ QUERER
TEU SER ....
sábado, 19 de maio de 2018
Soneto das Cores
Rodolfo Pamplona Filho
Ó, Deus, não me tire a luz
que me permite e seduz
ver a explosão de cores
ou um caledoscópio de amores!
Os raios que invadem a retina
permitem vislumbrar a sina
de quem não tem a felicidade
de conhecer a diversidade,
pois dominar a paleta do amor
é ser Senhor da mais bela arte
que transforma toda parte,
convertendo o cinza em cor,
para, no mundo, ser franco
e nunca mais ver em preto e branco.
Salvador, 07 de janeiro de 2012.
sexta-feira, 18 de maio de 2018
Olha lá
Paula Yurie Abiko
Olha lá
Aquele indivíduo apontando dedo
Como se soubesse todo o enredo
Do que está por vir nesse mundo
Acha que o conhecimento do mundo
Cabe na sua cabeça apenas
Como a sua única verdade deveras
De acreditar ser o dono da verdade
Que vaidade!
Mal sabia que não conhecia
Metade do que dizia
Ou achava que conhecia
Contudo julgava os outros
Apontando-lhe os dedos frouxos
Como se todos estivessem sempre
Com seus ouvidos moucos
É absurdo
Querer sempre estar certo
Num mundo cada vez mais incompleto
Cheio de fissuras e agruras
E estes não percebiam
Que assim cada vez mais permaneciam
Fechados para explorar o entorno de mundo
Com tudo o que é mais visado
Que sarro
Até parece que quando sair desse mundo
Levará estampado em sua lápide
Todo o conhecimento e toda sua vaidade
O que vale mesmo está sendo jogado
Ao lado de tudo que nos é pautado
Para sermos na vida e almejar
De que vale suas certezas se irá agonizar
Na busca incessante do ego acreditar
Que era o único certo e sem pestanejar
O dono do mundo irá perceber
Que nessa vida só vale mesmo o que fizemos
Por merecer…
quinta-feira, 17 de maio de 2018
Benções e Maldições
Rodolfo Pamplona Filho
Nem tudo permanece...
Na verdade, tudo muda
nem sempre para melhor!
Assim, o que é criado para libertar
pode ser usado para escravizar.
Quando se esquece
o sentido de cada ato,
todo importante ritual
apenas massifica
o que devia ser individual...
Quando não se particulariza,
todos se tornam
rostos sem nome
e sem história,
invisibilizando
em vez de simplesmente ver,
compactua-se
com a coadjuvância,
em vez de tornar protagonista...
Com isso, impessoaliza-se,
reiifica-se, coisifica-se,
mas nunca se envolve.
Sem saber,
ver ou tocar,
o toque
não há como
não se degenerar...
pois até Benções
podem se transformar
em Maldições
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Até a última gota
Até a última gota
Tentaremos buscar nossa essência
Aquilo que nos eleva a alma
Nos torna sensíveis apesar do carma
De andar no zigue e zague das nossas emoções
Controlando nossas pulsões
Almejando encontrar direções
Em tudo aquilo que nos dá sentido
Até a última gota
Apesar de toda escassez de sentimento alheio
Buscarei ser o melhor que almejo
Ouvirei o outro, mesmo quando não me derem ouvidos
Até a última gota
Agradecerei pelos amores
Mesmo se me ocasionar dores
Pois no substrato do mais interno sentimento
Sei que o amor resume-se a isso
Doar mais e doer mais
Ora, demasiado difícil é entender nós mesmos
Portanto buscar o acalento
Mesmo estando sedentos, torna-se imperioso
Até a última gota
Quero lutar para ser o melhor que consigo
Dentro dos limites obstados por todos os indivíduos
De acreditar poder mudar a obscuridade do que nos tem surgido
O tempo demasiado rápido
Os amores cada vez mais tardam
A vida cada vez mais passageira
Nós cada vez na espreita
De nos encontramos e rememoramos boas coisas
Acrescentando pulsão no nosso entorno
Almejando retorno
Naquilo que nos faz humano
Apesar de todos os percalços
Todos os dardos jogados
Contra aqueles que de nada servirão de agrado
Buscarei ser verdade em essência
Até a última gota...
terça-feira, 15 de maio de 2018
Mãe
Rodolfo Pamplona Filho
Sinto sua falta!
Sinto não mais poder
tê-la para passear,
me fazer cafuné,
fugir para comer no Baitakão
ou simplesmente consolar
o meu choro na solidão...
Sinto não ter mais alguém
para chamar de baixinha,
carregar nos braços
ou afogar de abraços...
Sinto não ouvir mais
dizendo que trabalho demais,
que Deus sabe o que faz
e que tudo fica para trás...
Nem tudo, mãe...
Minha saudade
e minha lembrança
não passarão jamais...
segunda-feira, 14 de maio de 2018
Não se sente sob a macieira com ninguém além de mim
Charles Bukowski
escolher
sabiamente é meio caminho
andado na
estrada para a
vitória;
a outra metade é
conquistada pela
indiferença.
por um lado
você pode dizer
qualquer coisa
que quiser;
por outro lado
você não tem
que dizer.
de alguma forma
consegui
fazer
as duas coisas.
então qualquer
problema que você tiver
comigo
é
seu.
domingo, 13 de maio de 2018
sábado, 12 de maio de 2018
Às vezes com alguém que amo
Walt Whitman
Às vezes com alguém que amo, me encho de fúria, pelo medo de extravasar amor sem retorno;
Mas agora penso não haver amor sem retorno – o pagamento é certo, de um jeito ou de outro;
(Eu amei certa pessoa ardentemente, e meu amor não teve retorno;
No entanto, disso escrevi estas canções.)
sexta-feira, 11 de maio de 2018
Eu preciso aprender a viver só
Eu preciso aprender
a viver só
e saber que o mundo
não existe por minha causa.
Eu preciso aprender
a viver só
e aprender que o silêncio
é melhor do que
o ruído incompreensível
Eu preciso aprender
a viver só
é enxugar cada lágrima
sem a ajuda
de quem quer que seja.
Eu preciso aprender
a viver só!
E só!
Miami, 29 de dezembro de 2017
quinta-feira, 10 de maio de 2018
Aliança
Tribalistas
Se, um dia, eu te encontrar
Do jeito que sonhei
Quem sabe, ser seu par perfeito
E te amar
Do jeito que eu imaginei
Ao virar a esquina
Atrás de uma cortina, me perder
No escuro com você
Fogo na fogueira
O seu beijo e o desejo em seu olhar
As flores no altar
Véu e grinalda
Lua de mel
Chuva de arroz
E tudo depois
Dama de honra
Pega o buquê
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Mas se, um dia, eu te encontrar
Do jeito que sonhei
Quem sabe, ser seu par perfeito
E te amar
Do jeito que eu imaginei
Ao virar a esquina
Atrás de uma cortina, me perder
No escuro com você
Fogo na fogueira
O seu beijo e o desejo em seu olhar
As flores no altar
Véu e grinalda
Lua de mel
Chuva de arroz
E tudo depois
Dama de honra
Pega o buquê
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Ninguém mais feliz
Que eu e você
Mas se, um dia, eu te encontrar
Do jeito que sonhei
Quem sabe, ser seu par perfeito
E te amar
Do jeito que eu imaginei
quarta-feira, 9 de maio de 2018
Espírito livre
Rodolfo Pamplona Filho
Depois de muito tempo,
descobri o gosto da liberdade,
mesmo já tendo passado da idade
em que isso normalmente é vivido.
Aprendi que, em essência,
sou um espirito livre,
que só tem, de próprio,
o seu livre-pensar
Não tente me aprisionar,
nem em um laço amarrar,
pois isso somente me fará
sentir tristeza e chorar...
O amor vai me resgatar
da viagem que me propus
de nunca desistir
de viver e de ser feliz
Se você ama alguém,
deixe-o livre para ser quem é...
Se ele ficar, é porque quer;
se for embora, é porque nunca quis
Se amar é a liberdade
para se aprisionar a ninguém,
eu quero aprender, de verdade,
se, na realidade,
é possível amar
sem se tornar de alguém...
Por que é preciso ter alguém
para chamar de seu?
Por que se tem de ser
de alguém para ser feliz?
Será que se tem de ser
possuído ou possuir
para se sentir
verdadeiramente amado?
Eu não posso ser eu
e somente meu
deve ser o desejo
de viver com e para,
mas não só para isso...
Eu sou uma alma livre...
Livre como toda alma deve ser
para nunca se arrepender
de ter buscado viver
cada momento de prazer
que se renova a cada amanhecer.
Eu sou uma alma livre...
Salvador, 12 de dezembro de 2011.
terça-feira, 8 de maio de 2018
Decifra-me
Decifra-me quem sou!
Sou pequena, sapeca, menina, moleca!
Sou a moça, a outra e aquela!
Sou branca, ruiva, loira, mulata e negra!
Sou alisada, encaracolada, com ondas e com mechas!
Uso Black, mega, turbante e sou careca!
Sou alta, baixa, media, gorda e magra!
Eu falo com o olhar, no corpo trago emoção,
Enxergo sem nem estar lá, mas penso com o coração!
Agora decifra-me!
Me diz quem sou de onde eu vim, pra onde eu vou!
Sair das ruas, dos campos, das cidades grandes!
Eu vou à luta, estou na disputa, mas sou elegante!
Danço a musica errada!
Sou seria quando faço palhaçada
E choro dando gargalhada!
Não tiro férias, não tenho sono, nem sinto dores!
Sou de ferro, de manteiga e de aço,
Mas tenho muitos amores!
Decifra-me! Revela quem sou!
Sou sua filha, sua irmã, sua prima.
Sou sua amiga, sua colega, sua chefa e sua vizinha!
Sou sua avó, seu pai, sua mãe e sua tia!
Sou seu alimento, sou seu tormento!
Sua fortaleza e sua alegria!
Sou dos quatros cantos do mundo
Estou em todo lugar!
Com roupas curtas, longas ou o que eu desejar!
Mas hoje estou aqui pra você me decifrar!
Saiba que sou a MULHER
Serei o que eu quiser
E meu lugar será onde eu quiser ficar!
Autora: Edna Ramos dos Santos
20/02/2017
segunda-feira, 7 de maio de 2018
Perfeito Encaixe
Rodolfo Pamplona Filho
Descansa em meu peito
seu cabelo molhado
No encaixe perfeito
de corpos suados
Buscando o calor
do pleno prazer
Fazendo amor
até amanhecer
Eu e você:
nós nos completamos
Só quero viver
por todos meus anos
a excitação
de nós dois colados
a satisfação
por todos os lados.
Aproveita o momento
para registrar
que o sentimento
chegou para ficar:
agradável surpresa
de eterno tesão
na cama e na mesa
até a exaustão.
01 de janeiro de 2017, nas águas do Oceano Atlântico
domingo, 6 de maio de 2018
Motivo
Cecília Meireles
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
sábado, 5 de maio de 2018
Pauta
|
Belo Horizonte, 06 de junho de 2011.
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Relicário
Nando Reis
É uma índia com colar
A tarde linda que não quer se pôr
Dançam as ilhas sobre o mar
Sua cartilha tem o A de que cor?
O que está acontecendo?
O mundo está ao contrário e ninguém reparou
O que está acontecendo?
Eu estava em paz quando você chegou
E são dois cílios em pleno ar
Atrás do filho vem o pai e o avô
Como um gatilho sem disparar
Você invade mais um lugar
Onde eu não vou
O que você está fazendo?
Milhões de vasos sem nenhuma flor
O que você está fazendo?
Um relicário imenso deste amor
Corre a lua porque longe vai?
Sobe o dia tão vertical
O horizonte anuncia com o seu vitral
Que eu trocaria a eternidade por esta noite
Por que está amanhecendo?
Peço o contrario, ver o sol se por
Por que está amanhecendo?
Se não vou beijar seus lábios quando você se for
Quem nesse mundo faz o que há durar
Pura semente dura: o futuro amor
Eu sou a chuva pra você secar
Pelo zunido das suas asas você me falou
O que você está dizendo?
Milhões de frases sem nenhuma cor, ôôôô
O que você está dizendo?
Um relicário imenso deste amor
O que você está dizendo?
O que você está fazendo?
Por que que está fazendo assim?
Desde que você chegou
O meu coração se abriu
Hoje eu sinto mais calor
E não sinto nem mais frio
E o que os olhos não vêm
O coração pressente
Mesmo na saudade
Você não está ausente
E em cada beijo seu
E em cada estrela do céu
E em cada flor no campo
E em cada letra no papel
Que cor terão seus olhos
E a luz dos seu cabelo
Só sei que vou chamá-lo
De Esmael, Esmael
quinta-feira, 3 de maio de 2018
A sabedoria na azeitona
faz parte
de algum aprendizado...
Experimentar
o fruto da oliveira
no seu amadurecer
ensina a valorizar
a transformação
proporcionada pela conserva...
O tempo para o desfrute
não coincide com o desgaste,
mas, sim, com o desvelo
para revelar
o melhor momento
para degustar...
No Trem para Sevilla, 23 de junho de 2015, 12:30 (7:30
no Brasil...)
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Te amo e não te amo
Pablo Neruda
Saberás que não te amo e que te amo posto que de dois modos é a vida,
A palavra é uma asa do silêncio, o fogo tem uma metade de frio.
Eu te amo para começar a amar-te, para recomeçar o infinito
E para não deixar de amar-te nunca: por isso não te amo ainda.
Te amo e não te amo como se tivesse em minhas mãos as chaves da fortuna
E um incerto destino desafortunado.
Meu amor tem duas vidas para amar-te
Por isso te amo quando não te amo e por isso te amo quando te amo.
terça-feira, 1 de maio de 2018
Aperfeiçoar
Rodolfo Pamplona Filho
Aperfeiçoar é estar
sempre disposto
a começar de novo.
Aperfeiçoar é estar
pronto para recomeçar
tudo do zero
Aperfeiçoar é estar
novamente a postos
para aprender
Aperfeiçoar é muito mais
do que repetir a mesma ideia
com palavras diferentes.
Aperfeiçoar é viver
cada momento
como se fosse o primeiro
com a pureza virginal
de uma página em branco,
sem desprezar
o que já foi escrito,
mas não se influenciando
pelos erros do passado,
nem tendo medo de seguir
por um novo caminho.
No vôo para Campinas/SP, 01 de abril de 2016.
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