Tô ferida,
Sangrando,
Questionando do meu corpo a culpa,
Me sentindo só,
Com medo das sombras,
Sentindo o calafrio das suas lembranças,
Revivendo os seus horrores.
Toda a minha dignidade
Mutilada em pequenos golpes incompreendidos:
“Tira esse sorriso do olhar”
“Qual a sua senha”
Ou a um só: mortal, viceral, anal, brutal, oral, desconsensual.
Tudo sem na pele ter sentido.
Se quem sofreu foi uma mulher,
Eu, mulher, sofro com tudo isso
E é, também, minha a sua dor.
Dor por saber que temos direitos.
Dor por ser nosso o corpo
E merecermos respeito.
Dor porque o Estado é de Direitos.
Dor porque a ele contratei,
Talião não era o jeito.
E ele se mostra falido.
Omite-se no seu papel.
Um elefante esvaindo o sentido:
Proteger-nos dessa indelével dor.
Negra Luz
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