Elomar Figueira Melo
Levanto meus olhos
Pela terra seca
Só vejo a tristeza
Qui disolação
E uma ossada branca
Fulorano o chão
E o passu-Rei, rei do manja
Deu bença à Morte pra avisa
Prus urubu de otros lugá
Qui vince logo pra janta
Do Rei do Fogo e do lũá
Do lũá sizudo
Do Ri Gavião
Mais o sol malvado
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô
É qui tão as era
Já muito alcançada
A palavra vea
Reza qui havéra
De chegá um tempo
Só de perdedera
Qui só havéra de iscapá
Burro criolo e criação
Qui pra cumê levanta as mão
E qui um irmão pra otro irmão
Saudava c'essa pregação
Lembra qui a morte
Te ispera meu irmão
E o sol da má sorte
Rei da tribusana
Popô sussarana
Carcará ladrão
Isso o sol popô
Mais num há de sê nada
Na função das besta
Purriba da festa
Pirigrina a fé
Sei que ainda resta
Cururu-têtê
Na minha casa hai um silenço
A tuia pura e o surrão penso
O meu cachorro amigo menso
Deitô no chão ficô in silenço
E nunca mais se alevanto
Inté os olhos d'água
Chorô qui seco
E o sol dessas mágua
Quemô so imbuzero
Os bode e os carneros
Toda a criação
Tudo o sol quemô
No Ri Gavião
Tudo o sol quemô
Toda a criação...
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