quarta-feira, 25 de julho de 2018

Doses de vida



Ferdinand Azalb

Leite de pedra é um bom exilir.
Chá de espinhos bebo, aos sapos.
Sufocam-me, porém, certas rãs e girinos;
cobras, lagartos, que habitam a garganta.

Se a vida é amarga, reivindico minha dose;
cada gole intragável; as porções de bílis.

Se a atmosfera é densa, respiro profundo;
carbonizo de ranso os cansados pulmões.

No fim, é o fim, que se aproxima de mim,
ainda que ele, a mil léguas, se esconda.

Enfim, é o abismo, que se afasta de mim,
ainda que, presente, a sua face não olhe.

Nenhum comentário:

Postar um comentário