quarta-feira, 30 de junho de 2021

Alívio




Como é estranho  

não sentir falta 

do que era essencial 

até bem pouco... 

 

Como é inovador  

poder respirar novamente  

sem a sensação  

de que tudo sufocava... 

 

Como é libertador 

saber que há vida  

fora do casulo 

da sua metamorfose... 

 

Como é revigorante  

saber que há novas perspectivas  

de poder viver a vida 

como ela deve ser vivida. 

 

Salvador, 26 de janeiro de 2021. 

terça-feira, 29 de junho de 2021

segunda-feira, 28 de junho de 2021

domingo, 27 de junho de 2021

Mais uma vida negra



(Negra Luz)


A mulher 

A negra

A mãe 

A trabalhadora 


A beleza

A resistência 

O amor

A luta


A angústia 

O diploma

O filho

O pão 


A barra

O barraco

O tráfico 

A repulsa 


O pulso 

A quebrada

A abolição 

A frustração 


Um estampido!

Muitas direções!

Pelo rastro de sangue, mais uma vida.

Vidas!


Um coração!

Muitas esperas!

Pela cor da pele, mais um negro...negra.

Negras! Negros!


Morreu.

E ela morreu.

Um negro...

Uma negra...


Importam?

Portam?

Vidas importam!

Mais uma vez, 

Foi-se uma vida negra.

sábado, 26 de junho de 2021

Uma Vida sem Filhos

 




Uma vida sem filhos  

é como uma árvore sem frutos:  

beleza ornamental,  

que cumpre sua jornada 

e realiza sua missão, 

não se machucando ao final  

pela dor da sua ausência.  

Mas como saber  

se há a dor  

sem provar o sabor  

do primeiro amor? 

Como disse o poeta; 

“Filhos, melhor não tê-los, 

mas, se não tê-los, 

como sabê-los?”... 

 

Praia do Forte, 02 de janeiro de 2021. 

sexta-feira, 25 de junho de 2021

A quem mais amo

 




Para ficar,

Me dê motivos...

Está bem mais fácil eu me perder.

Para apostar,

Me dê razões...

A aposta é alta. E se eu perder?

A quem cobrar?

Não há garantias...

A conta é alta, para não te perder.

Você está Rei,

Eu nasci Rainha...

O meu reinado vai além de você.

Amar...

Eu amo.

Afirmo isso.

A quem mais amo?

Meu próprio ser.



Negra Luz

quinta-feira, 24 de junho de 2021

São João na Pandemia

                                      
      




Festa junina na pandemia
é diferente do São João
quando os dias da gente
eram apenas “normais”


Os amigos e as famílias,
como antes, não estão
presencialmente
ao lado e juntos mais


Se não dá mais para abraçar,
isso não quer dizer
que a vontade de cantar
tenha que desaparecer


Se não dá mais para beijar,
isso não quer dizer
que a ausência do tocar
anule o desejo de viver


Hoje, pode não ter dança
ou mesmo um brinde com quentão,
mas sempre terá a esperança
que aquece o coração


de que, se não abraçados
fisicamente,
continuaremos ligados
espiritualmente,


e isso renova a alegria
e o desejo por dias melhores,
que é o combustível da folia
e a ordem para que não chores


pois, na nossa folia,
pode até faltar licor,
mas, nunca na vida,
faltará o amor.


Salvador, 24 de junho de 2020.


quarta-feira, 23 de junho de 2021

Videiras

 




Aprendi o Nome das Uvas.

Cada lenda, cada história,

Guardei na memória,

Pra conversar bonito,

Pra passar por erudito,

Por um bom entendedor.

Eu sou um bom bebedor.

Gosto de uma boa bebida,

Com uma boa comida,

Harmonizando o sabor :


🍇🍇🍇

Cabernet Sauvignon

Presente em toda taverna,

Cabernet vem de caverna

Sauvignon, de selvagem

Vai do calor à friagem

Se adaptando a cada clima

Um cruzamento “obra-prima”

É do século dezesseis

E vou dizer pra vocês

É uva de minha estima.


🍇🍇🍇🍇

A francesa Merlot

O seu significado

Diz-se ter se originado

Do pássaro “merle”, pequeno,

Abundante em terreno,

Onde a uva era plantada.

Sua cor preto azulada

Seu gosto por ela, madura

Era a praga da cultura,

Em outra época passada.


🍇🍇🍇🍇

E veio lá da Borgonha,

A uva Pinot Noir,

Depende do terroir

De onde é extraída,

O buquê, sua bebida

A sua coloração

É a uva camaleão,

Muda de aroma, de cor 

Uva de fino sabor,

Requer harmonização.


🍇🍇🍇🍇

Sucesso do Uruguai,

Tannat, a uva francesa,

Vai bem com a sobremesa

Com um assado de vitela,

Um churrasco de costela

Pois, seus taninos marcantes,

Tem poderes antioxidantes.

Eu mesmo acho adorável,

Final longo, memorável,

Vinhos Intensos e elegantes.


🍇🍇🍇🍇

De nome Petit Verdot,

Uva de cacho pequeno,

Própria de clima ameno,

Demora amadurecer

Entre o plantar e o colher.

Ela mostra-se resistente,

Brota precocemente

Me garantiu meu vizinho

Que é expert em vinho

E de Bordeaux, é procedente.


🍇🍇🍇🍇🍇

Chianti, Rosso, Brunello,

Favorece a minha tese

Que a uva Sangiovese,

Essa cepa italiana

Da região da Toscana,

É história engarrafada.

Na Itália ela é amada,

Desde a Roma antiga.

Existe quem contradiga

A história aqui contada.


🍇🍇🍇🍇

A uva perdida de Bordeaux,

Carmenère, me encanta

Seu sabor se agiganta

Com um harmonizar propício.

Ótimo custo benefício

E se bem harmonizado,

Mesmo americanizado,

É uma de cepa divina,

Em toda América Latina

Esse vinho é encontrado


🍇🍇🍇🍇

Syrah, Shiraz “Darou-é-shah”

Ou, o remédio do Rei,

Pelo que pesquisei

E ouvi do meu amigo,

Se discordarem, não ligo

Bom de harmonização

Ótimo pro coração

Sabor intenso e profundo

No novo e no velho mundo

Sempre desperta paixão


🍇🍇🍇

Malbec, uva francesa

Sucesso na Argentina,

Sempre uma bebida fina,

De Mendonza à Patagônia

Eu digo, sem parcimônia,

O Patagão prefiro eu

Estando no apogeu

Com o seu sabor marcante

É um vinho mais elegante

Bem ao estilo europeu


🍇🍇🍇🍇

Nebbiolo vem de “nebbia”,

Que traduz-se em nevoeiro,

Foi o meu amor primeiro.

Um vinho piemontês

Eu vou dizer pra vocês

Se bebo sinto saudade

Sem nenhuma vaidade

Se junto à pessoa amada

Com uma boa macarronada 

Meu nome é felicidade


🍇🍇🍇🍇

Que dizer da Tempranillo

Uva ilustre da Espanha

Com uma enorme façanha

De três mil anos de história,

Se não me falha a memória,

É a que primeiro amadurece.

E, pelo que me parece,

“Temprano” é precocidade

O vinho é a felicidade

Que em garrafa se oferece.


Celso Cruz

terça-feira, 22 de junho de 2021

De Supetão






De supetão,

joga-se tudo para cima,

muda-se a programação,

arrisca-se fazer o inédito

 

De supetão,

muda-se o clima,

o humor

e a disposição

 

De supetão,

sai-se de casa,

abandona-se um lar,

busca-se uma saída

 

De supetão,

toma-de coragem

para fazer o que

nunca se fez na vida.

 

Salvador, 09 de janeiro de 2021.

segunda-feira, 21 de junho de 2021

Fui eu esse menino que me espia





 – melancólico olhar, sereno rosto,

postura fixa e o todo bem composto –
no retrato que o tempo desafia.

Fui eu na minha infância fugidia
de prazeres ingênuos, e o desgosto
de sentir tão efêmera a alegria
bem depressa mudada em seu oposto.

Fui eu, sim; mas o tempo que perpassa
e tudo altera nem sequer deixou
um grão de infância feito esmola escassa.

Fui eu; e da figura só ficou
o olhar desenganado na fumaça
em que a criança inteira se mudou.

abril 1998

(De Sentimento da Morte – 2003)

Poema de Fernando Py (1935-2020)

domingo, 20 de junho de 2021

Decepção

 




Uma gim sem efeito 

Uma dor no peito 

Uma vontade de sumir 

 

Uma chuva na praia 

Uma fuga da raia 

Uma lágrima ao sorrir  

 

Uma viagem frustrada  

Um bloqueio na entrada  

Uma briga ao acordar  

 

Nada há que abrande 

Não há mal tão grande 

que não possa piorar... 

 

Salvador, 18 de janeiro de 2021. 

sábado, 19 de junho de 2021

A água em você

 





(Negra Luz)


Me diga que não precisa pensar na vida.

Me diga que não precisa pensar em você.

Se a resposta certa é o que espero,

Então me diga que pensa na água,

Ela está em você.


A água está em em mim

Está em você.

Sem ela, a fonte da vida é rio que seca.

Ressecam-se a fauna e a flora

E todo viver. 


Oxum e Yemanjá tem seus filhos

E abençoam com água

Salgada ou doce,

Abençoam o nosso viver.


Se tens fé nas Águas,

Da água deve cuidar,

Pensar nas nascente, 

Nos mares 

E nas suas vidas.

Em não poluir, revitalizar,

Proteger o que temos

Rever desperdícios e perdas ajudam a resolver.


Se já bebeu água com sede,

Sabe o que é não ter...

Por um segundo e urgimos sem ela.

Imagine o pior dos mundos sem a ter!


Me diga que não precisa pensar na vida.

Me diga que não precisa pensar em você,

Se a resposta certa é o que espero,

Então me diga que pensa na água,

Ela está em você.

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Homens Feministas?

                                        





Seu medo é diferente do meu.
Seu sexo pode ser 
instrumento de terror.
Não me venha com
suas boas intenções,
pois, com elas,
pavimenta-se
a estrada para o inferno.
Sua posição soa mais
como indevida apropriação
do que compartilhamento.
Sua gentileza vira violência
Seu abraço não conforta,
mas, sim, agride.
O seu beijo machuca
e seu carinho quer me subjugar.
Não preciso de um defensor,
mas, sim, de um aliado,
quando chamado,
pois mesmo aliados
podem ser encarados
como inimigos infiltrados,
se não for delimitado
qual seja seu lugar de fala.
Suas brincadeiras não têm graça.
Sua cortesia me ofende.
Suas palavras,
em vez de inspirar,
apenas despertam minha ira.
Melhor permanecer calado...
E simplesmente ficar ao lado,
esperando a manifestação
de quem se ofendeu,
aguardando a reação,
em vez de tomar,
para si, a sua defesa,
pois, até para lutar,
é preciso legitimidade,
para não desvalorizar o movimento...



Salvador, 16 de agosto de 2016, compreendendo-se como parte do opressor na busca por não oprimir...


quinta-feira, 17 de junho de 2021

Lembranças Atemporais

 

                                     



Por que tem que ser assim? 

Ferréz me chamou à lembrança, 

Nestes tempos de pandemia, 

Música do Consciência Humana. 


No Roda Viva o Emicida, 

Lembrou-me do Aristocrata, 

Encontro da Negrada,

Ilustres da velha guarda. 


Clube da Zona Sul. 

Onde assistir ao Show 

Do Arlindinho Cruz. 


Várias gerações, 

Presente, Passado 

E Futuro, lado a lado. 


(Paulo Basílio – 27/07/2020) 

quarta-feira, 16 de junho de 2021

Reencontro




Reencontro

Retomada

de beijos e brigas

de carinhos e petardos

de afagos e impropérios

de paz e stress

de amor e ódio

de explicações insatisfatórias

e justificativas não convincentes

de quem não percebe

que, quando um não quer,

dois não bicam.

 

Salvador, 08 de janeiro de 2021.

terça-feira, 15 de junho de 2021

O mais bonito canto



Qual será o mais bonito canto?

Do passarinho ou das cordas do violão a tocar?

Qual será o mais bonito canto?
Do beija-flor ou do eterno pássaro a chegar?

Qual será  o mais bonito canto?
Da inteligência ou do conhecimento?

Qual será o mais bonito canto?
Do sorriso ou do amor a cada momento?

Qual será a alegria de todos os poetas?
A sabedoria ou apenas o entendimento?


 Patrícia Ferreira dos Santos

segunda-feira, 14 de junho de 2021

Ansiedade




 Ansiedade causa desconforto

Insegurança

Nervosismo

 

Ansiedade causa revolta

Instabilidade

Histerismo

 

Ansiedade causa dor

Transtorno

Depressão

 

Ansiedade causa marcas

que abalam

o coração

 

Mas pare para pensar

ansiedade por outro olhar:

ansiedade é também

porque não controlamos o tempo

para fazer andar mais rápido

e chegar no momento

pelo qual ansiamos

 

Ansiedade é apenas a prova

de que queremos muito

o que está por porvir

é que tem tudo

para ser inesquecível...

 

Controlemos a ansiedade

e aguardemos o porvir!

 

Salvador, 16 de novembro de 2020.

domingo, 13 de junho de 2021

A quem mais amo

 





Para ficar,

Me dê motivos...

Está bem mais fácil eu me perder.

Para apostar,

Me dê razões...

A aposta é alta. E se eu perder?

A quem cobrar?

Não há garantias...

A conta é alta, para não te perder.

Você está Rei,

Eu nasci Rainha...

O meu reinado vai além de você.

Amar...

Eu amo.

Afirmo isso.

A quem mais amo?

Meu próprio ser.



Negra Luz

sábado, 12 de junho de 2021

Amor

 




Amor é uma seara sem garantias  

Amor é promessa sem aval 

Amor é um terreno fértil para tudo 

do bem ao mal 

Amor é estrada sem atalhos  

Amor é jogo sem baralhos 

Amor é  

e ponto 

e pronto. 

 

Salvador, 29 de janeiro de 2021. 

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Direito e Poesia




De onde nasce o direito? 

E a poesia, de onde nascerá ?

Penso em mil respostas

Mas qual delas será? 


No direito há palavras

Que buscam te ajudar

Na poesia as palavras

Expressam o seu olhar


Direito e Poesia

Ambos nascem

Do sentimento humano

Que busca se consolar


Sentimento de amor

De dor

De horror

Sentimento libertador


Assim nasce o direito

E assim a poesia nascerá 

Sempre do sentimento 

Que o homem externar



Maria Aparecida Francisco 

quinta-feira, 10 de junho de 2021

Meu Tudo




 Você é  

o que sempre sonhei 

Meu número 

Meu par 

Minha perfeição em tudo 

Meu alvo  

Minha meta 

Meu objetivo de vida  

Minha metade 

Minha parceria e companhia 

A luz que ilumina o dia  

O amor que preencheu 

minha alma que andava vazia  

 

Salvador, 14 de janeiro de 2021. 

quarta-feira, 9 de junho de 2021

Velas náufragas



Retenho a alma da minha cidade encantada

e o coração

de seus viventes na armadura

de um farol que busca amplidões 


no choque entre as pedras

mansas e bravas


que se desprendem do azul oceânico

de um céu vazio


As águas refeitas são nuvens

de presságios que se iluminam

na sede de um ser doído,

cansado de guerra

contra si mesmo


E toda palavra reside

em seu globo de luz


assim como todo homem que nasce

no litoral vive do seu

sopro de mar, da sua raiz

de fundos longínquos

parada no etéreo


Lumar! Lumar! 



Diego Mendes Sousa

terça-feira, 8 de junho de 2021

Fake News na Pandemia



 A Internet

deu voz

a quem não tem

o que dizer

e que acaba

dizendo

o que não consegue esconder:

a sua própria raiva,

ódio e ignorância,

misturados com a insegurança

de simplesmente

antipatizar

quem virou alvo

do seu difamar,

como se seu mal querer

pudesse justificar

ou verdade tornar

o fel que escorre

no íntimo do seu ser.

 

Salvador, 25 de julho de 2020

segunda-feira, 7 de junho de 2021

Poucas luzes

 


São poucas as luzes nessa madrugada,

trazendo para minha vida iluminação!

 Depois que fui arrebatada da sua presença...


De estar com você ao alcance das mãos,

É muita penumbra, sombras de ilusão.

Não há, no horizonte, estrela d’alva a guiar-me rumo a sua direção.

 

Não sei o caminho.

Há pregadas em labirintos no nosso destino

E isto aumenta a espera saudosa em meu coração.


São poucas as luzes nessa madrugada, trazendo para minha vida iluminação!

O Mundo dá voltas

E eu avalio:

Quem sabe um dia as nossas coordenadas

Se cruzem certeiras ao alvedrio?

E nos permitam videntes amantes de um lindo caminho

Em que o sol seja luz de nova trajetória

Agora, escrevendo-se história sem desalinhos,

Apagando-se a memória da profunda tristeza

Que foi na vida estar sozinha.


(Negra Luz)

domingo, 6 de junho de 2021

Literatura Brasileira na Pandemia





Ficar confinado na pandemia

pode trazer uma alegria:

ser a oportunidade

de saciar a vontade

de refazer a leitura

de tudo que a cultura

um dia nos proporcionou.

 

Deleitar-se com Machado,

aprofundar-se em Jorge Amado,

desvendar as aventuras

de Guimarães Rosa,

saborear a gostosura

do verso e da prosa

de quem tudo iniciou...

 

E, de repente, descobrir

novos deslumbres no porvir

do enfrentar uma vida dura

com a beleza da literatura,

pois não há, na quarentena,

melhor companhia que um poema

ou uma história sincera de amor.

 

Salvador, 02 de julho de 2020.

sábado, 5 de junho de 2021

Gratidão

 




Veio tomar água no rio

Uma formiga sedenta.

Subiu numa folha e disse:

“Será que ela me aguenta?”


Porém, a verde folhinha 

Era frágil, com certeza.

A formiga escorregou

E caiu na correnteza.


Uma pomba ali pousada

Num galho de uma ingazeira,

Vendo a formiga em perigo,

Acudiu a companheira.


Uma folha bem maior

A pombinha arrancou

E ali perto da formiga

Com seu bico a lançou.


A formiguinha subiu

Naquela folha comprida.

Agradeceu à pombinha

Por ter lhe salvado a vida.


E conseguiu alcançar

A margem do outro lado.

E matou a sua sede

Naquele rio gelado.


Um caçador bem malvado

Ela avistou, de repente.

Apontava uma espingarda

Para a pombinha inocente.


A formiga aproximou-se

Do homem, bem devagar.

Deu-lhe uma ferroada

No seu grande calcanhar.


O caçador deu um grito,

E deixou a arma cair.

A pombinha, mais esperta,

Conseguiu escapulir.


E voou ali pertinho

Da corajosa formiga.

E, agradecida, arrulhou:

“Obrigada, minha amiga!”


Geraldo de Castro Pereira

(Historinha infantil, que eu versifiquei)

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Normalidade na Pandemia


O que é normal?

Era o que se vivia

até então?

Era somente

a nossa percepção?

Era algo que

não existe

ou, se existiu,

nunca mais existirá...

Se o normal não voltará,

talvez nunca terá mesmo existido,

pois o normal será construído

no caminho que será vivido...

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

quinta-feira, 3 de junho de 2021

Como é a nossa escrita




Como é a nossa escrita

vista por outros leitores?

Causa dor?

Causa amor?

Causa raiva?

Causa tristeza?

Causa inspiração?

Que causemos um pouco de tudo

menos a solidão de não ser lido!

Justa causa amar a poesia!



Ludmila Costa

quarta-feira, 2 de junho de 2021

Servir na Pandemia





Há muitas formas de servir,

inclusive na pandemia!

Talvez, no fundo, se permitir

amenizar a agonia

de simplesmente desconhecer

o que reserva o futuro

e, por isso, aprender

a superar o tempo duro

sem esperar nada em troca,

mesmo sem sair de sua toca,

é possível exercitar

a missão de se entregar

em lives ou campanhas,

realizar grandes façanhas

de profunda solidariedade,

descobrindo a alteridade

e o prazer do voluntariado

em servir quem está ao lado

somente pela sensação

de dividir seu próprio pão

e fazer a coisa certa

por manter a mente aberta

para aprender a lição

que Gandhi ensinou com o coração:

“Quem não vive para servir

não serve para viver”

 

Salvador, 28 de junho de 2020.

terça-feira, 1 de junho de 2021

Período sabãotico

 



Tirei um período para lavar tudo.

Guardados... empoeirados,

Pó...  do que que já me esqueci.

Tirar a limpo emoções retidas,

Checar as cicatrizes de antigas feridas.

Fazer um cortejo à Colina,

Jarras de banho de cheiro

Passeando por dentro de mim.

Um cheiro de alfazema!

Fé no que está por vir.

Tudo novo! 

Tudo zerado.

Banho de mãe:

Com bucha do lado,

Limpei os ouvidos, 

Cortei os cabelos distraídos.

As sobrancelhas em dias!

Tudo renovado!

Cheirando a alho!

Um rio segue o seu curso ...

Pronta.

Recriam-se cenários...

Novos scripts!

E eu, no palco,

Alternância:

Entre monólogos e “casa cheia”

Vou no curso do viver.


 Negra Luz