sábado, 9 de outubro de 2010

Rompendo


Rompendo

E, de repente, o silêncio!!!
E o que era unidade
virou dois corpos abraçados
(mas não era a mesma coisa!)
E o silêncio persiste!!!
Palavras são emitidas,
mas parece não haver som
Confesso: estou com medo
(ela também!)
Medo de quê???
Medo de perdê-la
e nunca mais tê-la...
... de volta ... em meus braços
O rádio está ligado,
mas o silêncio continua... (insuportável!!!)
Fala-se sobre qualquer coisa,
mas o silêncio continua...
Será o fim?
Ou será apenas a explosão de outra neurose?
Enquanto escrevo,
meu corpo sua e treme!
Será febre?
Será medo?
Será que vou conseguir encontrar
alguém que eu goste de abraçar
alguém com quem eu possa conversar
alguém que eu possa amar,
sem ser você, amiga?
Acho difícil,
Acho impossível,
acho insuportável!
Mas, então, por que, meu Deus, por que?
Por que meu coração está confuso desse jeito?

Se eu a amo,
por que hesito?
Se não a amo,
por que existo?
Vejo seus olhos marejados
Sinto que ela vai chorar.
Se tenho vontade, por que não grito logo que a quero?
que a amo?
que a desejo?
Porque...
... sou imaturo
... sou um idiota
... sou influenciado por palavras que não vem da minha boca
nem da minha alma
nem do meu coração.
Mas, mesmo assim,
e por isso mesmo,
eu hesito quando
quando tudo seria bem mais fácil
e bem mais simples
se eu (mente, alma e coração)
apenas dissesse:

Meu amor, quero ficar contigo o resto de minha vida!

(11.10.92)

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Natureza

Natureza

Quando as cores da aquarela
Se tornarem uma só
Quando a vida, então bela,
Virar fogo, virar pó

Quando o verde virar cinza
E o céu não for anil
Vida não era mais vida,
Homem-bicho será vil

Quando o sangue derramado
Escorrer por minha mão
Lembrarei que, algum dia,
Já vivi em comunhão

E era belo, e era lindo
E era tudo o meu viver:
Homem-planta, homem-flor,
Homem-homem, Homem-ser

Não sabia que havia
Vida pura e sem dor
Bicho e homem, seres iguais,
Já viveram com amor

(1990)

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Resposta

Resposta

Eu respondo com o silêncio
Dos que foram forçados...
... a calar...
... por ter coragem
Eu respondo com as lágrimas
Das mães da Plaza de Mayo...
... que choraram...
... de verdade
Eu respondo com o sangue
Jorrado e derramado...
... na Praça da Paz...
... onde se fez a guerra
Eu respondo com a dor,
A dor que torturados...
...que morreram por não pensar...
... igual a quem tinha...
O poder...
... para mudar
O poder...
... para fazer sofrer
e matar.

(1991)
Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Coca na Coca (extended version)

Coca na Coca (extended version)

O que é certo?
O que é errado?
Eu sei que a vida não é feita de rosas,
Mas, então, por que perder tempo com drogas
Para que maconha?
Para que Loló?
Com que finalidade vocês cheiram o pó?
Com que finalidade vocês cheiram o pó?
O que é certo?
O que é errado?
O que é o Bem?
O que é o Mal?
Meu Deus, será que nos tornamos viciados?
Meu Deus, há quanto tempo somos drogados?
Se a alma é livre, nada pode prender!
Se o corpo é são, nada pode deter!
A vida e a morte são um tênue cordão,
Que parte facilmente como para um coração

O que é certo?
O que é errado?
Será legal usar folhas de coca na coca?
Será que é certo usar folhas de coca na coca?
O que é certo?
O que é errado?
O que é o Bem?
O que é o Mal?
Meu Deus, será que nos tornamos viciados?
Meu Deus, há quanto tempo somos drogados?
Será que a saúde do povo está por um fio?
Por que enganados somos de forma vil?
Talvez por não distinguirmos a cruz do fuzil,
Pois é mais fácil mandar tudo à puta que pariu!!!

Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Marcus Ikeda e Cedric Romano
(1988)

terça-feira, 5 de outubro de 2010

A Lua como Testemunha

A Lua como Testemunha

Rodolfo Pamplona Filho

Voltando para casa hoje,
deparei-me com uma lua,
completamente linda,
completamente nua...
Meu pensamento cruzou os céus
até te ver pela frente...
Olha a lua aí à noite
e mantenha a saudade quente...

A lua é a testemunha
silenciosa, mas onipresente
de um amor tão puro,
que atravessa todo o mundo
e me traz tua imagem
como um presente
que aquece minha madrugada
e acalma a minha alma.

E essa madrugada
me fez ficar e pensar em ti
me mostrou que a minha metade
na beleza e na verdade
prolongará toda a minha vida
e trará a capacidade
de amar, como na arte
de forma lúdica e explícita.

...se nosso presente está perfeito,
nosso futuro será maravilhoso....

San Francisco, 28 de setembro de 2010.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Momentos...

Momentos...

Ela escreve... na multidão!
um trecho de crônica, uma canção,
um testamento, uma confissão.
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!
um canto, um verso ou recado
talvez uma carta para o namorado
Isso não importa
e sim que
Ela escreve... na multidão!

É um momento mágico, com certeza,
pois no papel, em cima da mesa,
vejo uma frase aparecer...
E ela sozinha, cercada de gente,
com letras brilhando como o nascente
ilumina minha alma sem perceber...

Pois não ouso sequer perguntar o seu nome,
nem ao menos dirigir-lhe a palavra
Já que, em seus olhos, descubro de longe
os devaneios da pessoa amada...

Tomo cuidado para não perturbá-la
e, à distância, fico a amá-la,
mas...
Isso não importa,
e sim que
Ela escreve... na multidão!

(08.01.92)

domingo, 3 de outubro de 2010

Uma Canção Tola! (ou a canção pop mais ant-pop que o pop já fez!)

Uma Canção Tola! (ou a canção pop mais ant-pop que o pop já fez!)

Eu queria escrever uma canção que fosse tola
Que eu não precisasse pensar para escrever
E que rimasse “boca” com “louca”
Quem sabe “sol” com “farol” ou algo que tenha a ver

Não precisa nem ter letra
Não precisa nem ter solo
Pode ser que seja lenta
Pr’eu poder dormir no seu colo

Eu queria escrever uma canção que fosse tola
Que eu não precisasse complicar para agradar
Com 3 ou 4 acordes, fazia uma melodia
E cantava bem alto, sem medo de errar (ou desafinar!)

Não precisa nem ter métrica
Não precisa nem ter refrão
Bastam apenas poucas palavras
Que toquem fundo em seu coração

Eu queria escrever uma canção que fosse tola
Que eu não precisasse analisar para escrever
Que pudesse ser alegre sem medo de ser boba
E ser assobiada por quem bem entender

Não precisa ter paradas
Não precisa ter quebradas
Basta apenas sua razão de ser:
Conseguir conquistar você!

Letra e Música: Rodolfo Pamplona Filho
(1992)