domingo, 30 de outubro de 2016

As cartas de Elohim


Ricardo Albuquerque

Elohim é um professor de filosofia, já aposentado, que acaba por perder a esposa, Graça, vitimada, de forma inesperada e abrupta, por um tumor implacável. Sem ter tempo (e direito) de chorar a morte “de sua graça”, o Professor Elohim carrega consigo uma tríplice responsabilidade, a tutela dos trigêmeos, seus netos, filhos de sua única filha, desaparecida, Vasti, que, após uma severa depressão pós-parto dos trigêmeos, empreende uma viagem ao exterior, mais precisamente, ao Noroeste da Espanha, em Santiago de Compostela, de onde se limitou ao envio de um único cartão postal, e, desde então, cinco longos anos passaram-se, sem sombra de notícias. Neste cenário, Elohim tenta recompor-se da perda da esposa, empreende esforços para descobrir o paradeiro da filha, e, com muito esmero, faz-se de pai e mãe dos trigêmeos, aos quais se doa com amor incondicional.  Retoma as aulas de filosofia na Universidade, para fazer frente à crise financeira que enfrenta. Porém, numa manhã qualquer, é surpreendido com um diagnóstico médico aterrorizante: um timoma -, um tipo de tumor maligno localizado no mediastino, região do tórax que fica entre os pulmões. Certo de que, em breve, perderá a luta em face deste cruel antagonista, Elohim passa a redigir cartas secretas, sobre diversos temas da vida, a fim de que os netos recebam as mesmas com constância religiosa, as quais, algumas delas, fazem parte desta coletânea nomeada de ‘As cartas de Elohim’.

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