(Negra Luz)
Pretos e pretas também sabem…
Sabem de sentimento, de dengo.
Sabem de chamego,
Alforriar-se dos próprios medos,
Entregar-se
E viver o amor.
Pretos e pretas também sabem…
Sabem de alegria e de festa.
Sabem de beijo na testa,
Namorar com delicadezas,
Acarinhar-se
E trazer rosas na mão.
As cicatrizes, ainda espessas, sangram
E, para muitos e muitas, é ferida recente!
Fruto de prática perversa...
Retintam o preto e a preta,
Nutrem a idéia de que preto e preta tem couraça,
De que vida de preto e de preta é ciclo sem fim de dor.
Das tintas impostas retiramos tudo,
Pretos e pretas são pretos e pretas
E nossa pele não é couro.
O que foi chicoteado e sangrado foi o nosso escudo.
Ele é ancestral… Segue.
Os que não sobreviveram se integraram a ele,
Os sobreviventes foram mais fortalecidos,
E, assim,
Pretos e pretas seguem….
E sabem
Amar!
Amar suas mulheres
Seus maridos,
Seus filhos e filhas,
Suas famílias,
Seus amigos e amigas...
Talvez seja este o nosso maior ato de resistência:
Pretos e pretas saberem amar.
Saberem sorrir,
Saberem viver com alegria.
Saberem viver o amor.
E sabe por quê?
Na essência,
A nossa alma é alforriada!
Subjugaram, historicamente, os nossos corpos,
Mas, ainda que tenham investido na total desumanização de pretos e pretas,
Não alcançaram integralmente a liberdade
Do nosso coração,
Do nosso pensar,
Do nosso sentir.
E, assim,
Resistimos!
E, assim, a nossa resistência:
Pretos e pretas sabem
AMAR.
Linda poesia. Durante a sua leitura, nos traz as imagens, de uma forma subliminar, da dor da escravidão verso a liberdade de amar.
ResponderExcluirEstarmos felizes, nos amando, também são atos de resistência!
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