sábado, 9 de maio de 2020

Quarentena






Quarentena:

Pedaço esquecido de nós 

Exposto à nós 

Como um véu que se retira

Estamos despidos com a alma nua

Vendo em nós o retrato do abandono 

A descrição do quanto fomos o que não somos 

Do nosso personagem que insiste em aparecer sem ser

É conviver, É sentir o dissabor de conviver

Sem disfarces habituais 

Sem nada igual

É sentir o peso do julgamento 

Que fizemos do outro

E que somos obrigados a fazer de nós mesmos

De nossos fracassos

De nossas dores

Das cores de nossa áurea 

Que lutamos para esconder 

É se expor, é ser

Quarentena é um internamento forçado do corpo 

Para curar a alma 

É um desespero angústiante 

Que contraditoriamente acalma

É se enxergar despido 

Vencido, na própria limitação 

É suportar o peso das internas emoções 

É cura, É liberdade, É também descoberta e felicidade

É ser, É se conhecer é reconhecer que somos apenas humanos.



Rosiane Alves

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