sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Quebra-Cabeça da Vida

Quebra-Cabeça da Vida

Rodolfo Pamplona Filho

Sabe quando sua vida quer seguir
e parece continuar sempre igual,
mas você não para de sentir
que o ambiente está mal?

Você já se pegou pensando
que alguma coisa se quebrou,
que um pedaço está faltando
ou o ânimo o abandonou?

Sabe quando você tem
um grande quebra-cabeça
e, um dia, resolve montá-lo,
mas percebe que, infelizmente,
uma peça se perdeu?

Você fica triste,
mas, mesmo assim,
continua a guardá-lo,
na esperança de lembrar
onde está a peça ausente...

Até o dia em que,
depois de algum tempo,
você o pega novamente
para monta-lo inteiramente.

Só que sua visão,
quando reparar na parte omissa,
será completamente diferente,
nesta nova tentativa!

Por que não dá-lo a outra pessoa,
não para se livrar dele,
mas porque há quem
não se afete com a falta?

Sim, pois o desafio de montar
tudo aquilo que sobrou
(e sobrou muito mesmo...)
ainda vale a pena para alguém...
Salvador, 11 de outubro de 2011.

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

LUTO DA FAMÍLIA SILVA

 
LUTO DA FAMÍLIA SILVA
 
Assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos “Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.

João da Silva - Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os Joões da silva. Nós somos os populares Joões da Silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome de Tal". A família Silva e a família “de Tal" são a mesma família. E, para falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família. Até as mulheres que não são de família pertencem à família Silva.

João da Silva - Nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mata, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telhas de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz as bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.

Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política...
 
in 50 Crônicas Escolhidas, Rubem Braga.
 

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Ritmos do Amor

Ritmos do Amor

Rodolfo Pamplona Filho

Um coração elegante e maduro
parece chorar em silêncio...
como um violino antigo e duro
que se calou em um momento tenso,

mas também pode ser latino,
doendo ruidoso, aos gritos,
ao som de um bolero argentino
ou de um tango de gardel, infinito...

a tristeza pode vir mansinha,
meio bossa nova ou rock and roll...
pode nem saber onde estou

mas vai procurar sua casinha,
batucando para superar toda dor
nos múltiplos ritmos do amor...

Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Fígado

Fígado



Memórias de um presente que não passa
Tento seguir em linha reta para o outro ponto
mas me perco nos labirintos que criei

Monstros do meu próprio ser acompanham-me em todo amanhecer
Convivas desocupados!
Por que não se perdem no caminho que me encontro

Gostaria que
nas penas do poeta
a tinta fosse cor de nuvem
Moldando-se como o vento de novos tempos
Formando figuras geométricas
capazes de professar
de ensinar
Como caminhar

Vento
Minha esperança é que tu venhas
Que passe e mova as penugens do sofrimento
Que leve a dor e traga
E traga …



                                                                 Salvador, 17 de outubro de 2011

                                                                                                                 Felipe de Queiro Villarroel

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Soneto da Falta de Inspiração

Soneto da Falta de Inspiração

Rodolfo Pamplona Filho

Algumas vezes, tenho vontade,
quase uma visceral necessidade
de colocar no papel ou no teclado
idéias que pululam em meu telhado,

mas, por alguma  inexplicável,
fico completamente instável
e não consigo realmente traduzir
em palavras o que quero exprimir...

talvez seja uma crise temporária
ou mesmo o inicio da decadência,
mas o certo é que toda essência,

independentemente da faixa etária,
precisa exercitar firme a razão
para superar a falta de Inspiração.

Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

domingo, 26 de agosto de 2012

Encaixe

Encaixe
Beatriz A.M.

O corpo dele encaixa no meu à perfeição, enamorado.
E contra o que namora, todas as argumentações são vãs.

O corpo dele no meu, bem junto, pesado,
em cima, lá dentro, no fundo, afãs

de mãos e bocas e línguas, enrolados
de gostos, líquidos, cheiros e avelãs

E quando a gente termina e se abraça, saciados
Eu só desejo com ele muito, muito mais amanhãs...

sábado, 25 de agosto de 2012

ALEXANDRE MARTINS DE CASTRO FILHO

ALEXANDRE MARTINS DE CASTRO FILHO

Lecionar, é aprender um pouco a cada dia
É observar o ser humano  em todas as formas possíveis
É cansar, é lutar, é doar um pouco de ti
É ganhar um pouco dos outros

É fazer a mesma coisa, mas sempre de forma diferente
É descobrir que se tem muito a aprender
É semear pensamentos em uma colheita incerta
Lecionar, é por muitas vezes uma vela na escuridão

O professor  por todo o sempre viverá
A qualquer tempo, em qualquer lugar
Na memória daqueles que através de suas palavras
Aprenderam,  a olhar, a andar , a quem sabe pensar...

Ainda que nesta sala eu já não esteja
Que não possa da minha voz partilhar
Mesmo que aqui não seja mais meu lugar
Viverei  através dos alunos daqueles que um dia me ouviram falar.

                                                                                                              Rafael Tonassi
                                                                                                                             04/11/10










sexta-feira, 24 de agosto de 2012

CANONIZAÇÃO



CANONIZAÇÃO
W. D. Cavalcanti

Deixou a chama
arder de desejo
sua alma cândida.

Ficou humana,
deu-se sem pejo
a quem por amor a chama.

Foi do altar à cama
e da vaga branca assoma,
sob os pelos negros
o que em chagas sangra.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sede de Saber

Sede de Saber

Rodolfo Pamplona Filho

Quanto mais se sabe,
mais se quer saber...
Quanto mais se viver,
mais se quer viver

Aprender é sede macia
que nunca sacia:
fome que não se mata,
fogo que não se apaga.

No dia que você disser, tonto,
que está finalmente pronto
para mais nada aprender,

pode cessar todo desejo
e esquecer o gosto de um beijo,
pois não há mais porque viver.

Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Sobre o Alzheimer

Sobre o Alzheimer
Roberto Goldkorn é psicólogo e escritor

Meu pai está com Alzheimer. Logo ele, que durante toda vida se dizia 'o Infalível'. Logo ele, que um dia, ao tentar me ensinar matemática, disse que as minhas orelhas eram tão grandes que batiam no teto. Logo ele que repetiu, ao longo desses 54 anos de convivência, o nome do músculo do pescoço que aprendeu quando tinha treze anos e que nunca mais esqueceu: esternocleidomastóideo.

O diagnóstico médico ainda não é conclusivo, mas, para mim, basta saber que ele esquece o meu nome, mal anda, toma líquidos de canudinho, não consegue terminar uma frase, nem controla mais suas funções fisiológicas, e tem os famosos delírios paranóicos comuns nas demências tipo Alzheimer.

Aliás, fico até mais tranqüilo diante do 'eu não sei ao certo' dos médicos; prefiro isso ao 'estou absolutamente certo de que...', frase que me dá arrepios.

E o que fazer... para evitarmos essas drogas?

Como?
Lendo muito, escrevendo, buscando a clareza das idéias,criando novos circuitos neurais que venham a substituir os afetados pela idade e pela vida 'bandida'.Meu conselho: é para vocês não serem infalíveis como o meu pobre pai; não cheguem ao topo, nunca, pois dali só há um caminho: descer. Inventem novos desafios, façam palavras cruzadas, forcem a memória, não só com drogas (não nego a sua eficácia, principalmente as nootrópicas), mas correndo atrás dos vazios e lapsos.

Eu não sossego enquanto não lembro do nome de algum velho conhecido, ou de uma localidade onde estive há trinta anos.. Leiam e se empenhem em entender o que está escrito, e aprendam outra língua, mesmo aos sessenta anos..

Coloquem a palavra
FELICIDADEno topo da sua lista de prioridades: 7 de cada 10 doentes nunca ligaram para essas 'bobagens'e viveram vidas medíocres e infelizes - muitos nem mesmo tinham consciência disso.Mantenha-se interessado no mundo, nas pessoas, no futuro. Invente novas receitas, experimente (não gosta de ir para a cozinha? Hum... Preocupante). Lute, lute sempre, por uma causa, por um ideal, pela felicidade.

Parodiando Maiakovski, que disse 'melhor morrer de vodca do que de tédio', eu digo: melhor morrer lutando o bom combate do que ter a personalidade roubada pelo Alzheimer.
Dicas para escapar do Alzheimer:

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.

Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000), revelam que NEURÓBICA, a 'aeróbica dos neurônios', é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios em seu cérebro. Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso; limitam o cérebro.

Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios 'cerebrais' que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa. O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.
Tente fazer um teste:

- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (vi na China o pessoal treinando isso num parque);
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho.

A proposta é mudar o comportamento rotineiro!
Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado?
Que tal começar agora enviando esta mensagem, usando o mouse com a mão esquerda?
FAÇA ESTE TESTE E PASSE ADIANTE PARA SEUS (SUAS) AMIGOS (AS).

Critique menos, trabalhe mais. E, não se esqueça nunca de agradecer!

Sucesso para você!!!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Soneto da Fé na Humanidade

Soneto da Fé na Humanidade

Rodolfo Pamplona Filho

Não perca a capacidade
de ser decepcionado,
achando que a humanidade
somente fará tudo errado.

Descubra que é possível, sim,
surgir algo completamente puro
de onde não se esperava, assim,
nada mais do que um coração duro.

Saber as causas ajuda muito
a dimensionar as consequências
e saber quais são as suas crenças,

pois blasfemar contra tudo

é aceitar sua arrogância como doença
ou confessar sua própria falência.

Congonhas, na conexão de Cuiabá para Salvador, 30 de outubro de 2011.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Todo tipo de amor pede as suas provas

Todo tipo de amor pede as suas provas. Não pelas provas, mas pelo amor e sua insistência em sair do peito e ganhar o mundo. E, pra mim, as provas verdadeiras são as menores e as mais sinceras.

Mais do que uma tatuagem como prova de amor, eu prefiro receber de presente um link do WeHeartIt com imagens do pôr do sol. Porque pra mim o amor se prova na lembrança e na companhia. E quando alguém lembra de você, você nunca está sozinho.

Mais do que comprar as flores e os buquês mais caros, eu prefiro receber uma flor arrancada do meio da rua, que você pegou quando lembrou de mim.

Mais do que todos os cds, dvds e entradas pra show, eu prefiro receber um vídeo do youtube com uma música bonita.

Porque pra mim amor não se prova com força, resistência ou paciência. Amor se prova todos os dias, em pequenas doses.

Amor se prova na companhia que se faz à mesa, na ligação que se faz no meio do dia. No beijo de bom dia.

Amor se prova no carinho inocente, no beijo roubado e naquele abraço.

Porque pra mim o amor se prova assim.

Mais do que um jantar no restaurante super caro, eu prefiro um café da manhã na cama, mesmo que seja só um misto quente no guardanapo.

Mais do que sair juntos por aí, é ficar juntos quando não se vai pra canto nenhum. E ficar junto é muito mais do que ficar lado a lado.

Porque pra mim amor se prova assim.

Com um recado surpresa no papel de parede do computador, só dizendo “eu te amo”. Com um bilhete no imã de geladeira. Com um e-mail carinhoso. Porque quem tem palavras de carinho nunca está sozinho.

E palavras são o melhor presente que alguém pode ganhar. Porque são sinceras. São sentimentos entregues da forma mais verdadeira. Palavras são um presente, uma companhia e uma prova de amor.

Porque pra mim amor se prova assim.
Anna Terra

domingo, 19 de agosto de 2012

Soneto da Mudança

Soneto da Mudança

Rodolfo Pamplona Filho

O que se compreendia de um jeito
pode ser entendido de outro...
O que parecia um defeito
hoje pode valer ouro.

Não ache que nada muda
pois pode ser tarde mais
quando a onda lenta e surda
trouxer a tona o que estava por trás

A ilusão da estabilidade
é mais uma desculpa
para não assumir a culpa

de não perceber a verdade
de que a única constante devida
é a mudança constante na vida.

Congonhas, na conexão de Salvador para Cuiabá, 28 de outubro de 2011.

sábado, 18 de agosto de 2012

As 11 expressões mais usadas pelas mulheres e seus significados !!!!!!!

As 11 expressões mais usadas pelas mulheres e seus significados !!!!!!! 

Atenção, homens! Favor DECORAR as interpretações para não haver nenhum mal-entendido no futuro.

1 - "Certo": Esta é a palavra que as mulheres usam para encerrar uma discussão quando elas estão certas e você deve se calar.

2 - "Cinco minutos": Se ela está se arrumando, "cinco minutos" significa meia hora. "Cinco minutos" só são cinco minutos se esse for o prazo que ela te deu para ver o futebol antes de ajudar nas tarefas domésticas.

3 - "Nada": Esta é a calmaria antes da tempestade. Significa que ALGO está acontecendo e que você deve ficar atento. Discussões que começam com "Nada" normalmente terminam em "Certo".

4 - "Você que sabe": Essa expressão é um desafio, não uma permissão. Ela está te desafiando e, nessa hora, você tem que saber o que ela quer... e não diga que também não sabe!

5 – Suspiro ALTO : O suspiro não é realmente uma palavra, mas é uma expressão. É uma declaração não-verbal que freqüentemente confunde os homens. Um suspiro alto significa que ela pensa que você é um completo idiota e, em silêncio, fica imaginando por que ela está perdendo tempo com você, parada ali, discutindo sobre "Nada".

6 - "Tudo bem": Essa é uma das mais perigosas expressões ditas por uma mulher. "Tudo bem" significa que ela quer pensar muito bem antes de decidir como e quando você vai pagar (muito caro) pela sua mancada.

7 - "Obrigada": Quando uma mulher diz "Obrigada" quase sempre está, de fato, agradecendo. Portanto, não questione, nem desmaie. Apenas sorria e diga "por nada". (Uma colocação pessoal: o agradecimento é sincero, a menos que ela diga "MUITO obrigada". Nesse caso, ela não está agradecendo por coisa nenhuma, mas sim, está sendo SARCÁSTICA. Nesse caso, NÃO DIGA "por nada". Aliás, cale-se por, no mínimo 2 horas, pois se você disser "por nada" isso provocará o "Esquece").

8 - "Esquece" : Essa expressão significa "FODA-SE!!" e se você sabe rezar, essa é uma boa hora para começar!

9 - "Deixa pra lá, EU resolvo": Outra expressão perigosa! Significa que a mulher já perdeu a paciência com você. É muito usada quando a mulher já lhe pediu (várias e várias vezes) para fazer uma determinada coisa e você não fez. Significa que ela percebeu que não precisa mais de você e que ela mesma pode fazer o que era para você fazer. Normalmente o "Deixa pra lá, EU resolvo" resulta no homem perguntando "o que aconteceu?". Para a resposta da mulher, consulte o item 3.

10 - "Precisamos conversar!": Fodeu! Saiba que você está a 30 segundos de levar um pé na bunda...

11 - "Sabe, eu estive pensando...": Essa é a mais perigosa das expressões! Parece inofensiva, mas tome muito cuidado, porque quase sempre essa expressão precede os Quatro Cavaleiros do Apocalipse..

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Reforma Agrária do Coração

Reforma Agrária do Coração

Rodolfo Pamplona Filho

Quando o amor é um latifúndio,
a melhor proposta ao mundo
é conhecer toda sua área
para fazer uma reforma agraria.

Com os alqueires de seu coração,
partilhar cada mínimo espaço,
retirando quem vivia em solidão
pela falta de um simples abraço.

E a vantagem desta redistribuição
é que não há limites efetivos
para realizar estes objetivos...

já que, em matéria de emoção,
menos que tudo não é aceitável,
pois a fonte é sempre inesgotável.

Congonhas, na conexão de Salvador para Cuiabá, 28 de outubro de 2011.

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Entre Heiddeger, Drumond e Cerqueira


Entre Heiddeger, Drumond e Cerqueira
 
 
Compartilho, contigo, esta lágrima doída
Que me vem com os sopros da vida
E me lança num poço sem fim.
 
E um nada é o que me sinto – me transmudo
E em silêncio é que me deixo – fico mudo
Mil distâncias latejam em mim.
 
Se acaso me chamasse Raimundo
Sairia da rima, encontraria solução;
Mas não passo de um ser-no-mundo
A clamar mil cuidados, atenção.
 
Mas inda tenho, da vida, estes versos pobres
Que me vêm na garganta, desatando nós;
E ainda tenho, de ti, tua compreensão,
Já que nada é de pedra entre nós.
 
 
11.10.11
Lendo “Soneto da compreensão”, de Rodolfo Pamplona Filho.


Prof. Pedro CamiloProfessor Auxiliar de Direito Penal da Universidade do Estado da Bahia - UNEB - Campus VIII - Paulo Afonso
Mestrando em Direito Público pela Universidade Federal da Bahia - UFBA

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Dois anos de Blog

Estimados

Hoje, não postarei texto poético novo!
Na verdade, esta mensagem é apenas para agradecer todos aqueles que têm acessado o blog, que, hoje, completa dois anos consecutivos no ar.
E confesso que nunca imaginei que fazê-lo seria tão prazeroso assim.
Foram muito mais do que postar pouco mais de 365 textos (inicialmente eu postava mais de um por dia)!
Fiz amizades com pessoas que nunca vi ainda pessoalmente, mas que têm compartilhado suas almas e letras comigo. O blog deixou de ser um espaço para publicação exclusiva de textos meus, para se converter em um portal de poesia de todos aqueles que se interessam por este lado bonito da vida...
Quanta gente maravilhosa tivemos a oportunidade de conhecer aqui? Beatriz A.M., Malu Calado, Teca Poetisa de Gaia, Clívia Filgueiras, os juizespoetas (fonte inesgotável de poesia, com tantos nomes que seria indelicado omitir algum...), Sebastião Geraldo de Oliveira, Roseanne Freitas, Darci HF, Renata Rosa Fernandes, Paulo Basílio, Jacyra Ferraz Laranjeira, Lúcio Casado, Erick Quintella, entre tantas outras criaturas preciosas que nos enviaram textos e que publicamos com todo prazer!
Por isso, em vez de postar um texto novo, gostaria de convidar você, que já segue o blog ou que está lendo-o pela primeira vez, a futucá-lo um pouco!
Verifique quantos acessos já ocorreram em um ano!
Veja quantos seguidores temos! Se você ainda não está lá, nao se acanhe em apertar a opção de "seguir o blog"!
Leia ou releia os textos mais acessados do blog (a relação está do lado direito desta página)!
Descubra os temas mais recorrentes nos marcadores dos temas!
Ajude-nos a melhorar o blog, tanto do ponto de vista da formatação, quanto da escolha dos textos a ser programados para publicação!
Comente aqueles textos que tenham chamado mais a sua atenção!
Além disso, tenho recebido contribuições de diversas pessoas que, quando não mandam poemas seus ou de terceiros, mandam imagens lindas que decoram o nosso espaço. Agradeço, em especial, à amada ex-aluna Amanda de Almeida Santos, que é a responsável pela maior parte das imagens expostas aqui no blog.
Ela, juntamente com outras pessoas lindas, têm me mandado diversas ilustrações que têm renovado o meu ânimo de manter o blog no ar...
Se você, leitor, encontrar alguma imagem legal que possa adornar algum texto já postado, não hesite em nos encaminhar também!
Ter tanta gente maravilhosa perto de mim é bom demais...
E isto me deixou muito feliz...
Feliz aniversário a todos nós!
Abraços a todos,

Rodolfo Pamplona Filho

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Podar ou Lapidar

Podar ou Lapidar

Rodolfo Pamplona Filho

Podar é direcionar,
cerceando galhos
que não interessam.
Lapidar é desnudar,
descobrindo a essência
que explica a existência.

Podar é amestrar,
incutindo valores
que se toma como essenciais.
Lapidar é educar verdadeiramente,
mostrando as consequências
possíveis de cada opção.

Podar faz a planta
virar obra de arte
do paisagismo de sua estética.
Lapidar transforma
a pepita em diamante,
revelando o que já existia.

Tanto podar, quanto lapidar
mostram o enorme potencial
do objeto que se aperfeiçoa.
Isto, por si só,
não é algo digno de dó,
mas, sim, de louvor...

Mas há uma diferença fundamental
que afeta o resultado final:
Se podar é cultivar
a beleza que se quer,
lapidar é cuidar
do conteúdo que se é.

Salvador, 23 de outubro de 2011.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Direitos Reais em Versos

Direitos Reais em Versos

Por Thaís de Carvalho Soares e Viviane Mascarenhas do Vale Midlej

Eu não quero só a posse do seu coração
Quero ter propriedade plena do seu amor
Usar, gozar e nunca dispor de você
E se ousar me deixar, faço valer o meu direito
de reavê-lo onde for!

E à propriedade do seu amor
Eu quero impor limites
Que ele seja impenhorável, inalienável e indisponível!
Que seja eterno e dure, sem averbação ao meu registro

domingo, 12 de agosto de 2012

SER PAI (SOCIAL).

 
SER PAI (SOCIAL).

                                                            Genesio Vivanco Solano Sobrinho

Eis algo que é indescritível.
Ser já é sobreviver,
Em tempos de paz, viver.
Como sobreviver com tanta preocupação?
Desde o nascimento,
Exige-se do pai abnegação.
Amor incondicional é o que não falta,
Mas dedicação? Aí já é demais!
Entretanto,
Se não se puder dedicar
Ao filho toda atenção...
Não se puder creditar
Ao filho toda satisfação
Que ele lhe causou;
Toda alegria que ele lhe proporcionou,
Enfim, se não puder dizer ao filho
O quanto ele te faz feliz,
Então, melhor não ser PAI.

sábado, 11 de agosto de 2012

O JUIZ RETO

O JUIZ RETO

Ao tribunal de Eliaquim Bem Jefté, juiz respeitável e sábio, compareceu o negociante Jonatan Bem Cafar arrastando Zorobabel, miserável mendigo.
   
- Este homem – clamou o comerciante, furioso – impingiu-me um logro de vastas proporções! Vendeu-me um colar de pérolas falsas, por cinco peças de ouro, asseverando que valiam cinco mil. Comprei as jóias, crendo haver realizado excelente negócio, descobrindo, afinal, que o preço delas é inferior a dois ovos cozidos. Reclamei diretamente contra o mistificador, mas este vagabundo já me gastou o rico dinheiro. Exijo para ele as penas da justiça! É ladrão reles e condenável!...
   
O magistrado, porém, que cultuava a Justiça Suprema, recomendou que o acusado se pronunciasse por sua vez:
   
- Grande juiz – disse ele, timidamente -, reconheço haver transgredido os regulamentos que nos regem. Entretanto, tenho meus dois filhos estirados na cama e debalde procuro trabalho digno, pois mo recusam sempre, a pretexto de minha idade e de minha pobre apresentação. Realmente, enganei o meu próximo e sou criminoso, mas prometo resgatar meu débito logo que puder.
   
O juiz meditou longamente e sentenciou:
   
- Para Zorobabel, o mendigo, cinco bastonadas entre quatro paredes, a fim de que aprenda a sofrer honestamente, sem assalto à bolsa dos semelhantes, e, para Jonatan, o mercador, vinte bastonadas, na praça pública, de modo a não mais abusar dos humildes.
   
O negociante protestou, revoltado:
   
- Que ouço?! Sou vítima de um ladrão e devo pagar por faltas que não cometi? Iniquidade! Iniquidade!...
   
O magistrado, todavia, bateu forte com um martelo sobre a mesa, chamando a atenção dos presentes, e esclareceu em voz alta:
   
- Jonatan bem Cafar, a justiça verdadeira não reside na Terra para examinar as aparências. Zorobabel, o vagabundo, chefe de uma família infeliz, furtou-te cinco peças de ouro, no propósito de socorrer os filhos desventurados, porém, tu, por tua vez, tentaste roubar dele, valendo-te do infortúnio que o persegue, apoderando-te de um objeto que acreditaste valer cinco mil peças de ouro ao preço irrisório de cinco. Quem é mais nocivo à sociedade, perante Deus: o mísero esfomeado que rouba um pão, a fim de matar a fome dos filhos, ou o homem já atendido pela Bondade do Eterno, com os dons da fortuna e da habilidade, que absorve para si uma padaria inteira, a fim de abusar, calculadamente, da alheia inteligência? Quem furta por necessidade pode ser um louco, mas quem acumula riquezas, indefinidamente, sem movimenta-las no trabalho construtivo ou na prática do bem, com absoluta despreocupação pelas angústias dos pobres, muita vez passará por inteligente e sagaz, aos olhos daqueles que, no mundo, adormeceram no egoísmo e na ambição desmedida, mas é malfeitor diante do Todo Poderoso que nos julgará a todos, no momento oportuno.
   
E, sob a vigilância de guardas robustos, Zorobabel tomou cinco bastonadas em sala de portas lacradas, para aprender a sofrer sem roubar, e Jonatan apanhou vinte, na via pública, de modo a não mais explorar, sem escrúpulos, a miséria, a simplicidade e a confiança do povo.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

O ponto.

O ponto.

Cris Guerra
Venho de um mar revolto que não me dava descanso, um gosto de sal na garganta e uma sede, em meio a tanta água. Venho cansada da luta. E a minha sede era de água e paz.

Eu não procurava um pouso porque já tinha o meu próprio – que pode não ser macio nem mágico, mas tem o meu cheiro. Eu procurava o que não sei. Procurava parar de procurar. E já vinha desacelerando a busca, numa desistência doce.

Era a paz que eu procurava. A paz que me sorri bem puro. A paz que não é tédio. Que dá colo pra descansar, mas também é capaz de surpreender e fazer o coração bater forte, a circulação aumentar, o corpo se sentir vivo. A paz que atormenta. Paz que é um ponto.

Que é chegar em casa sorrindo. Uma insônia boa. Certeza que não mata. Saudade que revela. Que é quando a imperfeição encontra lugar confortável em nós. É sentir no outro uma semelhança macia. Saber um pouco do que vai no outro, sem saber quem é o outro.

Estou apaixonada por uma tempestade suave em mim.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

GILDETE

GILDETE

Rodolfo Pamplona Filho
Gente muito boa e competente
Inteligente e diligente
Ligeira, tenaz e cuidadosa
Deus mandou para nos abençoar
Ela é absolutamente DEZ
Topa tudo todo tempo toda vez
Ela é Gildete, nosso anjo particular.

Praia do Forte, 20 de fevereiro de 2012.

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Soneto de bem-querer

Soneto de bem-querer
 Roseane Freitas

Meu bem querer, tanto me espanto.
Com o bem que te tenho dedicado sempre e tanto
Queria não querer-te como quero
Mas meu coração fraco já não resiste ao seu encanto.

Querendo, deposito-o em teus altares
Meu amor bendito irei te dedicar
Com tal bem hei de querer-te
Que cheguei um dia a te amar

Com um amor puro e verdadeiro
Da vida errante e do amor inteiro
Se bem que já o tenho amado tanto

Que minha vida outrora desencanto
Fez-se riso incandescente transcendendo
O bem que me quero ao te amar tanto.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

"O Homem Velho"


pasquale cipro neto

 

02/08/2012 - 03h30

"O02/08/2012 - 03h30

"O Homem Velho"

DE SÃO PAULO
Pensei e repensei se devia escrever "antes da hora" sobre os (quase) 70 anos do amado Caetano Veloso. Abro o site de Caetano e vejo que ele (o site) mudou. Os 70 anos do mestre já estão estampados ("Caetano Veloso 70"), então perco o receio de falar antes do aniversário (no próximo dia 7).
Faz mais de um mês que penso em escrever sobre isso e, quando me imaginava fazendo-o, a primeira coisa que me vinha à mente era a monumental canção "O Homem Velho", que está no não menos monumental disco "Velô", de 1984. Caetano dedica a canção "à memória de meu pai, a Mick Jagger e a Chico Buarque, que agora tem 40 anos, mas aos 20 fez uma canção belíssima sobre o tema".
A canção a que Caetano se refere é a também monumental "O Velho", que está no disco "Chico Buarque Vol. 3", de 1968 (Chico tinha 24 anos): "O velho vai-se agora / Vai-se embora / Sem bagagem / Não sabe pra que veio / Foi passeio / Foi passagem / Então eu lhe pergunto pelo amor / Ele me é franco / Mostra um verso manco / De um caderno em branco / Que já se fechou...".
O homem velho da canção de Caetano é outro. Parece saber pra que veio -e não foi passeio, nem passagem: "Os filhos, filmes, ditos, livros como um vendaval / Espalham-no além da ilusão do seu ser pessoal / Mas ele dói e brilha único, indivíduo, maravilha sem igual / Já tem coragem de saber que é imortal".
Caetano já tinha feito um "acordo" com o deus Tempo, na inesquecível "Oração ao Tempo" (do disco "Cinema Transcendental", anterior a "Velô"): "És um senhor tão bonito / Quanto a cara do meu filho / Tempo Tempo Tempo Tempo / Vou te fazer um pedido (...) Peço-te o prazer legítimo / E o movimento preciso (...) Quando o tempo for propício (...) De modo que o meu espírito / Ganhe um brilho definido / (...) E eu espalhe benefícios / (...) O que usaremos pra isso / Fica guardado em sigilo (...) / Apenas contigo e migo (...) / E quando eu tiver saído / Para fora do teu círculo (...) / Não serei nem terás sido (...) / Ainda assim acredito / Ser possível reunirmo-nos (...) / Num outro tipo de vínculo (...) / Portanto peço-te aquilo / E te ofereço elogios (...) / Nas rimas do meu estilo / Tempo Tempo Tempo Tempo".
O homem velho da letra de Caetano parece mesmo ser esse nobre ser que fez um pedido ao deus Tempo (e caminha para ser merecedor da anuência desse deus). Lembra o que diz Drummond em seu antológico poema "Os Ombros Suportam o Mundo": "Pouco importa venha a velhice, que é a velhice? / Teus ombros suportam o mundo / e ele não pesa mais que a mão de uma criança".
Volto à letra de "O Homem Velho" e a alguns de seus fortes versos: "O homem velho deixa vida e morte para trás / (...) O homem velho é o rei dos animais / A solidão agora é sólida, uma pedra ao sol / As linhas do destino nas mãos a mão apagou / Ele já tem a alma saturada de poesia, soul e rock'n rol / As coisas migram e ele serve de farol...".
Detenho-me neste belíssimo verso: "As linhas do destino nas mãos a mão apagou". Como se não bastassem a beleza e a profundidade do sentido desse verso, há nele a quinta-essência da construção linguístico-literária. Ao inverter a ordem "natural" da frase ("A mão apagou as linhas do destino nas mãos") e, consequentemente, mantê-la na voz ativa (a passiva seria "As linhas do destino nas mãos foram apagadas pela mão"), Caetano é certeiro: mostra com ênfase e sabedoria o que faz a "mão" (que aí é metáfora e metonímia da vida, da passagem do tempo) com as linhas do destino que temos nas mãos.

Um beijo na alma, Caetano. É isso

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Interpretando Camões...



O vestibular de uma determinada instituição de ensino superior, em um determinado ano, cobrou dos candidatos a interpretação do seguinte trecho de Camões:

'Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente,
é um contentamento descontente,
dor que desatina sem doer '.

Uma vestibulanda de 16 anos deu a sua interpretação :
 

'Ah, Camões!, se vivesses hoje em dia,
tomavas uns antipiréticos,
uns quantos analgésicos
e Prozac para a depressão.
Compravas um computador,
consultavas a Internet
e descobririas que essas dores que sentias,
esses calores que te abrasavam,
essas mudanças de humor repentinas,
esses desatinos sem nexo,
não eram feridas de amor,
mas somente falta de sexo!'

A Vestibulanda ganhou nota DEZ, pela originalidade, pela estruturação dos versos, e das rimas insinuantes.
Foi a primeira vez que, ao longo de mais de 500 anos, alguém desconfiou que o problema de Camões era apenas falta de mulher.

domingo, 5 de agosto de 2012

NOSSO JARDIM DENTRO DOS MEUS OLHOS

NOSSO JARDIM DENTRO DOS MEUS OLHOS
Vou te contar, meu amor, por que eu acho que você é a mulher mais interessante do mundo.
Primeiro, naturalmente, porque você é alta, tem as costas largas e uma pinta bem embaixo do olho direito - uma combinação que é só sua. E, há quatro anos, minha também.
Depois, porque a sua pele é cor de mel, a sua sobrancelha é grossa e, embora esteja quase sempre deliciosamente despenteada, é moldada aos seus olhos, que têm um desenho perfeitamente assimétrico, sendo o esquerdo levemente menos arredondado do que o direito - apenas mais uma de suas sublimes imperfeições.
Tem também o seu jeito marrento de andar, que não deixa dúvidas sobre a pegada que você impõe à vida: forte, determinada, sem muita margem para erros. Tem o cabelo cheio de volume e longo, que sempre brilha muito e cai suavemente sobre suas costas largas - e sobre o meu rosto na cama.
Tem o jeito que você mexe a cabeça quando dança e o ritmo cadenciado com que as suas mãos passeiam pelo meu rosto, dizendo, numa linguagem que é só delas - e minha há 50 meses -, que me amam. O jeito que você segura o cigarro, que mexe naquele pelinho do queixo que é só seu - e, vá lá, faz algum tempo, meu também.
Tem o bico que se instala no seu rosto sem que você perceba e a maneira como você fala com a sua mãe ao telefone, inigualavelmente doce e atenta.
Tem ainda o jeito esparramado que você deita de bruços na cama, desafiando meu poder de encaixe, que sempre te surpreende. E o sacolejo que só você sabe dar para fazer com que aquela calça abençoadamente mais justa suba até onde você quer que ela suba. E então eu vejo seu corpo moldado pela calça (ou a calça moldada pelo seu corpo, mais correto) e entendo que aquelas curvas são só suas, intensamente suas - e, há alguns anos, orgulhosamente minhas.
Banalidades
Posso também falar do jeito moleque que você anda de bicicleta, eu atrás, temendo que minha mulher derrape e se estatele no asfalto. Mas isso não acontece, porque você é a única senhora de seus domínios, e eles são vários.
Tem o jeito que você se veste, que vai do largado ao clássico, passando pelo pop sofisticado. Tem o jeito cheio de ritmo que você faz amor, e que me beija na cama. E os pelos que crescem em sentido contrário na sua perna, e que são só seus - e meus, há inacreditáveis 50 meses.
Tem a forma como você tempera a salada, alternando, com os talheres, as folhas, suavemente de cima para baixo, de baixo para cima, a fim de que o azeite que você acabou de jogar possa lambuzar todas as folhas, sem um único centímetro de exceção.
Tem o jeito que você se comporta nas festas, buscando uma nova forma de ver a realidade, e o jeito que você mexe e remexe o maxilar sempre que está com seus sentidos superaguçados.
Tem o jeito sério e maduro que você vê a vida, e a variada lista de assuntos que fazem parte do nosso menu de conversas, que vão do futebol - sempre fundamental - ao futuro da humanidade, passando - para meu delírio - pelas fundamentais banalidades.
Tem o jeito que você prende a toalha no cabelo molhado e passa creme no corpo depois do banho, enquanto acha que eu ainda durmo. Você coloca o pé direito sobre a cama (o direito primeiro, sempre) antes de espalhar, com a palma da mão bem aberta, o creme pelos pés, canelas, coxas - incluindo, de forma quase displicente, a parte interna delas -, barriga, peitos, colo, ombros, braços. Nessa ordem - imaculadamente sua, e minha há tantos e indescritíveis meses.
Doce futuro
Tem o jeito manhoso que você me pede um beijo, que esfrega seu rosto no meu, que diz "eu banana". E o jeito que você seca o cabelo de manhã, de salto alto e sem mais nenhuma peça de roupa, para brincar com minha libido e me fazer delirar. E o jeito que você desafia minha timidez, minhas manias, meus traumas.
O jeito que você me fala sobre o seu trabalho, sobre seus sonhos, sobre nossa casa na montanha. O jeito que você me tira para dançar no meio da sala numa quarta qualquer à noite, enquanto a cidade dorme. O jeito que você passa gloss no carro e deita sobre meu ombro na cama. O jeito único que você me lê e me vê. O jeito que você me sente, me seduz e me conduz.
E tem, finalmente - embora eu pudesse continuar a listar os motivos que me levam a ter certeza de que a minha mulher é a mais interessante do mundo -, o jeito travesso e poético com que você sonha com nosso incerto, mas cada dia mais doce, futuro.
Mas, talvez, mais do que tudo, tem o jeito como você, com gestos, palavras e sentimentos, não para de me surpreender. E consegue, numa manhã qualquer de domingo, ver nosso jardim dentro dos meus olhos.


 

sábado, 4 de agosto de 2012

Soneto do Instinto de Caçador

Soneto do Instinto de Caçador

Rodolfo Pamplona Filho

Olhos de Tigre, presa localizada.
Desejo de Leão, cheiro de morte.
Respiração Controlada
como a preparar um bote

Entender como necessidade,
o que pode ser pura vontade...
Loucura e/ou sede quente
na manifestação de sua mente

Fazer do seu próprio ambiente
seu locus de caça consciente
como um terreno a demarcar

Instinto de caçador que não cessa
é essa sua sina e promessa
que vem te mover ou assustar.
Brasília, 15 de outubro de 2011.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

O Cético e o Lúcido

O Cético e o Lúcido

>
> No ventre de uma mulher grávida estavam dois bebês. O primeiro pergunta ao outro:
>
> - Você acredita na vida após o nascimento?
>
> - Certamente. Algo tem de haver após o nascimento. Talvez estejamos aqui
> principalmente porque nós precisamos nos preparar para o que seremos mais tarde.
>
> - Bobagem, não há vida após o nascimento. Como verdadeiramente seria essa vida?
>
> - Eu não sei exatamente, mas certamente haverá mais luz do que aqui. Talvez caminhemos com nossos próprios pés e comeremos com a boca.
>
> - Isso é um absurdo! Caminhar é impossível. E comer com a boca? É totalmente ridículo! O cordão umbilical nos alimenta. Eu digo somente uma coisa: A vida após o nascimento está excluída - o cordão umbilical é muito curto.
>
> - Na verdade, certamente há algo. Talvez seja apenas um pouco diferente do que estamos habituados a ter aqui.
>
> - Mas ninguém nunca voltou de lá, depois do nascimento. O parto apenas
> encerra a vida. E afinal de contas, a vida é nada mais do que a angústia
> prolongada na escuridão.
>
> - Bem, eu não sei exatamente como será depois do nascimento, mas com certeza veremos a mamãe e ela cuidará de nós.
>
> - Mamãe? Você acredita na mamãe? E onde ela supostamente está?
>
> - Onde? Em tudo à nossa volta! Nela e através dela nós vivemos. Sem ela tudo isso não existiria.
>
> - Eu não acredito! Eu nunca vi nenhuma mamãe, por isso é claro que não
> existe nenhuma.
>
> - Bem, mas às vezes quando estamos em silêncio, você pode ouvi-la cantando, ou sente, como ela afaga nosso mundo. Saiba, eu penso que só então a vida real nos espera e agora apenas estamos nos preparando para ela...
>
>
> PENSE NISSO.....
>
>
> M A R A V I L H O S O ! ! !
>
> A pessoa que escreveu este texto foi muito iluminada pelo nosso CRIADOR.
>
> Eu nunca havia pensado dessa maneira. Adorei a forma utilizada para
> esclarecer uma dúvida que atormenta a maioria da humanidade.
>
> Como achar que não exista vida após o nascimento??? Esta questão é a mesma de não acreditar em vida após a morte!!!
>
> Tudo depende de um ponto de referência. Usar o óbvio para explicar o
> duvidoso.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

A mentira e a fantasia

A mentira e a fantasia

Rodolfo Pamplona Filho

É preciso diferenciar
A mentira e a fantasia.
Enquanto a primeira
é pura destruição,
a segunda ajuda
no processo de construção.

Na mentira, há intenção
de iludir com uma enganação,
em que não há possibilidade
de dizer ser outra visão da verdade,
já na fantasia, o que há
é uma nova forma de encarar
a nua, crua e dura realidade
com uma pitada de criatividade.

Seja Papai Noel
ou a inocente cegonha,
não há porque ter vergonha
do que um dia se creu,
pois mesmo um Deus
já foi desacreditado,
por quem está do seu lado
e nada aconteceu...

Brasília, 15 de outubro de 2011.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

A importância do doutorado


QUANDO SE TEM DOUTORADO, lê-se assim:

O dissacarídeo de fórmula C12H22O11, obtido através da fervura e da evaporação de H2O do líquido resultante da prensagem do caule da gramínea Saccharus officinarum, (Linneu, 1758), isento de qualquer outro tipo de processamento suplementar que elimine suas impurezas, quando apresentado sob a forma geométrica de sólidos de reduzidas dimensões e arestas retilíneas, os quais configuram pirâmides truncadas de base oblonga e pequena altura, uma vez submetido a um toque no órgão do paladar de quem se disponha a um teste organoléptico, impressiona favoravelmente as papilas gustativas, sugerindo impressão sensorial equivalente provocada pelo mesmo dissacarídeo em estado bruto, que ocorre no líquido nutritivo da alta viscosidade, produzido nos órgãos especiais existentes na Apis mellifera (Linneu, 1758) . No entanto, é possível comprovar experimentalmente que esse dissacarídeo, no estado físico-químico descrito e apresentado sob aquela forma geométrica, apresenta considerável resistência a modificar apreciavelmente suas dimensões quando submetido a tensões mecânicas de compressão ao longo do seu eixo em conseqüência da pequena capacidade de deformação que lhe é peculiar.

QUANDO SE TEM MESTRADO, lê-se assim:

A sacarose extraída da cana de açúcar , a qual ainda não tenha passado pelo processo de purificação e refino e apresentando- se sob a forma de pequenos sólidos tronco-piramidais de base retangular, impressiona agradavelmente o paladar, lembrando a sensação provocada pela mesma sacarose produzida pelas abelhas em um peculiar líquido espesso e nutritivo. Entretanto, não altera suas dimensões lineares ou suas proporções quando submetida a uma tensão axial em conseqüência da aplicação de compressões equivalentes e opostas.

QUANDO SE TEM GRADUAÇÃO, lê-se assim:

O açúcar, quando ainda não submetido à refinação e apresentando- se em blocos sólidos de pequenas dimensões e forma tronco-piramidal tem similaridade com o sabor deleitável da secreção alimentar das abelhas; todavia não muda suas proporções quando sujeito à compressão.

QUANDO SE TEM ENSINO MÉDIO, lê-se assim

Açúcar não refinado, sob a forma de pequenos blocos, tem o sabor agradável do mel, porém não muda de forma quando pressionado.

QUANDO SE TEM ENSINO FUNDAMENTAL, lê-se assim:

Açúcar mascavo em tijolinhos tem o sabor adocicado, mas não é macio ou flexível.

QUANDO NÃO SE TEM ESTUDO, lê-se assim:

Rapadura é doce, mas não é mole, não!