sexta-feira, 31 de julho de 2020

Cabelo na Pandemia






Na pandemia,
muitas coisas
crescem
sem parar
É o medo,
o receio
ou mesmo o terror.
Mas, abstraindo
o horror,
melhor falar
de uma coisa
com menos
(ou tanto)
terror!
É o cabelo que,
pelo lockdown,
não para de
me deixar mal!
Cresce, cresce,
Sem parar
Brancos
Assumidos
Grandes
Sem pentear
Sem pintar
Sem cortar
Sem controle
Sem ficar
no seu lugar...
Mas, aí dele,
pois, um dia,
voltarei
a cortar!
E, nesse dia,
hei de me vangloriar:
meu cabelo,
no espelho,
poderei olhar!

Salvador, 28 de junho de 2020.

quinta-feira, 30 de julho de 2020

Receita de poema





Um poema que desaparecesse
à medida que fosse nascendo,
e que dele nada então restasse
senão o silêncio de estar não sendo.

Que nele apenas ecoasse
o som do vazio mais pleno.
E depois que tudo matasse
morresse do próprio veneno.

Antonio Carlos Secchin.

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Arte na Pandemia






Aprendemos a viver
sem bares e restaurantes,
sem coisas que fazíamos antes,
mas não conseguimos
abrir mão da poesia,
do sentimento de alegria,
da música que contagia,
da arte que nos inebria...
Se há algo que se aprendeu
no isolamento da pandemia
foi que a arte sempre vive
e sempre será vida
no nosso dia-a-dia.

Salvador, 28 de junho de 2020.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Off price



Que a sorte me livre do mercado
e que me deixe
continuar fazendo (sem o saber)
fora de esquema
meu poema
inesperado

e que eu possa
cada vez mais desaprender
de pensar o pensado
e assim poder
reinventar o certo pelo errado

Ferreira Gullar. Em alguma parte alguma. Rio de Janeiro: José Olympio, 2010.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Amores na Pandemia







A pandemia traz terrores,
mas também renova amores,
pois, por medo da solidão,
amores vêm e vão,
na busca de companhia
ou apenas dormir de conchinha,
pois o amor que sobrevive ao isolamento
persiste infinitamente em seu belo momento.

Salvador, 28 de junho de 2020.

domingo, 26 de julho de 2020

Nicanor e seu Cavalo



Nunca vi ninguém olhar
com tal ternura um cavalo
e um cavalo navegar
nos seus olhos, desviá-lo
para dentro, onde é mar
e o mar, apenas cavalo.
Nunca vi ninguém olhar
nicanor naqueles olhos
que pareciam findar
onde os espaços se foram.
Nicanor sabia olhar
sem o menor intervalo
como lhe fosse apanhar
a toda brida, os andares.
E se podiam falar
num trote pequeno ou largo,
com rédea de muito amparo,
o corpo estando a montar
a eternidade cavalo.

Poema de Carlos Nejar (1939-)

sábado, 25 de julho de 2020

(Re)Encontros Virtuais na Pandemia




Há tanto tempo
que eu não te via
que parecia
uma lembrança
de um mundo distante...
Mas, neste instante,
parece que foi ontem
que me despedi de nosso papo,
que disse até amanhã,
que marcamos uma saída,
que vivemos a nossa vida...
Um brinde ao reencontro,
ainda que virtual,
pois, em tantos desencontros
da quarentena presencial,
há a plena certeza
de uma única fortaleza:
sempre volta a alegria,
até mesmo na pandemia,
pois o isolamento é efetivo,
mas nunca precisará ser afetivo...

Salvador, 28 de junho de 2020.

sexta-feira, 24 de julho de 2020

Mãe






De terra a tua voz,
de terra os teus gestos,
de terra a tua bênção,
de terra a tua mágoa,
de terra os teus restos
agora enraizados:
árvore crescendo
às avessas - lá onde
tudo começa e finda:
no silêncio do sangue
que me dói ainda.

Poema de Adriano Espínola,
in: Praia provisória, 2006

quinta-feira, 23 de julho de 2020

Arrogância na Pandemia







“Sabe com quem
você está falando?
Não entende bem
quem está no comando?”

Arrogância
Espírito mau
Petulância
Cara de pau
Dizer: não fiz nada!
Tripudiar
Dar carteirada
Humilhar
Ter a habilidade
de incomodar
autoridades
para livrar
a própria cara
e mandar colocar
no seu devido lugar
quem está
apenas a cumprir
o seu dever
de servir...

E toda essa empáfia
de desfazer do trabalho alheio:
Jogando as multas na cara
de quem mexeu no vespeiro
é somente para arrotar
a sua condição especial
de cidadão exemplar
que defende o social
e que, por isso, é vítima,
e não agressor...
em uma farsa ilegítima,
um verdadeiro complô,
envolvido em um esquema
decorrente do sistema
do que se joga no ventilador...

Salvador, 19 de julho de 2020.

quarta-feira, 22 de julho de 2020

Soneto





Há muito tempo, muito tempo mesmo,
sentisse uma tristeza ou uma alegria,
brotavam-me da pena, às tontas, a esmo,
rastros de poema, cacos de poesia...
É claro que nem tudo que me vinha
com maior ou menor facilidade,
ao fim e ao cabo, na verdade tinha
a mesma altura, a mesma qualidade.
Mas escrevia. Hoje, bem mais distante
ficou aquilo que era minha meta.
Somente a inspiração rara e inconstante
é que me diz que ainda sou poeta.
Já nem sei bem o que daria agora
para escrever poemas como outrora.

Soneto de Sânzio de Azevedo

terça-feira, 21 de julho de 2020

Crianças feridas





Crianças feridas
se reconhecem reciprocamente.
Encontros de sensibilidades
na carência de amor
e de reconhecimento.
Na precisão
do olhar do outro
com bons olhos.
No reconhecimento
não por ser brilhante,
mas por ser específico.
Ser visto com olhos normais
se limita ao senso comum;
os bons olhos veem
apenas o que é único.

Salvador, 12 de fevereiro de 2020

segunda-feira, 20 de julho de 2020

Fui Eu







Fui eu esse menino que me espia
– melancólico olhar, sereno rosto,
postura fixa e o todo bem composto –
no retrato que o tempo desafia.

Fui eu na minha infância fugidia
de prazeres ingênuos, e o desgosto
de sentir tão efêmera a alegria
bem depressa mudada em seu oposto.

Fui eu, sim; mas o tempo que perpassa
e tudo altera nem sequer deixou
um grão de infância feito esmola escassa.

Fui eu; e da figura só ficou
o olhar desenganado na fumaça
em que a criança inteira se mudou.

abril 1998

(De Sentimento da Morte – 2003)

Poema de Fernando Py (1935-2020)

domingo, 19 de julho de 2020

Consulta




Consultar é uma atitude sofisticada
em uma relação a dois
Por vezes, a ação mais delicada
é dar nome aos bois.
Perguntar e esperar a resposta
é a prova definitiva
de que a opinião alheia Importa
e que o que se vai fazer
não é fruto de um só querer,
mas resultado de um conviver.

Salvador, 09 de abril de 2020.

sábado, 18 de julho de 2020

O fim e a glória






Fim de mandato.
Não foi fácil
Presidir um tribunal eleitoral.

Muitas aflições.
Pandemia do coronavírus,
A pior delas.

Problemas internos,
Pressões externas.
O poder é sempre solitário.

Decidir, eis o desafio.
Coragem e integridade,
Sempre.

Já dizia Einstein:
Uma hora namorando,
Parece um minuto;
Um minuto,
Sentado sobre um formigueiro,
Parece uma hora...

Fiquei durante um ano
Sentado sobre um formigueiro.
Pareceu-me uma eternidade.

Fiz o que pude e
Creio que fiz bem.
Não fui perfeito, ninguém é.

Agora, recordo Tom Jobim e
Vou viver a derradeira glória do ser humano:
Andar nas ruas,
Como um ilustre desconhecido.

Rogério Medeiros

sexta-feira, 17 de julho de 2020

Ciência e Consciência






Uma coisa é a ciência,
outra é a consciência.
A primeira tenta explicar pergunta
A segunda já afirma respondendo
Uma decorre de consenso
Outra do próprio senso
Uma é absolutamente infinita
Outra abrange todo o espaço disponível
Mas tudo que quer a ciência
é, um dia, virar consciência
na mente de quem não lutou por ela.

Salvador, 05 de fevereiro de 2020.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

Memórias da minha tradição



Negra Luz



A flores em crepom na mesa.

No teto, as bandeirolas.

No xote, chamegos.

No xaxado, estórias.

Baião ou sertanejo.

Quentão mandingueiro.

O povo da roça saindo à chita,

Dançando quadrilha em busca de glória.

Na mesa, a fartura:

Canjica, milho cozido,

Bolo de carimã e de aipim.

Amendoim,nem te conto, farinha para mim.

Sou nordestina.

Junina de coração.

Os fogos, que em mim acendem,

Formam fogueiras de emoção.

Giro o Mundo, nada esqueço.

Essa a minha tradição.

Era janeiro!

Era verão!

O sol altaneiro!

Tudo memórias!

Tudo saudade de meu São João!

quarta-feira, 15 de julho de 2020

Arraia no ar não tem dono




Arraia no ar
não tem dono:
é de quem primeiro pegar
e sair soltando!
Como uma oportunidade que surge,
como um amor que nasce,
como uma ideia a desenvolver,
como um poema a recitar...

Arraia no ar
não tem dono:
é de quem primeiro pegar
e sair soltando!

Salvador, 02 de fevereiro de 2020.

terça-feira, 14 de julho de 2020

Depois, O Arco-íris






Tempestades que me cercam
Ecoam maiores do que são.
Ouço como tambores rufando,
Apenas cânticos de libertação.

Visões de ondas gigantes,
Devastando o meu coração,
Só gotas de orvalho ao pé do ouvido,
Tilintar da minha emoção.

O farol girando sem rumo,
Sem apontar para onde devo ir.
Nada demais, só sinais.
Cada passo indica para onde se deve ir.

Há lama na estrada,
Fios em curto a atravessar.
Quando no meio do caminho há pedras,
Pare, pense e se encontrará.

Os raios que balançam,
Embalam a sua razão,
Aguçam os seus medos retidos,
Mas iluminam a sua ação.

Depois da tempestade
Alastrada dentro de ti,
Sentirá o arco-íris,
Espectro de vida, nascentes brotando em ti.

Negra Luz

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Anne





Um perfeito cemitério
de esperanças enterradas,
perdidas como
Grandes palavras
(que) são necessárias
para expressar grandes ideias
Você jura ser minha amiga
para todo o sempre?
Dormir numa árvore
à luz da lua
é a compensação pela
ansiedade dolorida
da esperança em vão.

Salvador, 19 de junho de 2020.

domingo, 12 de julho de 2020

Santa Sabedoria




Santo Antônio, ou
Santo Antoninho,
Como lhe chamam
Os portugueses
Em Lisboa,
Terra natal.

Santo Antônio,
Discípulo de São Francisco,
O santo da fraternidade
E da natureza.

Santo Antônio,
O milagreiro
E pregador.
A mostrar que
Também a sabedoria,
É uma forma de santidade.

Santo Antônio lisboeta,
Lembrai de nós brasileiros,
Dos tantos Antônios que temos,
Por aqui e além-mar.


E traga sua sabedoria,
Para aplacar a discórdia,
Que ameaça nos liquidar.
Amém.


Feliz 13 de junho.
Rogério Medeiros

sábado, 11 de julho de 2020

Alteridade





O segredo da real felicidade
é conhecer a dor do outro
e, com isso, vibrar com seus triunfos
e ser solidário com suas derrotas.
Viver em desertos particulares
é a fórmula mais fácil
para ser infeliz
no gozo solitário
de seu prazer íntimo,
que desconhece que
a maior sedução existente
é o intercurso de almas...

Salvador, 29 de janeiro de 2020.

sexta-feira, 10 de julho de 2020

O SILÊNCIO DA POESIA




Marco Mendes

Silencia o espírito,
nenhuma batida o coração.
Estarei morto ou pensativo?
Onde estão as emoções?
Frustrado o poeta se afoga,
no mar da desilusão.
Na escuridão do fundo,
nenhum lume, só solidão.
Teste, teste, teste...
a verdade é inconteste.
Enquanto a poesia dorme,
o poeta está sofrendo.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Alento




A sensação de dever cumprido
A lembrança de um amor vivido
A esperança de um futuro melhor
A certeza de que não sonho só
Tudo isso vai me dar um alento
neste dia turbulento

Salvador, 02 de junho de 2020.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Vazio de amor (Negra Luz)







A gaveta após a transferência
A catedral em geladeira
A lixeira depois das 10
A primeira faxina na casa
Vazios

As férias escolares
O cinema desativado
O picadeiro sem palhaços
O tablado antes do primeiro ato
Tudo vazios

A vida que não vingou
O corpo que se violentou
O coração depois de uma grande dor
As ruas quando o Mundo se isolou
O Tempo em que não se amou
Profundos vazios

Acomodar-se com o que está desenhado
As estrofes descrevem os espaços
Lacunas que tenho negado
E mesmo ouvindo almas ao meu lado
O silêncio me chama ao vazio:
Um imenso vazio de amor.

terça-feira, 7 de julho de 2020

“Cidadão não. Engenheiro civil, formado. Melhor do que você"



“Cidadão não.”
Desde quando
a profissão
é melhor
do que a satisfação
de ser tratado
com a dignidade
de ser parte da cidade?

“Engenheiro civil, formado.”
Desde quando
alguém pode ostentar
uma qualificação
sem ter sequer
a sua graduação?

“Melhor do que você"
Desde quando
a obtenção
de uma formação
torna um ser humano
melhor do que outro?

Tempos difíceis
em que os preconceitos
saíram das mentes abjetas
para se tornar parte
de algumas metas....

Tempos complicados
em que a discriminação
soa como ostentação
de desprezar a simpatia,
ignorar a empatia,
desconhecer a alteridade
e rir da solidariedade.

Salvador, 05 de julho de 2020, uma segunda-feira de perplexidade...

segunda-feira, 6 de julho de 2020

AMARGO PRESENTE-PASSADO




A caravela ancorova em outras terras
O bramido da revolta ecoava pelo verde intocado
Os sonidos das correntes esmorecia o belicoso  
Os irados resvalavam sobre os traidores
Os olhares fixos teciam uma despedida
Suas almas saudosistas, mortas sobre o azul pairavam
O mar se quebrava em dois
Gritam os porões para a imensidão
Bramidos de guerra que se enfraqueciam 
- Vermelho de dor, toma de  trevas este azul atlântico!
"Mãe gentil", verde de resquícios amarelos
Tu que recepciona os acorrentados
Por que traístes aqueles que por ti foram adotados?
Sangue escorre pelos que lutam
Fazem fronte os revoltados
"Liberdade, liberdade!" Onde ficas para que ti alcancem?
A dança e cantos guardam a saudade do passado
A força esbraveja dentro dos que tem esperança
Até que eis os enlaces estraçalhados
Livres estão os que foram escravizados
Mas contemporaneidade  que os abarca, onde estão teus direitos?
És tu uma farça moralista? 
Sociedade, por que encarcera os livres?
Por que matas os que lutam por ti?
Por que negas carinho para os que querem amor?
Respeito para os que do alto exigem
Prisão para aqueles que embaixo vivem
Por que essa regra de tamanha estranheza?
Persistentes estigmas perversos aprisionam os iguais.
Tristes desses que lançam para longe benéficos ideais. 
"Igualdade, igualdade" onde ficas para que ti alcancem?


PAULO HENRIQUE NOVAIS SANTOS

domingo, 5 de julho de 2020

Alegria





Alegria nunca é demais:

Não há limites para sorrir!

Quem poupa alegria

despreza a energia

e a esperança de ser feliz.



Salvador, 11 de fevereiro de 2020

sábado, 4 de julho de 2020

Sim, tudo.







Tudo estalo.
Tudo audiência.
Tudo click.
Tudo emoji.
Tudo Bauman.
Tudo calefação.
Tudo João!
Tudo George!
Tudo Miguel!
Tudo triste.
Tudo “migué”.
Tudo RACISMO.


(Negra Luz)

sexta-feira, 3 de julho de 2020

A raiva é a minha kryptonita





Sou calmo e manso
como Bruce Banner
Sou gentil e educado
como Clark Kent
Mas não há super poder
que não tenha
a sua fatal antípoda
e, de todos os sentimentos,
a raiva é minha kryptonita.

Salvador, 28 de abril de 2020.

quinta-feira, 2 de julho de 2020

Not a dreamer anymore




Não mais uma sonhadora.
Só uma sobrevivente,seguindo adiante.
Como Moisés, vou atravessando meus mares.
Haveria uma outra terra prometida?
Receberia o maná da Igualdade?
Um mundo cujos sobreviventes sejam para além dos humanos?

A humanidade, que aí está, falhou.
Se sangra, sangra e ver sangrar.
Tudo com o mesmo sentir.
Ligamos o módulo: Não tem jeito! Melhor nem ver! Que posso fazer? Eu sei o que é isso!
Tudo igual! 
Um mesma frequência!
Uma mesma sintonia! 
Agonia.
Dor.
Tudo conforme!

Inconformo, não depositando moedas nas fontes dos desejos.
Sigo apenas
Silente,
Tento não sintonizar as rádios que mitigam um Mundo de dor.

Minha frequência está aí 
Nas feridas da Mulher,
Na dor dos Pretos,
Na fome,
Nos hospitais ,
Nos esquecimentos.
Ondas longas, em curtas memórias,
Encapsularam os sonhos dessa vida aqui.

(Negra Luz)

quarta-feira, 1 de julho de 2020

São João na Pandemia








Festa junina na pandemia
é diferente do São João
quando os dias da gente
eram apenas “normais”

Os amigos e as famílias,
como antes, não estão
presencialmente
ao lado e juntos mais

Se não dá mais para abraçar,
isso não quer dizer
que a vontade de cantar
tenha que desaparecer

Se não dá mais para beijar,
isso não quer dizer
que a ausência do tocar
anule o desejo de viver

Hoje, pode não ter dança
ou mesmo um brinde com quentão,
mas sempre terá a esperança
que aquece o coração

de que, se não abraçados
fisicamente,
continuaremos ligados
espiritualmente,

e isso renova a alegria
e o desejo por dias melhores,
que é o combustível da folia
e a ordem para que não chores

pois, na nossa folia,
pode até faltar licor,
mas, nunca na vida,
faltará o amor.

Salvador, 24 de junho de 2020.