sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Dubiedade

Dubiedade

Rodolfo Pamplona Filho
Gosto de parecer dúbio
e diferente do que sou,
só para ver a reação
daquele que não esperava
confrontar alguém diferente de si...

Adoro brincar publicamente
com minha própria sexualidade,
de forma a deixar intrigados
aqueles que não distinguem
as várias tonalidades de uma cor.

Divirto-me com aqueles
que professam uma Ideologia
como única e inquestionável barema
para decidir não só o futuro,
mas também como ver o passado.

Entrenho-me com manifestações
de uma Fé que não é a minha,
apenas para constatar
como diversas verdades
coexistem na incompatibilidade.

Amo jogar com as palavras,
evitando ser explicito,
pois a graça da dubiedade
está em ver a diversidade
de um universo infinito.

Salvador, 24 de janeiro de 2012.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O Bêbado culto...

O Bêbado culto...


Um político que estava em plena campanha chegou a uma  cidadezinha, subiu em um caixote e começou seu discurso:

- Compatriotas, companheiros, amigos!
 Nos encontramos aqui convocados, reunidos ou ajuntados para debater, tratar ou discutir um  tópico, tema ou assunto, o qual é  transcendente, importante ou de vida ou morte. O tópico, tema ou assunto que hoje nos convoca, reúne ou ajunta, é  minha postulação, aspiração ou candidatura à Prefeitura deste Município.

De repente, uma pessoa do público pergunta:

- Escute aqui, por  que o senhor utiliza sempre três palavras para dizer a mesma coisa?

O candidato responde

- Pois veja, meu senhor:

 A primeira palavra é para  pessoas com nível cultural muito alto, como poetas, escritores, filósofos etc.  A segunda é para pessoas com um nível cultural médio como o senhor e a maioria  dos que estão aqui. E a terceira palavra é para pessoas que têm um nível cultural muito baixo, pelo chão, digamos, como aquele bêbado ali jogado na  esquina.
De imediato, o bêbado se levanta cambaleando e responde:

- Senhor postulante, aspirante ou candidato! (hic) O fato, circunstância ou razão de que me encontre (hic) em um estado etílico, bêbado ou mamado (hic) não implica, significa, ou quer dizer que meu nível (hic) cultural seja ínfimo, baixo ou ralé mesmo (hic). E com todo o respeito, estima ou carinho que o Sr. merece (hic) pode ir agrupando, reunindo ou ajuntando (hic), seus pertences, coisas ou bagulhos (hic) e encaminhar-se, dirigir-se ou ir diretinho (hic) à leviana da sua genitora, à mundana de sua mãe biológica ou à puta que o pariu!


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Vocação Hereditária

Vocação Hereditária

Rodolfo Pamplona Filho
Quem será
que receberá
o legado da minha vida?
A quem será
finalmente destinada
a herança da minha sina?
Será que o que fiz,
tenho visto, lutado
e conquistei
terá alguma valia
ou algum significado
para quem não sei?
Imaginar haver sentido
em uma vocação necessária
é dar um prestígio indevido
a uma mera linha hereditária.
Acreditar na Legitima
é não perceber que
se é inocente vítima
de uma fazer sem querer...
O melhor, sem dúvida,
é que tudo o que sou
fique apenas na memória
e no coração
de quem me amou
e tudo mais que conquistei,
se eu mesmo não destinei,
que seja distribuído a quem
não teve a sorte que eu dei...

Salvador, 18 de janeiro de 2012.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Entenda o que é CAPITAL de GIRO

Entenda o que é CAPITAL de GIRO

Um viajante chega a uma cidade e entra num pequeno hotel. Na recepção entrega duas notas de R$100,00 e pede para ver um quarto.

Enquanto o viajante inspeciona os quartos, o gerente do hotel sai correndo com as duas notas de R$100,00 até o açougue pagar suas dívidas com o açougueiro.

Este pega as duas notas e vai até um criador de suínos a quem, coincidentemente, também deve R$200,00 e quita a dívida.

O criador, por sua vez, pega as duas notas e corre ao veterinário para liquidar uma dívida de... R$200,00.

O veterinário, com a duas notas em mãos, vai até a zona quitar a dívida com uma prostituta. Coincidentemente, a dívida era de R$200,00.

A prostituta sai com o dinheiro em direção ao hotel, lugar aonde, às vezes, leva seus clientes e ultimamente não havia pago pelas acomodações. Valor da dívida: R$200,00. Ela avisa ao gerente que está pagando a conta e coloca as notas em cima do balcão.

Nesse momento, o viajante retorna dos quartos, diz não ser o que esperava, pega as duas notas de volta, agradece e sai do hotel.

RESUMO: Ninguém ganhou ou gastou nenhum centavo, porém agora toda a cidade vive sem dívidas, com o crédito restaurado e começa a ver o futuro com confiança!


MORAL da história: Não queira entender economia.



segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Cobranças

Cobranças

Rodolfo Pamplona Filho
Por que você me exige
mais do que eu consigo
em tudo o que eu vivo?
Em qualquer sentido,
seja mesmo jurídico,
econômico ou afetivo,
há pouca coisa de verdade
que irrite mais, na realidade,
do que cobrança de produtividade...
Como se a vida
fosse uma corrida
para uma meta perseguida...
Como satisfazer
a obrigação de dar
e receber afeto?
De que forma
o credor pode demandar,
executar e penhorar
algo subjetivo e abstrato,
como a entrega total,
o compromisso imortal
ou o amor espiritual?
Sabe qual é o resultado
deste jogo marcado
para nunca ser empatado?
A perda da vontade
e da própria necessidade
de viver o relacionamento...
E, aí, é só sofrimento,
não somente de quem quis cobrar,
mas também de quem ousou sonhar...

Salvador, 18 de janeiro de 2012.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Invictus

Trecho do filme de Clint Eastwood com o poema de Willian Ernest Henley, em que se inspirou Nelson Mandela ao tempo de prisão. Texto e tradução do site casa da cultura.

Invictus

by William E Henley

Out of the night that covers me,
Black as the Pit from pole to pole,
I thank whatever gods may be
For my unconquerable soul.
In the fell clutch of circumstance
I have not winced nor cried aloud.
Under the bludgeonings of chance
My head is bloody, but unbowed.
Beyond this place of wrath and tears
Looms but the Horror of the shade,
And yet the menace of the years
Finds, and shall find, me unafraid.
It matters not how strait the gate,
How charged with punishments the scroll,
I am the master of my fate;
I am the captain of my soul.

Invictus

(Título Original: "Invictus")

Autor: William E Henley
Tradutor: André C S Masini

Do fundo desta noite que persiste
A me envolver em breu - eterno e espesso,
A qualquer deus - se algum acaso existe,
Por mi’alma insubjugável agradeço.
Nas garras do destino e seus estragos,
Sob os golpes que o acaso atira e acerta,
Nunca me lamentei - e ainda trago
Minha cabeça - embora em sangue - ereta.
Além deste oceano de lamúria,
Somente o Horror das trevas se divisa;
Porém o tempo, a consumir-se em fúria,
Não me amedronta, nem me martiriza.
Por ser estreita a senda - eu não declino,
Nem por pesada a mão que o mundo espalma;
Eu sou dono e senhor de meu destino;
Eu sou o comandante de minha alma.