A caravela ancorova em outras terras
O bramido da revolta ecoava pelo verde intocado
Os sonidos das correntes esmorecia o belicoso
Os irados resvalavam sobre os traidores
Os olhares fixos teciam uma despedida
Suas almas saudosistas, mortas sobre o azul pairavam
O mar se quebrava em dois
Gritam os porões para a imensidão
Bramidos de guerra que se enfraqueciam
- Vermelho de dor, toma de trevas este azul atlântico!
"Mãe gentil", verde de resquícios amarelos
Tu que recepciona os acorrentados
Por que traístes aqueles que por ti foram adotados?
Sangue escorre pelos que lutam
Fazem fronte os revoltados
"Liberdade, liberdade!" Onde ficas para que ti alcancem?
A dança e cantos guardam a saudade do passado
A força esbraveja dentro dos que tem esperança
Até que eis os enlaces estraçalhados
Livres estão os que foram escravizados
Mas contemporaneidade que os abarca, onde estão teus direitos?
És tu uma farça moralista?
Sociedade, por que encarcera os livres?
Por que matas os que lutam por ti?
Por que negas carinho para os que querem amor?
Respeito para os que do alto exigem
Prisão para aqueles que embaixo vivem
Por que essa regra de tamanha estranheza?
Persistentes estigmas perversos aprisionam os iguais.
Tristes desses que lançam para longe benéficos ideais.
"Igualdade, igualdade" onde ficas para que ti alcancem?
PAULO HENRIQUE NOVAIS SANTOS