sábado, 29 de fevereiro de 2020

Fio



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Cecília Meireles

No fio da respiração,
rola a minha vida monótona,
rola o peso do meu coração.


Tu não vês o jogo perdendo-se
como as palavras de uma canção.


Passas longe, entre nuvens rápidas,
com tantas estrelas na mão...


— Para que serve o fio trêmulo
em que rola o meu coração?

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Saudade de casa


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Rodolfo Pamplona Filho



Por vezes, tenho vontade de chorar...

Sei o motivo, mas não consigo controlar

Há um vácuo que preenche o que era completo

Uma carência de beijo, dengo e afeto



Não sei o que é pior: a distância ou a despedida;

O romper do contato no momento da partida

Um olhar para trás, um abraço apertado,

um aceno tristonho, um olhar desolado...



Como uma dor machuca tanto sem ferir?

Como dominar o que posso apenas sentir?

A paz é arrancada desde a raiz

Uma marca viva que não vira cicatriz...



Pense duas vezes antes de reclamar

Dos problemas da vida, da rotina do lar...

Há tristeza que ninguém sabe como se mede

Só se valoriza o que se tem quando se perde



A lágrima vem solta e quente

Quem negar isso apenas mente

mas faz bem, porque, como um rio

leva o fel para um outro lado vazio....



A cada alvorecer, há uma nova esperança...

que surge inocente, como sorriso de criança,

mudando planos e rumos, batendo asa,

tudo por causa da saudade de casa...




Ciudad Real, 09 de setembro de 2008

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

A um passarinho


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Vinicius de Moraes

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta
Nem venho de Assis.



Deixa-te de histórias
Some-te daqui!

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Escorregões do Carnaval (um poema para Alisson)

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Rodolfo Pamplona Filho

Há momentos para tudo na vida:
rir, chorar e até se emocionar...
mas o que eu não sabia
é que tinha hora para se acabar...

Uma figura muito importante,
que saiu de Gandhi no carnaval,
comeu alguma coisa impactante
e se sentiu um pouco mal...

E, por isso, teve de se aliviar
em uma arvore agradável e frondosa,
mas que acabou por escorregar
de forma estabanada e gostosa...

A primeira queda de verdade,
a gente nunca esquece,
pois cair na vista de toda a cidade
é algo merece uma prece,

pois o que era branco virou marrom
e os colares viraram história,
em um quedaço em alto e bom som,
arrebentando-se na escória...

E quem diria finalmente
que aquela figura impoluta
sairia catando coquinho pela frente
como um bom filho da puta...

Salvador, no auditório do Tribunal de Justiça,
11 de março de 2011.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Cotovia

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Manuel Bandeira




— Alô, cotovia!
Aonde voaste,
Por onde andaste,
Que saudades me deixaste?


— Andei onde deu o vento.
Onde foi meu pensamento
Em sítios, que nunca viste,
De um país que não existe . . .
Voltei, te trouxe a alegria.


— Muito contas, cotovia!
E que outras terras distantes
Visitaste? Dize ao triste.


— Líbia ardente, Cítia fria,
Europa, França, Bahia . . .


— E esqueceste Pernambuco,
Distraída?


— Voei ao Recife, no Cais
Pousei na Rua da Aurora.


— Aurora da minha vida
Que os anos não trazem mais!


— Os anos não, nem os dias,
Que isso cabe às cotovias.
Meu bico é bem pequenino
Para o bem que é deste mundo:
Se enche com uma gota de água.
Mas sei torcer o destino,
Sei no espaço de um segundo
Limpar o pesar mais fundo.
Voei ao Recife, e dos longes
Das distâncias, aonde alcança
Só a asa da cotovia,
— Do mais remoto e perempto
Dos teus dias de criança
Te trouxe a extinta esperança,
Trouxe a perdida alegria.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Raiva

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Rodolfo Pamplona Filho

Para que serve a raiva?
Para separar
e estabelecer limites!

E é preciso dar limites?
Sim, para não aceitar
o conforto da sucumbência

Mas a raiva não pode ser
só uma catarse,
que explode e não resolve!

Ela deve ser um alerta
para colocar o trem nos trilhos
e os termos bem resolvidos,

pois a autoridade não devolve
o desejo e a libido
e a fúria vem quando
a raiva não soluciona.

Salvador, 08 de janeiro de 2020.

domingo, 23 de fevereiro de 2020

Oração Final


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José Blanc de Portugal






Poesia!  Sem esperar voltei meu canto que é teu

As coisas de meu Pai que são as pobres criaturas

Caminhando a par de mim pelas ruas da amargura

Disfarçando mais do que eu a certeza que as leis tuas

Nada têm que ver com a minha piedade de evitarem

Cada maior dor seguindo à menos dura.

Deus Pai pudesse eu como Vosso Filho

Como irmão de Cristo, imolar-se só sem perder alguém

— Sem ter que fechar ouvidos ao Espírito Vosso

Cada instante inundando-me de luz! —

Sem vós tudo é impossível.

Sem mim tudo seria igual,

Mas fazei que meus iguais

Não sejam como eu tão miseráveis:

Crendo em Vós, sabendo-vos as provas,

mostro-me pior que os que vos esquecem!





A vossa Lei, a vossa marca não se

apagou de cada poro da minha pele

Dai-me a força de ajudar a todos com

um sopro do teu Ser que bastará

P'ra todos e p'ra mim.





Fico na angústia da vossa perdida Graça.

Perdoai-me! Perdoai como eu devo perdoar!!

Fazei que eu perdoe!

Fazei-nos os Santos que Vos devemos!

sábado, 22 de fevereiro de 2020

Postura


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Rodolfo Pamplona Filho

Não importa o que o vizinho ostenta
Não importa o que o político faça
Não importa o que o colega pense
Não importa o que o amigo afirme
Não importa o que todos acham
Não importa o que esteja acontecendo
faça o seu melhor!

Salvador, 16 de dezembro de 2019.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

O Discurso e o Deserto


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Janice Japiassu



Com o acre mel do deserto

De ouro veste-se o nome

Pronunciado na guerra.



O sol fecunda as espadas

Retesa o arco certeiro

E o sete nasce da pedra



No silêncio alumioso

Da noite mal-assombrada

Mistura o grito viçoso



Eis a palavra afiada

Nos pastos da solidão

Dentro do silêncio limpo

Voz de toda precisão









quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

Perspectivas



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Rodolfo Pamplona Filho

Tudo que se tem
Tudo que se lê
Tudo depende
da forma como se vê:
Um saco de areia
Um saco de pipoca
Ou um receptáculo para
uma vela iluminar o anoitecer...

Morro de São Paulo, 29 de dezembro de 2019.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Exergo

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Murilo Mendes


Lacerado pelas palavras-bacantes
Visíveis tácteis audíveis
Orfeu
Impede mesmo assim sua diáspora
Mantendo-lhes o nervo & a ságoma.


Orfeu Orftu Orfele
Orfnós Orfvós Orfeles

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Passos Errados

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Rodolfo Pamplona Filho

Competir somente consigo
e conseguir perder
Tecer o comentário
que fulmina qualquer diálogo
Expor sua visão
como se fosse a única correta
Emitir sua opinião
sem garantir contraditório
Dar mais um passo na caminhada
para o fim de tudo que construiu.

Salvador, 20 de dezembro de 2019.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Guernica

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Murilo Mendes




Subsiste, Guernica, o exemplo macho,
Subsiste para sempre a honra castiça,
A jovem e antiga tradição do carvalho
Que descerra o pálio de diamante.

A força do teu coração desencadeado
Contactou os subterrâneos de Espanha.
E o mundo da lucidez a recebeu:
O ar voa incorporando-se teu nome.

domingo, 16 de fevereiro de 2020

Pânico

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Rodolfo Pamplona Filho

Agonia
Incapacidade de reter o ar
Afogar-se
Desesperar-se
Achar que o fim é inevitável
E desistir antes de começar

Morro de São Paulo, 02 de janeiro de 2020.

sábado, 15 de fevereiro de 2020

O mau samaritano

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Murilo Mendes




 Quantas vezes tenho passado perto de um doente,
Perto de um louco, de um triste, de um miserável,
Sem lhes dar uma palavra de consolo.
Eu bem sei que minha vida é ligada à dos outros,
Que outros precisam de mim que preciso de Deus
Quantas criaturas terão esperado de mim
Apenas um olhar – que eu recusei.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2020

Ocipodídeos


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Rodolfo Pamplona Filho

Grauçá
Guaiamu
Caranguejo
Siri
Ocypode quadrata
papa-defunto
maria-farinha
caranguejo-fantasma
espia-maré
vaza-maré
aguarauçá
guaruçá
grauça
guriçá
Sempre perigoso
Mas sempre uma delicia!

Morro de São Paulo, 31 de dezembro de 2019.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Dos milagres

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Mário Quintana



O milagre não é dar vida ao corpo extinto,


Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...


Nem mudar água pura em vinho tinto...


Milagre é acreditarem nisso tudo!

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

O Vazamento da Libido


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Rodolfo Pamplona Filho


Libido vaza
Escapa
Acaba
como água do bebedouro,
gás do ar condicionado
ou combustível de um motor.

Libido não volta
por vontade,
aposta
ou autoridade,
mas, sim, com o renovar
dos motivos que a fizeram nascer
e o fim do que a fez cessar...

Salvador, 08 de janeiro de 2020.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Caranguejola


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Mário de Sá Carneiro




Ah, que me metam entre cobertores,

E não me façam mais nada!...

Que a porta do meu quarto fique para sempre fechada,

Que não se abra mesmo para ti se tu lá fores!



Lã vermelha, leito fofo.  Tudo bem calafetado...

Nenhum livro, nenhum livro à cabeceira ...

Façam apenas com que eu tenha sempre a meu lado

Bolos de ovos e uma garrafa de Madeira.



Não, não estou para mais; não quero mesmo brinquedos.

Pra quê?  Até se mos dessem não saberia brincar...

Que querem fazer de mim com estes enleios e medos?

Não fui feito pra festas.  Larguem-me!  Deixem-me sossegar!...



Noite sempre plo meu quarto.  As cortinas corridas,

E eu aninhado a dormir, bem quentinho - que amor!...

Sim:  ficar sempre na cama, nunca mexer, criar bolor—

Plo menos era o sossego completo...  História!  Era a melhor das vidas...



Se me doem os pés e não sei andar direito,

Pra que hei-de teimar em ir para as salas, de Lord?

Vamos, que a minha vida por uma vez se acorde

Com o meu corpo, e se resigne a não ter jeito...



De que me vale sair, se me constipo logo?

E quem posso eu esperar, com a minha delicadeza?...

Deixa-te de ilusões, Mário!  Bom edrédon, bom fogo —

E não penses no resto.  É já bastante, com franqueza....



Desistamos.  A nenhuma parte a minha ânsia me levará.

Pra que hei-de então andar aos tombos, numa inútil correria?

Tenham dó de mim. Co’a breca!  levem-me prà enfermaria!—

Isto é, pra um quarto particular que o meu Pai pagará.

Justo.  Um quarto de hospital, higiénico, todo branco, moderno e tranqüilo;

Em Paris, é preferível, por causa da legenda...

De aqui a vinte anos a minha literatura talvez se entenda;

E depois estar maluquinho em Paris fica bem, tem certo estilo...



Quanto a ti, meu amor, podes vir às quintas-feiras,

Se quiseres ser gentil, perguntar como eu estou.

Agora, no meu quarto é que tu não entras, mesmo com as melhores maneiras...

Nada a fazer, minha rica.  O menino dorme.  Tudo o mais acabou.










segunda-feira, 10 de fevereiro de 2020

O momento



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Rodolfo Pamplona Filho


O Momento em que os pais descobrem em que os filhos mentem para si
O Momento em que se toma
consciência da finitude
O momento em que os sonhos
se desfazem como açúcar
O momento da perda
definitiva da inocência
O momento em que se descobre
o que significa estar vivo

Salvador, 18 de dezembro de 2019, assistindo “Stranger Things”.

domingo, 9 de fevereiro de 2020

O menino doente


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Manuel Bandeira


O menino dorme.


Para que o menino
Durma sossegado,
Sentada ao seu lado
A mãezinha canta:
— "Dodói, vai-te embora!
"Deixa o meu filhinho,
"Dorme . . . dorme . . . meu . . ."


Morta de fadiga,
Ela adormeceu.
Então, no ombro dela,
Um vulto de santa,
Na mesma cantiga,
Na mesma voz dela,
Se debruça e canta:
— "Dorme, meu amor.
"Dorme, meu benzinho . . . "


E o menino dorme.

sábado, 8 de fevereiro de 2020

O fim do diálogo


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Rodolfo Pamplona Filho

“Não quero falar!
Minha cabeça está cheia demais!
Cuido de todo mundo,
mas a prioridade agora sou eu!”
Este é o momento
em que todo diálogo morreu.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2020

Motivo


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Cecília Meireles




Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

Funcionamento



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Rodolfo Pamplona Filho


Sua mente é um aparelho
em constante busca
de soluções
para qualquer tipo
de problema:
na ausência
de um desafio,
ela se introverte
e entra em modo avião.

Seu cérebro é um processador
mais rápido do que
qualquer computador,
em que todo questionamento
automaticamente
é respondido,
antes que o interlocutor
termine o raciocínio.

Suas atitudes são reflexos
de anos de condicionamento,
em que a lógica
não excluiu a emoção,
mas a separou
em caixas diferentes
para não haver confusão.

Seu coração é um dínamo
que se alimenta de carinho
e deseja retribuir,
como o óleo e o combustível
que renovam e fazem funcionar
todo o sistema.

Ele parece uma máquina
e há quem ache que seja mesmo,
mas, no final das contas,
ele é apenas
o que Nietzsche vaticinou:
humano, demasiadamente humano,
a ponto de ser tão diferente
que a humanidade não lhe reconhece...

São Paulo, 16 de novembro de 2019.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Mar e Lua


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Chico Buarque de Holanda

               

Amaram o amor urgente
As bocas salgadas pela maresia
As costas lanhadas pela tempestade
Naquela cidade
Distante do mar
Amaram o amor serenado
Das noturnas praias
Levantavam as saias
E se enluaravam de felicidade
Naquela cidade
Que não tem luar
Amavam o amor proibido
Pois hoje é sabido
Todo mundo conta
Que uma andava tonta
Grávida de lua
E outra andava nua
Ávida de mar

E foram ficando marcadas
Ouvindo risadas, sentindo arrepios
Olhando pro rio tão cheio de lua
E que continua
Correndo pro mar
E foram correnteza abaixo
Rolando no leito
Engolindo água
Boiando com as algas
Arrastando folhas
Carregando flores
E a se desmanchar
E foram virando peixes
Virando conchas
Virando seixos
Virando areia
Prateada areia
Com lua cheia
E à beira-mar

terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

Felicidade

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Rodolfo Pamplona Filho

Felicidade não é meta:
é a forma como se vive;
não é objeto, é o caminho;
não é aquilo que te falta e sim saber aproveitar aquilo que já se tem!

Orlando, 10 de janeiro de 2020.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

O dia de amanhã


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Negra Luz


Estive no dia de amanhã.
Tudo vazio.
Linhas não escritas
Versos não rimados
Passos não dados
Feitos não realizados

Não havia nada.
Só silêncio!
Não havia sol,
Nem luz, nem estrelas.
O vento não se movimentava.

Crianças não sorriam.
Idosos não tinham ainda mais envelhecido.
Não havia dor ou doenças.
Não havia fome, nem pobreza.
Tudo estava no ontem
De onde havia fugido.

Tudo era nada.
Um futuro não acontecido.
Eu não tinha vivido.
E eu aflita...com o que?
Com o dia de amanhã.


domingo, 2 de fevereiro de 2020

Coração de Yemanjá



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Rodolfo Pamplona Filho

Quem abarca todos
e cobra atenção
Quem proporciona bençãos,
mas quer retribuição
Quem entrega o mar
e exige reverência
Quem faz tudo pelo outro
e não aceita um não.

Salvador, 04 de dezembro de 2019

sábado, 1 de fevereiro de 2020

Códex


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Rodolfo Pamplona Filho

Palavras proibidas
Assuntos censuradas
Nomes defesos
Ideias que não podem ser discutidas
A impossibilidade absoluta
de qualquer diálogo.

Morro de São Paulo, 02 de janeiro de 2020.