domingo, 11 de dezembro de 2011

Falando de Amor

Falando de Amor

gabriel amorim

Quero falar de amor, mas falar só por falar não vale a pena. Como pode-se falar de algo desconhecido, distante ou até mesmo ausente? Agora não consigo, falta inspiração, percebo que esta é realmente necessária. Escrevo por gostar de letras, escrevo para não colocar num papel símbolos matemáticos, pois eles são frios, não fazem tanto sentido, enfim, não vale a pena, mas você vale? Sim, você vale todo o amor que eu poderei te dar. Eu não valho a pena, não tenho mais a capacidade de amar, falando serio, possuo cicatrizes que a vida deu. Sei o quanto doi amar como amei, não sei se você é. Não, na verdade o que sei é que não sou o mesmo, pois não tenho a capacidade de ser quem fui. Não sei se quem fui ainda existe ou se quem fui está com ela. Guardado num canto dela, pois eu fui dado a ela. Ela que foi idealizada. Sonhada. Ela que era tudo e não era nada. Algo como um acidente de carro que me marcou e que aparece ainda, às vezes, num pensamento qualquer por ai. O motivo de tudo isso aqui foi você, me enrolei por você, toquei em assuntos alheios por você, a mesma pessoa que não vai ler isso aqui, pois, apesar de tudo, isso aqui não é um texto digno de se ler, por você! Ainda não sei quando isso aqui vai melhorar, minha inspiração parece vir somente à noite. Pela manha tudo aqui dentro dorme, menos uma parte de mim, pois ela acorda rapidamente quanto te sente, quando te percebe. O pensamento voa, mas para em você. Você ainda não é ela, talvez você nunca se torne ela, mas talvez você já seja uma pequena parte dela. Não quero que você seja como ela, até porque eu não tenho outro ‘eu’ para dar-te. Descrever você ? como? Não se descreve o indescritível. Isto ocorre não por me faltar condição, mas por sentir-me já contaminado para essa árdua missão. Se tentasse, talvez, te perdesse para outro mundo, tirasse sua vida e te levantasse a um patamar tal que nunca poderia te alcançar. Sempre é mais fácil falar dela do que analisar você, o passado é racional, é contestável. Talvez antes de me apaixonar por você devesse encontrar a parte ausente, pois sem ela não consigo ser o que, talvez, você gostaria que eu fosse. Sabe, eu o encontro durante algumas horinhas na noite, ele está sempre lá, sonhador, triste e otimista, é quase um poeta, um falador, um garoto que parece estar preparador para ter-te somente, um que consegue ver o teu sorriso na escuridão, um que consegue ouvir-te através de um ronco grave, um que consegue ver seu rosto num poema, um que es por ter-te tão perto, mesmo tão longe. Ver sua face surgir por entre as letras que se re-arrumam para me agradar é... somente é. Olhar-te e não ter-te não é, simplesmente deixa de ser, torna-me vazio, alheio a tudo. Estranho sentir-me vazio novamente, ser o todo sem o tudo. Devorar-te com os olhos para tentar arrancar de ti o meu sustento diário, acumular você dentro de mim para poder suportar os dias chuvosos em que seu sol não me protege. O não tentar me dói, o tentar não faz mais parte de mim. O tentar agora é mais complicado, pois tentar faz-me esperançoso, faz me triste por ter cicatrizes que voltam a arder, faz me pensar que não dará certo... nessas horinhas existo, nas outras sou desconstruído, volto ao começo, viro efeito sem causa, quem sabe até falta-me efeito, mas ainda tenho a consciência de que o que me falta é você. Todo esse agrupado de palavras não fará efeito, mas vai me ajudar, pois fiz uma analise de minha existência. Volto novamente a ela, mas não por querer, sim porque o texto escrito obriga-me a isso, pois ele pode ser resumido com a musica dela: eu não existo longe de você. Risos, o que são? Ela eu fazia rir, a ti também consigo fazer, mas não gostaria de tantas semelhanças entre vocês, pois quem sabe... começo a me repetir, ciclicamente, espero que a vida não seja tão cíclica quanto essas palavras, mas se for está na hora de ter você, mas não você, por ser você. Se a vida rodar não quero te-lá. Quero a ti. Confunde-se aqui ela e você, confunde-se em mim ti e ela. Chego ao ponto final. Chego a ele e pela primeira vez desisto de ser subliminar, de ser um jogador de implícitos. Admito, esse texto tem sentindo, pois ele é a confusão, confusão mostrada textualmente, confusão existente, confusão que habita o meu coração.

2 comentários:

  1. Engraçado reler esse texto. Não tenho mais tantas palavras não, mas gostei muito ! Estou a sorrrir. Parabéns, a culpa é toda sua!

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  2. Gabriel
    Fico feliz com isso.
    Abs,
    RPF

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