Ricardo Albuquerque
Oh poeta, que a inexpugnável força de Elohim continue sendo a sustentação do teu verso, mesmo que em oceano bravio estejas imerso...
Sofre, poeta!
Por entre as grades da masmorra, que detém-te, sopra palavras ao vento, poesias em celeste vôo, aptas a pacificar corações...
Sofre, poeta!
Suporta as sombras do teu claustro, feito um beneditino, resignado à sina que lhe foi oferecida, ou, sem que ele saiba, imposta. Talvez a resignação do beneditino seja uma pena imposta, celeste, que ele mesmo julga ter sido dele a escolha, mas a imposição vem do alto: Faça-te em verso e prosa no teu claustro...
Sofre, poeta!
Lança o teu pão sobre as águas, e, depois de muitos dias o acharás. Reparte com sete ou setecentos, a sua poesia, que será como o cesto de pães e de peixes, no milagre da multiplicação, sempre haverá pão ao alcance das tuas mãos, e peixe na altura do teu coração, então, pão e peixe far-se-ão poesia em ti. Não a deixe...
Sofre, poeta!
A poesia alada, produzida pela sua alma, parturiente, e que se faz elixir medicamentoso a todos os que te ouvem ou te lêem, esta mesma poesia, será o teu pão, o teu chão, regressando a ti, curando-te, então, fazendo-te são...
Sofre, poeta!
És o vaso de alabastro. O emplastro que sara dores, de um mundo, já, tão senil. Sê juvenil. Carrega o teu cântaro. O cântaro das suas inspirações. Suporta o peso. Jamais te verás ileso: de dor e nem de amor. És poeta. Reparte...
Sofre, poeta
Sabes, Poeta?
ResponderExcluirQue há outra poesia?
A que espalha,
além do pão, a alegria
A que acalenta a luta
A que desperta
A que eleva o verso
contra a força bruta
A que liberta
Sabes poeta para que serve a Poesia?
Para tudo, e com paixão
Mas, desculpa, para emplastro, não!
Com certeza, Rogerio!
ExcluirAbraços,
RPF