visão da
lua
(um poema em prosa às mulheres...)
Elise Haas
o feminino se esconde
não é para todos e nem é a todo o momento que ele se revela
precisa de uns ingredientes mágicos
pois é profundo e sensível
alegre e criativo
só que não se desperdiça à toa
preza pela graciosa acolhida de corações sinceros,
libertos,
que possam conquistá-lo e respirá-lo,
ainda que apenas por um instante
mas é fácil, não complicado
abrir-se e aguardar sua chegada
...
junto com a lua, o feminino vem,
tal como ela
- cheia, nova, crescente, minguante -
mutável e constante...
silenciosamente,
se desvela,
basta crer, e esperar, sem ansiar
só esperar...
tente lembrar aqueles momentos
em que você permitiu sua chegada
havia neles alguns ingredientes, creio...
talvez um pouco de mistério,
uma colher cheia de alegria,
umas pitadas de cumplicidade,
um punhado de intimidade,
certa sensualidade bem dosada
e quase obscena profundidade...
algo mais de indefinível e sem palavras,
como uma dança
um acorde
como um poema,
um passo,
um vôo, gostoso,
uma súbita e visceral gargalhada...
...
outras vezes, foi só imensidão,
como um céu escuro e infinito
velando o que restou do dia...
...
é...
é bem assim...
quando você se lembra dele
e olha alto o céu
ele aparece, de mansinho,
pois a todo o tempo está lá
e, tal como a lua
lhe acompanha e caminha
segue seu ciclo
basta você ter olhos de ver,
e corações de sentir
que ele vibra, e toca
o seu canto almado - cante jondo -
e toma o seu ser
Imagem: "Dancer" (Gustav Klimt)