quarta-feira, 16 de julho de 2025

Soneto





Sânzio de Azevedo



Há muito tempo, muito tempo mesmo,

sentisse uma tristeza ou uma alegria,

brotavam-me da pena, às tontas, a esmo,

rastros de poema, cacos de poesia...

É claro que nem tudo que me vinha

com maior ou menor facilidade,

ao fim e ao cabo, na verdade tinha

a mesma altura, a mesma qualidade.

Mas escrevia. Hoje, bem mais distante

ficou aquilo que era minha meta.

Somente a inspiração rara e inconstante

é que me diz que ainda sou poeta.

Já nem sei bem o que daria agora

para escrever poemas como outrora.



Nenhum comentário:

Postar um comentário