domingo, 2 de outubro de 2016

O frio sociopata


Rodolfo Pamplona Filho


O frio sociopata
foi posto de lado
por um forte senso
de pura empatia.
As emoções ruins
se avolumando
à medida em que
fluem as recordações...
Memórias do homem
que, um dia, eu fui...
e de tudo que fiz.
Lembranças de morte
e do prazer de
causar sofrimento.
Corpo se retorcendo
enquanto eu gargalhava...
enquanto eu tentava
sentir alguma coisa.
Se antes eu só queria
partilhar minha dor
com o mundo,
agora, tenho o desejo
de ajudar os outros
a se livrar definitivamente
de seus tormentos.
Pessoas podres
não sabem que
assim o são...
nunca se dão conta...
A mente humana
pode racionalizar
quase tudo.
No fundo, seres humanos
são centrados
em si mesmos.
É algo enraizado,
difícil mesmo de admitir.
É mais fácil elaborar
uma explicação fantasiosa,
em que nos vemos como heróis...
Uma narrativa pessoal
em que não importa
como se obtém
o que se quer...
contanto que
se obtenha...
Isso é vilania.
É a face horrenda,
que não para de emergir
de cada um de nós...
Por isso, eu me arrependo
e pretendo ser um exemplo
para enfrentar esses ímpetos,
inspirar quem observa
e realmente mudar o mundo,
mostrando que é possível
se superar e ser melhor,
sobrepujando o passado
e encontrando motivação
para contemplar além
dos olhos ensandecidos
da fera que fui...

No avião de Boston para Miami, em 01 de julho de 2016, refletindo sobre o final do Eixo...

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