segunda-feira, 31 de março de 2014

Temporão


Temporão

Rodolfo Pamplona Filho
A Rosa não desabrocha
apenas na primavera
A Chuva não refresca
apenas no verão

Temporão

Nem sempre se pode
planejar o tempo para tudo,
pois nem sempre há
somente um tempo certo...

Temporão

A Raspa de tacho
A surpresa da vida
A alegria do acaso
A felicidade querida...

Temporão

O presente fora de hora,
como se houvesse hora
para ganhar presente

Ser pai quando podia ser avô...
Ser filho de quem poderia ser neto...
Não há receita para ser gente...

Temporão...

Salvador, 10 de março de 2013.

domingo, 30 de março de 2014

NUNCA MAIS


Fausto Couto Sobrinho
10/3/2013

NUNCA MAIS

Esses vultos fugidios
que vêm do tempo do nunca mais
e brincam de esconde-esconde
nos cantos dos meus olhos
colhendo aqui e ali
uma lágrima, alguns ais

Vão embora, vão embora!
Porque agora...
Nunca mais! 

sábado, 29 de março de 2014

Musicando a Tristeza


Musicando a Tristeza

Rodolfo Pamplona Filho
Musiquemos a sensação...
A tristeza é inspiração...
O que machuca também ensina
e o sofrimento não precisa
ser uma eterna sina...
Somos movidos  a amor
e - porque não dizer? - a dor...
Somos o Som e a Dor...

Brasília, 14 de março de 2013.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Pipocas da Vida


Pipocas da Vida
   

          Milho de pipoca que não passa pelo fogo continua a ser milho para sempre. Assim acontece com a gente.

          As grandes transformações acontecem quando passamos pelo fogo. Quem não passa pelo fogo, fica do mesmo jeito a vida inteira.

          São pessoas de uma mesmice e uma dureza assombrosa. Só que elas não percebem e acham que seu jeito de ser é o melhor jeito de ser. Mas de repente, vem o fogo.

          O fogo é quando a vida nos lança numa situação que nunca imaginamos: a dor!

          Pode ser fogo de fora: perder um amor, perder um filho, o pai, a mãe, perder o emprego ou ficar pobre.

          Pode  ser fogo de dentro: pânico, medo, ansiedade, depressão ou sofrimento, cujas causas ignoramos.

          Há sempre o recurso do remédio: apagar o fogo! Sem fogo, o sofrimento diminui. Com isso, a possibilidade da grande transformação também.

          Imagino que a pobre pipoca, fechada dentro da panela, lá dentro cada vez mais quente, pensa que sua hora chegou: vai morrer. Dentro de sua casca dura,  fechada em si mesma, ela não pode imaginar um destino diferente para si. Não pode imaginar a transformação que está sendo preparada para ela. A pipoca não imagina aquilo que ela é capaz.

          Aí sem aviso prévio, pelo poder do fogo, a grande transformação acontece: BUM!

          E ela aparece como outra coisa completamente diferente, algo que ela mesma nunca havia sonhado.

          Bom, mas ainda temos o piruá... Que é o milho de pipoca que se recusa a estourar.

          São como aquelas pessoas que, por mais que o fogo esquente, se recusam a mudar.  Elas acham que não podem existir coisa mais maravilhosa do que o jeito delas serem. A presunção e o medo são a dura casca do milho que não estoura. No entanto, o destino delas é triste, já que ficarão duras a vida inteira. Não vão se transformar na flor branca, macia e nutritiva.

          Não vão dar alegria para ninguém.

quarta-feira, 26 de março de 2014

Ummuntu ngumuntu nagabantul


Ummuntu ngumuntu nagabantul


Um antropólogo estava estudando uma tribo na África, chamada Ubuntu, e, quando terminou seu trabalho, teve que esperar pelo transporte que o levaria até o aeroporto de volta pra casa.

Sobrava muito tempo,  então, propôs uma brincadeira pras crianças, que achou ser inofensiva.

Comprou uma porção de doces e guloseimas na cidade, botou tudo num cesto bem bonito com laço de fita e tudo e colocou debaixo de uma árvore. Aí ele chamou as crianças e combinou que quando ele dissesse "já!", elas deveriam

sair correndo até o cesto, e a que chegasse primeiro ganharia todos os doces que estavam lá dentro.

As crianças se posicionaram na linha demarcatória que ele desenhou no chão e esperaram pelo sinal combinado.

Quando ele disse "Já!", instantaneamente todas as crianças se deram as mãos e saíram correndo em direção à árvore com o cesto.

Chegando lá, começaram a distribuir os doces entre si e a comerem, felizes.

O antropólogo foi ao encontro delas e perguntou por que elas tinham ido todas juntas se uma só poderia ficar com tudo que havia no cesto e, assim, ganhar muito mais doces.

Elas simplesmente responderam: *"**Ubuntu, tio. Como uma de nós poderia ficar feliz se todas as outras estivessem tristes?"

*Ele ficou desconcertado! Meses e meses trabalhando nisso, estudando a tribo, e ainda não havia compreendido, de verdade, a essência daquele povo. Ou jamais teria proposto uma competição, certo?

Ubuntu significa: *"Sou quem sou, porque somos todos nós!"

*Na tradução literal da expressão inteira que é utilizada por esse povo:

*Umuntu ngumuntu nagabantu =

* *"**Uma pessoa só é uma pessoa por causa das outras pessoas**"* *.

  

*Atente para o detalhe: porque SOMOS, não pelo que temos...

UBUNTU PARA VOCÊ!


terça-feira, 25 de março de 2014

Diáfano


Diáfano

Rodolfo Pamplona Filho
O dia se faz noite
O dito fica pelo não
Ode
Ódio
Onde não sei se fico...
O Diáfano Espaço
O que, sendo compacto,
dá passagem à luz...
Transparente
como a diáfana fresta da porta...
A compleição diáfana
de quem, de frente,
parece estar de lado
e, de lado,
parece ter ido embora...
Diáfano
Dia foi
Dia fácil
Dia fogo
Dia fóssil
Dia faz ano
Dia faz plano
Diáfano ano...

Brasília, 13 de março de 2013.

segunda-feira, 24 de março de 2014

O Correto e o Justo




Para descontrair um pouco.


APRENDAM A DIFERENÇA, VIU?

Coincidentemente, dois juí­zes encontram-se no estacionamento de um motel e,
constrangidos, reparam que cada um estava com a mulher do outro.
Após alguns instantes silentes e de saia justa, mas mantendo a compostura
própria de magistrados, em tom solene e respeitoso um diz ao outro:

─ Nobre colega, inobstante este fortuito imprevisí­vel, sugiro que desconsideremos
o ocorrido, crendo eu que o CORRETO seria que a minha mulher venha comigo, no
meu carro, e a sua mulher volte com Vossa Excelência no seu..

Ao que o outro respondeu:

─ Concordo plenamente
com o nobre colega, que isso seria o CORRETO, sim...
no entanto, não seria
JUSTO, levando-se em consideração - que vocês estão
saindo, e nós estamos entrando...

domingo, 23 de março de 2014

Mares do Brasil


Mares do Brasil


Viver é mais que minha toca
- tenha certeza! -
Quero encontrar uma nova rota
com mais beleza
e conhecer os horizontes
de cada praia do Brasil:

Praia do Forte, Floripa
ou Fortaleza
Porto de Galinhas, Trancoso,
ou Olivença
Jericoacara, Paraty,
Pipa, Espelho ou Francês.

Sentir o infinito
azul ou verde
beber água de côco
deitar na rede
Nadar e mergulhar
até ficar sem respirar...

O barco solto,
vento gostoso no rosto,
os cabelos ao vento
ver uma linda sereia
e superar a areia
e qualquer tormenta (que passar)

Sentir a profundidade
e a calmaria na Imensidão...
No mar da tranqüilidade,
nao existe solidão...

Letra: Rodolfo Pamplona Filho
Música: Luciano Calazans 

Brasília, 12 de março de 2013.

sábado, 22 de março de 2014

IMPACIÊNCIA


Fausto Couto Sobrinho
10/3/2013

IMPACIÊNCIA

Sobe e desce
Sobe e desce
Ô balão, quando subirá de vez?

Vai e vem
Vai e vem
Esse serrar não acaba mais!

Piuiiii...
Piuiiii...
E esse trem que nunca chega!

Vou andar
Vou andar
Até quando?

sexta-feira, 21 de março de 2014

O Som e a Dor (O Poema)


O Som e a Dor (O Poema)

Rodolfo Pamplona Filho
Ouço o mar...
E a melodia das ondas
quebrando na praia
renovam uma sensação...
... um sentimento...
de uma ferida que se fechou,
mas que a cicatriz
não se apaga...

Uma dor...
Uma dor de perda...
da mulher que espera
o marido ou o pescador
voltar do trabalho ou do mar,
mas ele não retorna...
do filho que anseia
pelo encontro do pai
que nunca conheceu
e que não o beijará...
da mãe que não dorme
na expectativa da chegada
do rebento que se foi
e que jamais voltará...

Ouço o mar...
E o ritmo do choque
das águas com as pedras
agita o meu coração...
... como um lamento...
de um choro que se calou,
mas cujo som
é impossível esquecer...

Uma dor...
Uma nota quase inaudível
e somente perceptível
pelo ouvido absoluto
de quem já sofreu
e nunca...
nunca deixará de recordar...
O Som
O Mar
A  Dor
O Tom
O Sonhador
O Som e a Dor

O Som e a Dor
descansam
no oceano...

O Som e a Dor...

Aeroporto de Brasília, 10 de março de 2013.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Jack Kerouac


"Aqui estão os loucos. Os desajustados. Os rebeldes. Os criadores de caso. Os pinos redondos nos buracos quadrados. Aqueles que vêem as coisas de forma diferente.
Eles não curtem regras. E não respeitam o status quo. Você pode citá-los, discordar deles, glorificá-los ou caluniá-los. Mas a única coisa que você não pode fazer é ignorá-los. Porque eles mudam as coisas. Empurram a raça humana para a frente. E, enquanto alguns os vêem como loucos, nós os vemos como geniais. Porque as pessoas loucas o bastante para acreditar que podem mudar o mundo, são as que o mudam."

Jack Kerouac

quarta-feira, 19 de março de 2014

Soneto da Jornada de Direito Civil


Soneto da Jornada de Direito Civil

Rodolfo Pamplona Filho
De todos os cantos do Brasil,
juristas da mais alta qualidade
vêm discutir o Direito Civil
com a maior profundidade.

Reunidos em comissões,
apresentam reflexões,
debatem proposições
e tomam decisões

de lançar enunciados
com idéias de inovação
a divulgar para todos os lados

para reconstruir a visão
do Direito aplicável à nação,
realizando a justiça do cidadão.

Brasília, 15 de março de 2013.

terça-feira, 18 de março de 2014

ALZHEIMER


ALZHEIMER
* Por MMendes

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Olhando aquele corpo moribundo de boca murcha e desdentada, tentando morder a própria língua, não há como imaginar que já foi cobiçado pelos homens e invejado pelas mulheres. O brilho de seus olhos azuis flamejantes é a única expressão de comunicação. Não anda, não fala, não gesticula, não se alimenta sozinha. Parece que sua alma está deixando o corpo aos poucos. Seu punho fechado e os músculos do antebraço contraídos, parecem ter-se agarrado à vida com medo dela se desprender. Seus pés possuem movimentos involuntários, como que flutuando no ar. Foram amarrados à cama, talvez na tentativa de mantê-la presa à terra.

A enfermeira senta-se a beira de sua cama e lê um trecho de um livro qualquer. Mas, o olhar de Elza se perde no infinito, como quem está com o pensamento muito longe. Talvez buscando uma saída do labirinto em que se encontra, feito pelos corredores de vazios criados pelo desfibrar de sua rede neural. De vez em quando parece encontrar uma saída fazendo foco em alguém. Nesse momento seus olhos fazem água, sua boca treme e um murmúrio rouco rompe a garganta, como se pedisse socorro. Instantes depois, perde novamente a sintonia como que abduzida para o vazio de sua mente.

Seu olhar perpassa os corpos das pessoas, menos o da enfermeira e do marido. Estabelecem conversa pela flutuação do brilho dos olhos. É como um código morse de luzes intermitentes que só eles entendem. Penso que seja um código de amor que só os enamorados conseguem decifrar. O marido cuida de seu corpo, como os embalsamadores preparavam os corpos dos faraós para a eternidade, na esperança de que, depois de terem vencido a morte, retornassem a vida em algum momento. Pede que a enfermeira pinte cuidadosamente suas unhas de vermelho e que deixe suas sobrancelhas finas e arqueadas, retirando o excesso de pelos, como Elza gostava. Também não descuida de mudar sua posição no colchão de água, para que não forme escaras. Ao menor sinal de febre ou expressão de dor, socorre-se do médico da família que a visita semanalmente.

As memórias de Elza se vão como luzes de apartamentos de um edifício apagando-se uma após a outra, até que fique em total escuridão. A evolução da doença sugere que esse apagão segue uma ordem. No início o paciente esquece algumas palavras ou deixa pensamentos inacabados. Passa a esquecer fatos antigos e recentes. A medida em vai progredindo, o portador do mal de Alzheimer se esquece do tempo, se esquece de falar, se esquece dos familiares e por fim, se esquece de comer, de beber, de ir ao banheiro e no final, de viver.

Os médicos dizem que ainda não se descobriu a causa da doença e portanto não tem tratamento. Acho que Elza contraiu essa doença da própria história e do próprio tempo. A vida de cada um de nós é como um neurônio da história e poucas pessoas conseguem ser lembradas. A maioria morre e não deixa nenhum lembrança ou marca. Ao morrer toda aquela vida se apaga, tal qual ocorre no cérebro de Elza por causa do Alzheimer. Quem se lembra quem foi seu antepassado da 10a. geração? E da 5a. geração? Um grande número de pessoas não sabe nada sobre seus avós, quem foram, de onde vieram, o que fizeram. O povo não guarda na memória as mazelas dos políticos. Também os heróis e os artistas descansam esquecidos. Somos um povo sem memória, somos uma nação com Alzheimer.

A vida é um elo entre extremos. Nascimento e morte, bem e mal, certo e errado. Como a vida não se posiciona nos extremos, mas antes é o elo entre eles, tudo que é ruim tem um lado bom e o que é bom, revela seu lado ruim.

Quando detinha alguma capacidade motora, um dos primeiros testes em que reprovou foi o de desenhar um relógio. Se esquecia de colocar os ponteiros. Isso significa que a consciência de Elza perdia noção de tempo. Sem passado, nem presente e nem futuro, presa no limbo entre o infinito primordial e o terminal. Antes da doença era metódica, muito responsável e cheia de obrigações. Acordava logo de manhãzinha pegava seu material de trabalho e ia para a escola dar aulas. Tinha uma carga horária extensa, umas 15 horas de trabalho por dia. Só parava tarde da noite. Para quem não tinha tempo para nada, o tempo agora não tem mais ponteiros. Elza que sempre foi uma pessoa apegada a compromissos, finalmente se livrou deles.

Quando, ainda, sabia falar, já havia se esquecido da relação de parentesco. Uma vez foi perguntada que parentesco teria com sua irmã Marleide. Não se lembrava. Procuraram relembrá-la, então ela disse: “- Ah! É minha irmã!”. Logo em seguida questionaram sobre o parentesco com o marido e ela disse: “-É meu irmão também”. Elza era filha de pais separados e nutria uma profunda mágoa do pai por causa da separação. Finalmente a doença a fez esquecer do parentesco e com isso, acho eu, apagou suas mágoas para sempre. Evidentemente, devido a natureza da doença, no lugar da mágoa ficou um vazio que não foi preenchido. Também haviam desaparecido as paixões carnais subsistindo, entretanto, o mais puro amor pelo marido, que era fraternal.

Elza vive presa numa fração de tempo infinito. Podemos ver em seu olhar o desejo de viver e a luta que trava contra a morte. A única janela acesa no edifício cerebral de Elza é a janela do amor. O amor é a pedra fundamental onde é edificado tudo o que somos e, por isso, é a última coisa a se apagar no cérebro humano.

Benedito Spinosa, filósofo holandês, ensina que o “homem livre não pensa em nada a não ser na morte; e a sua sabedoria é uma meditação não sobre a morte, mas sobre a vida”. Pensar a morte, por mais paradoxal que seja, é o que dá sentido à vida. Aquele que encara a morte, corre para a vida. Elza descobriu, enfim, o sentido da vida.


segunda-feira, 17 de março de 2014

Sentido das Palavras...


Sentido das Palavras...

Rodolfo Pamplona Filho
Só SOS, cego
Só Sossego
Se derrame
Se der, ame

São Paulo, Lollapalloza, 31 de março de 2013.

domingo, 16 de março de 2014

O ABRAÇO



O ABRAÇO
* Por MMendes

Num abraço,
dois braços 
te apertam
como um laço.
Se me abraça,
quatro braços
fecham o espaço
para solidão.
Eu começo,
eu te abraço...
tu me abraças,
nós nos abraçamos.
Depois eles se abraçam,
e o verbo ganha vida,
no gesto que passa
de braço em braço.

Eu bebel e Telma com pablo.jpg

sábado, 15 de março de 2014

Canções da Natureza


Canções da Natureza

Rodolfo Pamplona Filho
Quero ouvir as canções
que aprendi com a natureza
e descobrir as emoções
despertadas pela beleza

de aprender a transitar
tanto pela natureza humana,
quanto pelo sagrado deslumbrar
da mãe natureza profana

Podemos ter o mesmo vinho
em diferentes garrafas
Podemos ver o mesmo riso
em diferentes faces

Ser geral, sem ser bucólico
Ser animal, sem ser erótico
Para  quem ouvir possa
decodificar com facilidade
Para quem sentir possa
viver cada necessidade
Nada empírico
Nada crítico
Apenas respirar
a mensagem das entrelinhas...
ou também nas entrelinhas?
Deixe o mundo descobrir...

São Paulo, 28 de março de 2013.

sexta-feira, 14 de março de 2014

Poe-sinhá



Poe-sinhá

Poeta poetiza poesia, põe e tira
Veste o verso do avesso e cria
Universos
O poeta une versos
Estrofiza o poema, a mentira

Cacofonizando a metonímia
Enverdeirando neologia
Personifica a natureza
Prosopopeia a sujeita
Que está sujeita à eufemia
De ser apenas uma musinha:
A poesinhá diminutiva.

Ricardo Abraão L. Moraes

quinta-feira, 13 de março de 2014

Compatibilidade de Gênios



Compatibilidade de Gênios

Rodolfo Pamplona Filho
Pense em criar
Pense mais que reprodução
Acredite que faz diferença
Acredite em um mundo diferente
Produza tudo que der
Produza como quem respira
Diga em peças o que é sensação
Diga em palavras a poesia da canção
Traduza o significado da dor
Traduza o conceito de amor
Faça o que ninguém entende possível
Faça o que dizem impossível
Torne- se Deus
Torne-se o inicio e o fim
Seja maior do que é
Seja você mesmo 

São Paulo, 30 de março de 2013.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Para Sempre


Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
- mistério profundo -
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 11 de março de 2014

Filosofia dos Salmões


Filosofia dos Salmões

Rodolfo Pamplona Filho
Não existem obstáculos
que impeçam a jornada...
O altruísmo está presente
e é longa a temporada...
Exuberante e idílico,
o caminho é a própria vida..
Nadar contra a correnteza
para completar o ciclo
a todo e qualquer custo.
Enfrentar
Sofrimento
Intempéries
Predadores
Para acasalar
onde nasceu
e depois fenecer
sem um medo sequer...
Surgir em um afluente
Rumar ao oceano
e, depois, voltar
e cumprir seus ciclos
Somos círculos
Plotino
Hipátia
Ser salmão ou tartaruga
Não ligar se a luta é dura
e simplesmente só ser...

São Paulo, 28 de março de 2013.

segunda-feira, 10 de março de 2014

REDE SOCIAL?


REDE SOCIAL?

Juntos e distantes
Não choram, não riem
Não ouvem. Não falam.
Tão perto,  tão longe.
Presença ausente.

Um na rede
Com amigo estranho
Ali na máquina.
Lê uma crônica
De morte lenta
E vida trágica.

O outro reclama
Caído ao léu,
Janela trancada
Não vê o sol
Nem o azul do céu.
Luz só da máquina.
Escuro ao redor,
Chora de dor.
Ninguém escuta.
Só tem a rede
Que é  de isopor.

Um ao celular
Tecla , tecla, sem parar.
Um amigo presente
E ele nem sente.

O outro zomba
Do amigo virtual
Que saiu da rede
E que nunca viu
E da amizade
Que não sentiu.

E cadê o amigo
Que estava aqui?
Foi-se a tempo,
Sem ninguém saber,
Procurar alguém
De carne e osso
Pro bem-querer.

Maria Francisca-novembro/2012.

domingo, 9 de março de 2014

Reconstruindo-se


Reconstruindo-se

Rodolfo Pamplona Filho
O fim de uma relação
não importa
para o final
de uma canção.
O fim de todo evento,
até mesmo um casamento,
é sempre um marco
que altera a ordem natural,
pelo menos a esperada,
de todas as coisas...
Mas o importante é
se sentir feliz...
E, se sou feliz,
purifica-se minha alma
a cada aurora
ou a cada lembrança
de outrora...
pois é com os tijolos quebrados
que se constrói uma nova casa...

São Paulo, 28 de março de 2013.

sábado, 8 de março de 2014

Mulher; Ah mulher

Mulher; Ah mulher

Ser que faz nascer
Elo essencial pra uma vida crescer
O passar do tempo acumula-lhe funções
A mulher não perde a delicadeza nas emoções

Olhar charmoso
Beijo afetuoso
Ela é muito sincera
Um companheiro assim espera

Guerreira pronta para a luta
Com seu jeito peculiar escuta
Gosta de falar e ouvir
Mas o seu prazer estar em sentir

Sentir que nessa vida há ainda muito a conquistar
Por amor sobe ao altar
Mulher que hoje tem o direito igual
Mostra-se capaz além do visual

Segue o caminho traçado
Vence obstáculo contra si ameaçado
Não se convence de um simples não
Apesar de nascer sozinha, não gosta de solidão

Muitas vezes a vida lhe mostra outras verdades
Com feridas ilusões faz maldades
Mas nunca é tarde para mudar o destino
Porque o que o seja senão desatino?

Vaidosa e teimosa
Com gênio forte mulher é muito formosa
Por trás do look
Sua vida além além de um book

E por assim ser
O Dia da Mulher que faz por merecer
Toda honra e glamour é pouco
A Mulher faz tudo por amor e não pede troco

Vanessa Bacilieri (Dia da Mulher -2013)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Discurso como Paraninfo dos Formandos 2012 matutino do Curso de Direito da UNIFACS


Magnífica Professora Márcia Pereira Fernandes de Barros, Reitora da Universidade Salvador – UNIFACS
Ilustríssimo Prof. Adroaldo Leão, Coordenador do Curso de Direito,
em nome de quem saúdo todas as demais autoridades presentes e representadas.
Meus colegas, alunos, amigos e parentes dos formandos.
Meus afilhados.

                        Por diversas vezes, tentei rascunhar este discurso, mas não sabia como fazê-lo…
                        Sinceramente, eu fui surpreendido com o convite para paraninfar esta turma...
                        Eu, definitivamente, não tinha a menor sombra pálida de desconfiança de que isto poderia acontecer, tanto que, no dia que vocês combinaram de me fazer a surpresa de comunicar tal honrosa eleição, eu nem estava presente...
                        A honra de pronunciar o discurso final de um curso é tão grande que nunca sabemos exatamente o que fazer...
                        De fato, eu não conseguia imaginar como fazer um pronunciamento que pudesse ser como um biquini: abrangente para cobrir o essencial, mas curto o bastante para manter o interesse…
                        Daí, em vez de procurar respostas para a minha ansiedade, resolvi mudar o foco e comecei a formular perguntas que poderiam me socorrer na empreitada que fui desafiado a realizar, bem como uma análise da simbologia que este momento representa…
                        De fato, para que serve um discurso de paraninfia?
                        Tradicionalmente, é ele um pronunciamento magistral, proferido por um professor ou por alguém eleito pelos novos profissionais, com a finalidade de ser a derradeira aula no curso que se encerra…
                        E o que é um paraninfo de uma turma de formandos?
                        É alguém eleito para ser o padrinho da turma.
                        E o que é um padrinho?
                        Diferentemente do que muitas vezes é ventilado, o paraninfo não é um “patrocinador” ou um “paganinfo”, que se apropriaria do espaço de tempo de uma formatura, para fazer algum tipo de promoção pessoal.
                        Definitivamente, não!
                        Não é este papel distorcido que deve mover os bons sentimentos daqueles que, um dia, sonharam em unir suas forças e talentos em prol de um valor abstrato – e tão maltratado! – chamado justiça!
                        Longe disso, o paraninfo é um símbolo de uma figura paternal.
                        Um pai!
                        Sim, um pai!
                        Um pai que se orgulha do potencial de seus filhos.
                        Um pai que se emociona com o resultado de seus esforços.
                        Um pai que não tem pudor de chorar com a vitória de suas crias...
                        Um pai que, tentando conter as lágrimas, busca “manter a pose” e faz uma reflexão sobre um período da história daqueles que, tão jovens, cresceram sob o seu olhar e convívio...
                        Cinco anos se passaram para a maioria dos novos bacharéis aqui presentes, desde suas primeiras lições no curso de Direito
                        E, examinando a história de um grupo tão complexo e heterogêneo como o que hoje se forma, percebo nitidamente que o destino, nas suas intrincadas peculiaridades, fez com que toda uma história pudesse ser revivida nesta noite.
                        Examinem-se...
                        Examine a mesa diretora dos trabalhos e cada nome lembrado por vocês para ser destinatário de reverências neste momento...
                        O primeiro ano do curso está aqui...
                        Que coisa linda, para mim, é ver, dentre os professores homenageados, meu amigo, colega, ex-aluno e discípulo, Antonio Lago Júnior. Civilista de escol, introduziu a turma no conhecimento jurídico dogmático.
                        Ao seu lado, o grande Jorge Almeida Uzêda, figuraça inesquecível, com seu profundo conhecimento interdisciplinar, que transita, com proficiência, entre o Direito, a Filosofia e a História.
                        O segundo ano do curso está aqui...
                        Nele, encontro o 2º. ano-A, uma turma inquieta, divertida, animada...
                        Com ela, ensinei Direito Civil II (Obrigações e Responsabilidade Civil), mas aprendi tanto ou muito mais com seu convívio...
                        Com eles, curti fazer o “amigo secreto de ovos de páscoa, o TRTour, a gincana, o “torta na cara” no velho “curral”... Tudo compartilhado em fotos e saudades...
                        Saudades...
                        Sinto falta de grandes figuras, que, infelizmente, não estão se formando com vocês, como Guilherme Celestino, Gustavo Ivo, Eduardo Simões, entre outros...
                        Mas o segundo ano está vivo e forte aqui também na figura impoluta e marcante do nosso Comandante, Prof. Adroaldo Leão, também professor homenageado e a quem o senso de justiça de qualquer pessoa que viva este curso jamais pode ter o descalabro de deixar de prestigiar.
                        Se o Curso do Direito da UNIFACS se tornou tudo que ele é, para a a própria Universidade, para a cidade e para o mundo jurídico, não se pode deixar de reconhecer que o mérito cabe a esta figura, que nunca hesitou em defender a qualidade do curso, sem nunca ter medo de dizer “não” quando necessário ou de sofrer críticas daqueles que não tinham a macro-visão indispensável para o bem da coletividade.
                        E, ao seu lado, no ensino do Direito Constitucional, meu amado filho por adoção intelectual, o Prof. Miguel Calmon Teixeira da Carvalho Dantas, um “gênio da raça”, em que a inteligência se confunde com a disciplina, a competência e a simpatia. Que honra é estar ao seu lado, filho!
                        O terceiro ano do curso está aqui...
                        Eleita como “amiga da turma”, vejo minha querida colega e ex-aluna, Prof. Renata Fabiana Santos Silva, um talento para o magistério, que despontou justamente aqui na UNIFACS, conquistando o respeito de todos pela sua seriedade acadêmica e conhecimento.
                        Também do terceiro ano, vejo meu afilhado, Prof. Luciano Lima Figueiredo, que, no passado, foi meu aluno na graduação e orientando no Mestrado e, hoje, é um dos mais respeitados professores de Direito Civil da Bahia, quiçá do país, tendo eu o orgulho de tê-lo ao meu lado em diversas outras atividades, o que muito me honra e que quero que continue assim para o resto da vida.
                        O quarto ano do curso está aqui...
                        Nele, encontro o 4º. ano-B, uma turma intrigante, diferente de todas as outras que eu tive anteriormente.
                        Com eles, estimulei a interação, o pulsar de vida, a compreensão dos desígnios do universo...
                        É que, mesmo ministrando a disciplina “Direito Processual do Trabalho”, com eles não me limitei ao cumprimento do programa acadêmico, mas busquei ampliar seus horizontes, discutindo, de tudo, um pouco, inclusive sobre política, relacionamentos e até liberdade religiosa...
                        Consegui até mediar brigas sobre o ar condicionado da sala e estimular a realização de uma festa de São João...
                        E me diverti com seu talento nas audiências simuladas do mundo da alta costura e dos “Piratas do Caribe”, tanto na versão inesquecível de Jack Sparrow, quanto na lúdica de Peter Pan e Capitão Gancho...
                        E como fazem falta aqui, nesta solenidade, Rafinha, com seu jeito apaixonante de ser, Beatriz, com seus lanchinhos na aula, e outros tantos...
                        E deste quarto ano de curso, vocês nos presenteiam com a lembrança do melhor professor do curso de Direito da UNIFACS, o insuperável Prof. Rômulo de Andrade Moreira, a quem vocês reservaram a homenagem como Patrono.
                        E nenhuma homenagem poderia ser mais justa do que ela.
                        Patrono é o exemplo e o defensor.
                        Quem melhor para exercer tal papel se não aquele que é o único professor homenageado por absolutamente todas as turmas que se formaram no curso de Direito da UNIFACS?
                        Rômulo, se Roberto Carlos estivesse aqui, diria: “Este cara é você!”
                        E, finalmente, o quinto ano do curso está aqui...
                        Ah, o quinto ano...
                        Ano de stress...
                        Comissão de formatura...
                        Monografia de final de curso...
                        Cumprimento das atividades complementares, que poderiam ser integralizadas totalmente desde o primeiro ano do curso, mas que alguns retardatários insistem em querer marcar um gol de mão, em impedimento, aos 48 minutos do segundo tempo...
                        E, neste ponto, recebam minhas congratulações pela lembrança de Moara, como funcionária homenageada, pois ela deve ter tido uma paciência de Jó para tentar equacionar todos os pleitos simultâneos e urgentes que lhe eram apresentados...
                        E deste derradeiro ano, vocês lembraram de duas criaturas também muito especiais.
                        Em primeiro lugar, o Prof. Edivaldo Machado Boaventura, eleito como o “nome da turma”.
                        O “nome da turma” é sempre um símbolo, para a sociedade, de quem os formandos mais têm respeito e consideração.
                        Ora, como é maravilhoso ver homenageado aquele que se tornou, para mim, também um referencial paterno, já que foi uma “amizade de filho para pai” que permitiu o nosso encontro.
                        Prof. Edivaldo, não há feedback maior que um professor consagrado possa ter do que, no ano em que o senhor retorna à graduação, ser lembrado, como símbolo, para uma geração, cuja faixa etária dista mais de meio século e que, mesmo assim, lhe reserva um carinho que somente se guarda no coração....
                        E, para mim, é sintomático que, nesta lembrança do derradeiro ano do curso, estejamos ombreados com o apaixonante Prof. Roberto Lima Figueiredo, também eleito amigo da turma.
                        Professor respeitadíssimo de Direito Civil, advogado militante, Procurador do Estado combativo, autor de obras jurídicas, poderia eu passar um bom tempo só descrevendo suas qualidades, mas prefiro, como sempre, lembrar da frase com que minha esposa o definiu, quando tive a honra de ser seu orientador no mestrado: “o orientando que está sempre sorrindo”...
                        Ser feliz com a vida é tudo que se quer da vida...

                       E, meus afilhados, dirigindo-me somente a vocês, nesta vida, ouçam o conselho deste seu amigo que, tendo ultrapassado a significativa marca dos 40 anos e sobrevivido a intempéries que poderiam já ter me levado embora, tem a consciência de que já tem mais passado do que futuro...
                        Não vou eu ministrar uma lição teórica de Direito ou dos encantos da pesquisa científica.
                        Não vou falar sobre os meandros da vida judiciária ou dos desencantos da luta política.
                        Não vou palestrar sobre a densidade da filosofia ou das vicissitudes do lidar com os semelhantes...
                        Não, nada disso...
                        Eu quero lhes falar de amor...
                        Sim, de amor...
                        De amor por todas as coisas e todas as horas...
                        De amor pela vida, por viver, por nunca desistir de que vale a pena pulsar...
                        Eu quero falar que amar é tudo de bom...
                        Seja amar o Vitória, como Ailson, seja amar os Beatles, como Luiza.
                        Seja amar a literatura, como Ana Carolina Borges, seja simplesmente de ter uma crise de riso solto, como Fau Bahia.
                        Seja amar nossos filhos de forma incondicional, como Ana Claudia (“Cacau”) se dedica a Bia e Lucas;

                        Eu quero dizer que vale a pena buscar no outro o amor que se completa em si...
                        E, nisso, amei acompanhar a evolução do relacionamento do dedicado Serginho e a talentosíssima Amanda, nossa já mestranda na UNISINOS...
                        Entre a brilhante Fabiana e o não menos competente Amaral...
                        Entre a dulcíssima Renata e a grande figura Zanoni...
                        E todos testemunharam o meu bordão de que aluna minha é filha minha e eu sei tratar muito bem os meus genros...

                        Eu quero dizer que nunca é tarde para começar ou recomeçar...
                        Mesmo quando mudamos de turma como Alex.
                        Mesmo quando administramos uma família, como Cris Queiroz e Ludmila Sampaio.

                        Eu quero dizer que todo obstáculo para ser superado...
                        Nem que seja a distância de Villas do Atlântico para a Garibaldi, como Mari Dantas.
                        Mesmo que seja para dirigir uma Comissão de Formatura, sem perder a simpatia e a elegância, como foi o caso de minhas amadas, dedicadas, lindas e competentíssimas Alê Batinga e Marcela Carvalho.

                        Eu quero dizer que vale a pena se divertir com que a vida nos proporciona...
                        Nem que seja o privilégio de conviver com a linda “drama queen" Ana Cláudia Domitilo Costa, minha dedicada orientanda de monografia.
                        Ou de dar boas risadas com minha querida “sininho” Andrea Sousa ou com a alegria de Raissa Fernandes e Yasmin Leal?
                        Ou da seriedade acadêmica de nossa também orientanda Maria Clara Seixas, já atuando na advocacia em SP?
                        Ou de conviver com pessoas meigas, tão gente boa que dá para fazer um time de futebol feminino, como Camila Medeiros, Carolina Ramos Silva, Isadora Alencar, Larissa Effren, Luisa Dultra, Maira Santana Pacheco, Manuella Dias Cardoso, Clarinha Musse, Cau Gondim, Tassia Lorena e Stephanie Fonseca?
                        Ou com o prazer, que sei que terei, com a militância trabalhista de Camila Souza, Mari Novaes Casaes, Priscilla Fleming ou Victor Perón?
                        Ou com o jeito tranqüilo de Esdras, Vitinho Conceição e Tiago Rocha?
                        Ou com criaturas altamente comunicativas como o gigante Felipe Sarno, a risonha Jamile, a estudiosa Larissa Castro, o simpático Elyote, o figuraça Galloti ou a despachada Viviane?
                        Ou com líderes natos como Nanda Carvalho e Gabriel Amorim?
                        Ou de personalidade forte, em rostos delicados, como Lara Rangel, Priscila Adorno ou Paulinha Araújo?
                        Ou da postura questionadora de Lucas Filardi?
                        Ou do “menino de ouro” Luis Roberto Adan?
                        Ou com o talento “caderno de ouro” de Monique Alvarez e Talita Nascimento, a quem muita gente deve a formatura?
                        Ou o interesse indisciplinar do meu brother Geek Serjão, com quem bati altos papos sobre cultura pop e política?
                        Ou com a religiosidade evidente de Thainara?
                        Ou com o futuro prefeito de Caculé, Pedro Novais Ribeiro?

                        Como eu gostaria de ter tempo para poder continuar falando de cada um de vocês pela noite toda...
                        Mas é hora de encerrar...
                        Até mesmo porque o biquíni prometido já está virando um maiô...
                        É hora da palavra final...
                        E, vindo de mim, uma palavra final sempre teria de ter poesia...
                        Quando eu cheguei perto desta idade simbólica dos 40 anos, resolvi mudar minha postura de vida.
                        E tentei sintetizar tudo isso em um poema, que, hoje, dedico a todos vocês:

Sede de Viver


Eu quero viver intensamente
como se fosse morrer de repente
sem nova chance, irremediavelmente...
Eu quero uma vida sem rotina
onde cada dia tenha a sina
de, do outro, ser diferente...

Eu quero nunca ficar sozinho,
mesmo que, alguns momentos,
eu precise estar só para pensar!
Eu quero dar atenção a todo elemento
que precisar de mim, para ajudarr,
acreditando que, alguém, posso mudar!

Eu quero que minha mulher
seja simultânea mãe, parceira,
amante e companheira!
Eu quero acompanhar diariamente
o crescimento de meus filhos
e ser seu melhor amigo eternamente!

Eu quero colocar para fora
todos os sentimentos que guardo
no peito que trazem um gosto amargo!
Eu quero produzir tudo que outrora
programei, um dia, escrever,
plantar, compor, construir ou ler!

Eu quero me sentir desejado,
como nunca antes no passado,
e minha energia não sublimar...
Eu quero aprender a me vestir,
saber onde chegar e de onde vir
o que, com quem e como falar...

Eu quero fazer amor outra vez
com o desejo de quem nunca fez
e o conhecimento da experiência!
Eu quero chorar de felicidade
e sorrir na adversidade,
lutando pela sobrevivência!

Eu quero tudo isto e muito mais...
mesmo que digam que é olhar para trás,
eu não vou me importar,
pois tudo que der, eu vou fazer,
sem medo de tentar ou errar,
sem receio de me machucar,
na busca, finalmente, de saciar
minha recém-descoberta sede de viver.

                        Sejam felizes!
                        Vivam a vida!
                        Contem sempre comigo!



Proferido no Teatro Yemanjá, no Centro de Convenções da Bahia, em 07/03/2013