quarta-feira, 31 de maio de 2023

Holodomor

 



Rodolfo Pamplona Filho


Extermínio pela fome.


Quando o desejo de vitória


supera qualquer pudor:


Holodomor


 


Curitiba, 18 de março de 2023.

terça-feira, 30 de maio de 2023

Soneto

 



Poeta fui e do áspero destino


Senti bem cedo a mão pesada e dura.


Conheci mais tristeza que ventura


E sempre andei errante e peregrino.






Vivi sujeito ao doce desatino


Que tanto engana, mas. tão pouco dura;


E ainda choro o rigor da sorte escura,


Se nas dores passadas imagino.






Porém, como me agora vejo isento


Dos sonhos que sonhava noite e dia,


E só com saudades me atormento;






Entendo que não tive outra alegria


Nem nunca outro qualquer contentamento


Senão de ter cantado o que sofria.


 




-José Albano

segunda-feira, 29 de maio de 2023

Escaras

 



Rodolfo Pamplona Filho



Escaras


Lesões


não raras


de posições


limitadas


em que o corpo


é metáfora viva


dos males que


a acomodação da alma


causa em nossa essência.


 


Salvador, 04 de abril de 2023.


domingo, 28 de maio de 2023

 



Bom Jesus, amador das almas puras


Bom Jesus, amador das almas mansas,


De ti vêm as serenas esperanças,


De ti vêm as angélicas doçuras.


 




Em toda parte vejo que procuras


O pecador ingrato e não descansas,


Para lhe dar as bem-aventuranças


Que os espíritos gozam nas alturas.


 




A mim, pois, que de mágoa desatino


E, noite e dia, em lágrimas me banho,


Vem abrandar o meu cruel destino,


 




E terminado este degredo estranho,


Tem compaixão de mim, pastor divino,


Que não falte uma ovelha ao teu rebanho!


 




-José Albano

sábado, 27 de maio de 2023

Melhor Impossível

 



Melhor? Impossível


pois fazer o


Melhor possível


já é a missão de vida


Melhor impossível


é a meta


não do otimismo pueril,


mas da postura de vida,


que permite encarar


cada desafio,


um dia após o outro,


aprendendo, a cada momento


a usufruir cada instante


no controle do próprio humor


e na vontade de sentir


a verdadeira essência do Amor


 


05 de maio de 2023, no vôo para Aracaju.


sexta-feira, 26 de maio de 2023

Terra Bárbara

 



Na minha terra,


as estradas são tortuosas e tristes


como o destino de seu povo errante.


Viajor, 


se ardes em sede, 


se acaso a noite te alcançou, 


bate sem susto no primeiro pouso:


— terás água fresca para sua sede,


— rede cheirosa e branca para o teu sono.


 


 


Na minha terra,


o cangaceiro é leal e valente:


jura que vai matar e mata.


Jura que morre por alguém — e morre.


 


(Brasil, onde mais energia:


na água, que tem num só destino


do teu Salto das Sete Quedas


ou na vida, que tem mil destinos, 


do teu jagunço aventureiro e nômade?)


Ah, eu sou da terra do seringueiro,


— o intruso


que foi surpreender a puberdade da Amazônia.


 




Eu sou da terra onde o homem, seminu, 


planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.


Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá


e fui crescer nos canaviais do Cariri,


entre caboclos belicosos e ágeis.


 




Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 


eu sou o índice do meu povo:


se o homem é bom — eu o respeito.


Se gosta de mim — morro por ele.


Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 


— ai, sertão!


Eu viveria o teu drama selvagem,


eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,


como antes te acordava ao choro da viola...






-


Na minha terra,


as estradas são tortuosas e tristes


como o destino de seu povo errante.


Viajor, 


se ardes em sede, 


se acaso a noite te alcançou, 


bate sem susto no primeiro pouso:


— terás água fresca para sua sede,


— rede cheirosa e branca para o teu sono.


 


 


Na minha terra,


o cangaceiro é leal e valente:


jura que vai matar e mata.


Jura que morre por alguém — e morre.


 


(Brasil, onde mais energia:


na água, que tem num só destino


do teu Salto das Sete Quedas


ou na vida, que tem mil destinos, 


do teu jagunço aventureiro e nômade?)


Ah, eu sou da terra do seringueiro,


— o intruso


que foi surpreender a puberdade da Amazônia.


 




Eu sou da terra onde o homem, seminu, 


planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.


Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá


e fui crescer nos canaviais do Cariri,


entre caboclos belicosos e ágeis.


 




Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 


eu sou o índice do meu povo:


se o homem é bom — eu o respeito.


Se gosta de mim — morro por ele.


Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 


— ai, sertão!


Eu viveria o teu drama selvagem,


eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,


como antes te acordava ao choro da viola...




-Jáder de Carvalho


quinta-feira, 25 de maio de 2023

Meu Filho

 



Meu filho é uma foto do passado


ou um retrato do presente


que eu não tenho mais contato


 


Meu filho é uma lembrança feliz


ou uma saudade doída


que não virou cicatriz


 


Meu filho é um sonho realizado


ou um pesadelo persistente


de algo que foi mudado


 


Meu filho é uma antiga esperança


que me fez chorar criança


quando entrei em sua dança


 


Meu filho é tudo que um dia projetei


sabendo que os filhos são obra


de um destino que nunca controlei.


 


Recife, 12 de maio de 2023.


quarta-feira, 24 de maio de 2023

Trova

 



Meu olhar é um lampião, 


vertendo, em luz dolorida,


toda uma velha paixão


na esquina da tua vida.




-Jáder de Carvalho

terça-feira, 23 de maio de 2023

Meu Segredo de Juventude

 



Rodolfo Pamplona Filho



Não existe nada melhor


do que acordar tocando você


Transar até esvair em suor


Gozar até não mais poder


 


Sentir seu corpo firme


pesando sobre o meu


Beijar intensamente


cada pedaço seu


 


Abraçar forte pelas costas


Gemer escandalosamente


Enroscar-se infinitamente


 


Descobrir minhas respostas


da busca da juventude:


amar o máximo que pude!


 


Salvador, madrugada de 8 de maio de 2023.


segunda-feira, 22 de maio de 2023

Invenção do Vento

 



No casarão vazio...

Uma canção triste

Esquecida numa vitrola, 

Despertou a nostalgia.

E o vento...

Inventou de trazer lembranças.



-J. Anderson


domingo, 21 de maio de 2023

Pais erram

 



Rodolfo Pamplona Filho



Pais erram


quando falam


de seus filhos


para quem


eles não querem que saiba


 


Pais erram


quando mostram


imagens do passado


que eles têm vergonha


de ser vistas


 


Pais erram


quando elogiam


os feitos de qualquer ordem,


pois nem sempre quem faz


quer que os outros saibam


 


Pais erram


quando sonham


um futuro melhor


que seu presente,


pois filhos farão seu próprio caminho


 


Pais erram


sempre


de forma contundente


mas sempre,


sempre mesmo,


querendo acertar.


 


Aracaju, 14 de maio de 2023, dia das mães.

sábado, 20 de maio de 2023

Máquina de fazer gorgeio

 



Eu já te disse

ele é um passarinho lento

toda manhã em nossa janela,

não lhe preste qualquer atenção,

para não criar nenhuma dependência,

pois um dia ele se acabará


como tudo nesta cidade se consome,

sobretudo, quando se sabe,

não é um pássaro,

mas um brinquedo de corda,

proferindo-se a senha,

um estranho gorjeio

sai do mecanismo

querendo comunicar-se,

toda a vez que se vira a manivela.


(Pantomimas e Animação, 1989)


 -J. B. Sayeg

sexta-feira, 19 de maio de 2023

Momentos Refletidos...

 



Rodolfo Pamplona Filho


Ela escreve... na multidão!


um trecho de crônica, uma canção


um testamento, uma confissão


Isso não importa,


e sim que


Ela escreve... na multidão!


um conto, um verso ou um recado


talvez uma carta para o namorado


Isso não importa,


e sim que


Ela escreve... na multidão!


um bilhete, um sonho, uma imagem


um desejo escondido, uma mensagem


Isso não importa,


e sim que


Ela escreve... na multidão!


uma prece, um poema ou um recado


quem sabe um segredo há muito guardado


Isso não importa,


e sim que


Ela escreve... na multidão!


 


Tomo cuidado para não perturbá-la


e, à distância, fico a amá-la,


mas...


Isso não importa


e sim que


Ela escreve... na multidão!


 


(22.01.92)

quinta-feira, 18 de maio de 2023

Olhos de um melro

 



Os olhos mecânicos do melro


eram as únicas coisas que se moviam


na sala. O quadro de Paul Klee desenhava


movimentos de um anjo,


eram movimentos eternos, insatisfatórios


porque não eram efêmeros resolúveis


numa fração de segundo. Os olhos porém


eram ágeis, falavam, escutavam, eram olhos


indagadores. Eu mesmo me imobilizei apavorado


perante aqueles movimentos rápidos e impacientes.




Sentei-me na cadeira de grande espaldar


defronte à escrivaninha. Dobrei a página,


deixando o marcador indicando-me a leitura


interrompida. Os olhos se detiveram,


por um instante. A seguir, desesperadamente


recomeçaram seus inteligentes movimentos.






 (Pantomimas e Animação, 1989)


 -J. B. Sayeg

quarta-feira, 17 de maio de 2023

Ímpeto da Preservação da Individualidade


 


Rodolfo Pamplona Filho



Na vida,


carreira


ou vocação…


Em tudo


que se exige


um Não


 


Eu e meu pai


Eu e meu filho


O Mestre


e o discípulo


 


Freud e Jung


Husserl e Heidegger


Adorno e


Enzensberger


 


Junto da sombra


de uma grande árvore ,


uma nova árvore


não pode crescer


 


A força gravitacional


de uma estrela


atrai a ponto


de absorver


 


É preciso constituir-se,


crescer


Tornar-se Estrêla.


Sol,


Árvore


E novo ser


 


Natal, 19 de maio de 2023.


terça-feira, 16 de maio de 2023

No tempo do forte verde

 



Na sala de jantar


um pouco acima


da cristaleira


o capacete da revolução.


E bem ao lado da terrina


de louça clara adornada


com frutos levemente esmaltados


o pente de balas de fuzil


espetava o dourado ocre do metal.


Foi quando olhei para a rua


e uma bandeira inflava levemente


ao ruflar de longínquos tambores.


Outra vez olhei para o interior


onde as mulheres costuravam.


Pude constatar que o verde


realmente era uma cor


muito forte.




 


 (Cavalos ao Sol, 1982)




 -J. B. Sayeg


segunda-feira, 15 de maio de 2023

Precisão

 



Rodolfo Pamplona Filho e Sebastião Marques Neto


 


Cada um dá o que o tem


E eu só tenho amor pra dar


Na poesia não há precisão


Só a razão precisa


 


Cada um cala a sua dor


E eu não tenho mais o que chorar


Sem poesia não há solução


Leva essa mágoa nas ondas


Salga a lua e o mar


 


Cada um ora pelo que crê


e eu só creio que vale amar


Na oração não há precisão


Só a alma precisa


 


Cada um exorta a sua dor


E eu não tenho mais o que clamar


Sem poesia não há solução


Leva essa mágoa nas ondas


Salga a lua e o mar


 


Cada um chora pelo que vê


e eu só vejo quem quero amar


No desejo não há precisão


Só o coração precisa


 


Cada um consola a sua dor


E eu não tenho mais o que esperar


Sem poesia não há solução


Leva essa mágoa nas ondas


Salga a lua e o mar


 


No vôo de Salvador para Natal, em 18 de maio de 2023.

domingo, 14 de maio de 2023

Romance forense: O amor em segredo de Justiça

 



Caso eu a tenha ofendido


Com a inépcia do pedido,


Rogo pelo amor de Deus:


Se me faltou algum tato,


Prenda-me por desacato,


Mas prenda nos braços seus"


Prontamente, a magistrada teria despachado à mão, numa folha sem timbre, aposta dentro de um envelope de insinuante cor rosa, mandado entregar no escritório do advogado.


"Em toda a minha carreira,


Como juíza de direito,


Nunca vi tanta besteira,


Nem tamanho desrespeito.


Minha conduta moral


É lei que não se revoga


Nem com sustentação oral


Debaixo da minha toga.


Por isso, ilustre advogado,


Seu pedido tresloucado


Indefiro nesta liça.


Depois, com a noite em curso,


Fora do expediente,


Eu aguardo o seu recurso.


E que se faça presente,


Mas em segredo de Justiça".




Autor Desconhecido

sábado, 13 de maio de 2023

Descarte

 



Rodolfo Pamplona Filho e Sebastião Marques Neto


 


Descarte o seu usado


no meu terreiro


de tudo fica um pouco


eu posso aproveitar


Águas pesadas


não movem moinhos


Desobedeça ao mestre


de noite, todos os gatos são pardos


Quem ama diz o que quer


quem se deixa prender


para sempre


no peito trará paixão


de grão em grão


é que se engasga feio.


 


Descarte o seu usado


no meu terreiro


de tudo fica um pouco


eu posso aproveitar


do pão fica o centeio


eu posso triturar


e da mágoa profunda


não quero me lembrar.


Quem tem boca


vai à Roma e ao dentista,


pois, de cavalo dado


não se olha os dentes na pista


Quem não chora não mama, nenen:


Mulher sem sorte com homens


não sabe a sorte que tem.


 


Descarte o seu usado


no meu terreiro


de tudo fica um pouco


eu posso aproveitar


A fé remove montanhas,


mas prefiro dinamite


Achado não é roubado,


quem perdeu foi relaxado.


A prática leva à perfeição,


menos na roleta russa, meu irmão!


Em terra de cego,


quem tem um olho é o rei da feira:


A esperança é a última que morre


e minha paciência é a primeira.


 


No vôo de Salvador para Natal, em 18 de maio de 2023.


sexta-feira, 12 de maio de 2023

O Combinado



 


                               

 Rodolfo Pamplona Filho


O combinado


é o esperado.


O combinado


não é surpresa,


pois o combinado


põe as cartas na mesa.


O combinado


não se impõe,


pois quem combina,


de verdade,


só quer realizar


a sua vontade.


O combinado


não deve doer,


pois já se sabe


o que deve ceder,


para poder realizar


o que se pretende


realmente concretizar.


O combinado


tem o preço


que se aceitou.


O combinado


não é caro,


nem barato,


seja na vida


ou no processo.


O combinado


é a certeza


de que se pode crer


na palavra alheia.


O combinado


é a prova inequívoca


de que se pode


cogitar seriamente


em ser civilizado.


 


Salvador, 24 de outubro de 2021.

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Lições sobre a mesa


 











(Negra Luz)




Meu caqueiro hoje parecia algo dizer.


Olhei de cima para baixo,


Girei o, para melhor percebê-lo,


Havia algo a aprender.


Palmas secas sobre o descanso da terra,


Palmas maiores, mais antigas, talvez,


Arqueando suas astes,


Com beleza,


Em um sucumbir às ações de Tempo.


Do tempo passado,


Do tempo presente, 


Do tempo futuro,


Do tempo impensado.


Do tempo que não queremos ver.


Ao lado dessas astes mais amadurecidas,


Outras.


No apogeu da vida desfilavam,


Guiadas pela luz do sol.


Beleza!


Era o ballet da vida, permitindo as estações.


Em destaque, com quase todas as folhas fechadas,


Ainda em desalinho,


Num verde de quem começa a viver as primeiras primaveras,


Uma palma tirou-me palmas do olhar!


A beleza da juventude,


Uma luz a mais naquele caco de plantas sobre a mesa.


Nele, lições:


A integração entre os tempos da vida,


A harmonia entre o ontem, o agora e o depois,


A alternância entre o novo, o maduro e o antigo,


O equilíbrio entre o nascer, crescer, amadurecer...


E, um dia, descansar...


Todos...


Um dia.


quarta-feira, 10 de maio de 2023

Acróstico para Alberto Raimundo Gomes dos Santos

 




Rodolfo Pamplona Filho



A mado por todos e todas,

L ider inconteste do Ibdfam da

B ahia de todos os Santos,

E xperiente na lida jurídica

L iderança Associativa

T ransita em várias áreas

O cara, sem sombra de dúvida!

 


R aimundo Francisco e Julieta Gomes

A mados pais de saudosa memória,

I lustre apreciador de whisky e caminhadas

M ilhares de coisas gostar de comprar

U m monte de papos a conversar

N as feiras que ama frequentar

D o interior que viaja com prazer

O nde se sente à vontade em seu bem-querer


 

G osta de tudo que é bom

O nde passa, faz amigos

M estre das comidas pesadas

E na maniçoba, feijoada

S arapatel, dobradinha e moqueca

 


D omina como poucos a arte de viver

O rgulho de ter nomeado o fórum das famílias

S ensação de dever cumprido com excelência

 


S ocializar é a sua característica inerente

A marca sua deixou

N a história do IBDFAM

T odos e todas assim reconhecem

O referencial para

S empre registrado


 


Salvador, 02 dezembro de 2021

terça-feira, 9 de maio de 2023

Fortuna – Deusa Romana da Sorte





Fortuna ou azar.

Amor ou rancor.

Alegria ou tragédia.

Caos ou Harmonia.



Deusa Romana.

Valores e poemas medievais,

Da coletânea Carmina Burana

Hoje não se encontram mais?



A música pode ser clássica.

Mas a roda da fortuna hoje,

Ainda causa grande furor.

Assim, todo cuidado com a álea.



Não se deixem enganar:

Ter sorte ou azar,

Na vida, na saúde ou no amor 

Não é questão só de destino.




(Paulo Basílio – 24/09/2020)

segunda-feira, 8 de maio de 2023

Precedente


 




Rodolfo Pamplona Filho



O que ocorreu

pode iluminar

a desconhecida estrada

de um novo caminhar


como a saber

a rota tomar,

se antes alguém

não veio desbravar


a floresta da incerteza,

o que se por à mesa

e a dúvida inata

à qualquer indecisão?


Saiba: “o dia precedente

é o mestre do dia seguinte”

e o porvir, do presente,

é a mais bela lição.


 


Salvador, 24 de outubro de 2021.

domingo, 7 de maio de 2023

A água em você


 


(Negra Luz)


Me diga que não precisa pensar na vida.

Me diga que não precisa pensar em você.

Se a resposta certa é o que espero,

Então me diga que pensa na água,

Ela está em você.


A água está em em mim

Está em você.

Sem ela, a fonte da vida é rio que seca.

Ressecam-se a fauna e a flora

E todo viver. 


Oxum e Yemanjá tem seus filhos

E abençoam com água

Salgada ou doce,

Abençoam o nosso viver.


Se tens fé nas Águas,

Da água deve cuidar,

Pensar nas nascente, 

Nos mares 

E nas suas vidas.

Em não poluir, revitalizar,

Proteger o que temos

Rever desperdícios e perdas ajudam a resolver.


Se já bebeu água com sede,

Sabe o que é não ter...

Por um segundo e urgimos sem ela.

Imagine o pior dos mundos sem a ter!


Me diga que não precisa pensar na vida.

Me diga que não precisa pensar em você,

Se a resposta certa é o que espero,

Então me diga que pensa na água,

Ela está em você.

sábado, 6 de maio de 2023

Entre Batman e Bauman



 Rodolfo Pamplona Filho



Em Manhattan

ou Gotham,

há mais afinidade

do que distância,

nos amores líquidos

e frígidos,

nos tempos fluidos

e imprecisos,

nas sociedades frágeis,

que se desfazem

no ar ou no mar…


 


Salvador, 09 de junho de 2021.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Na preparação

 





você pode decidir não bater

e pode também decidir não apanhar.

Você de repente percebe

que para vencer, vencer de verdade,

todos precisam ganhar.

Fazer o que é melhor para si,

Adam estava incompleto.

Fazer o que é melhor para si e para o grupo

E quando todos estiverem satisfeitos

Encontraremos um equilíbrio perfeito.

Nash já sabia.

Isso também é jogo, é luta diária

Quem disse que seria fácil?

Bater até cansar...

Apanhar até morrer...

Mas, e coletivizar para viver?

Agora é hora de praticar.

Vem, vamos nos preparar.



Juliana Guanaes

quinta-feira, 4 de maio de 2023

Faunos ou Sátiros







Rodolfo Pamplona Filho


Com a flauta de Pan,

ligados a Baco 

ou Dionísio,

perturbando a paz

e trazendo alento 

a quem nada

quer mais…




Salvador, 09 de junho de 2021

quarta-feira, 3 de maio de 2023

Me marcou


 





(Negra Luz)

Com o melhor cheiro que já senti,

Com a comida mais gostosa que comi,

Com o banho mais bem tomado que tomei ,

Com o sermão mais pujante que ouvi


Também, com o melhor conselho,

Com a palavra mais sábia,

Com o provérbio mais significativo,

Com a frase que ficou


E, assim era, com o mais inebriante sorriso,

Com o olhar mais profundo,

Com o abraço que mais me aqueceu,

Com o beijo de mais abnegado amor


Minha mãe me marcou com tudo, 

Que traduzia seu amor.

Eu sigo e, nas marcas em mim,


Reencontro tudo de bom que Mainha deixou!


terça-feira, 2 de maio de 2023

Prolífico

 



 


 

Rodolfo Pamplona Filho


Aquele que produz muito:


rico, fecundo,


feraz, prolífero,


opimo, úbere,


verdadeiramente profícuo.


 


A prole é


de descendência,


mas não somente


de filhos da


genética ascendência:


livros, poemas, vídeos,


tudo que comportar


um esforço a direcionar!


 


O prolífico gera prole


não por prepotência


ou egocentrismo,


mas por acreditar


que esta é a forma


de contribuir


para a posteridade,


 


pois a mais pura verdade


é que uma alma fértil


tem a viva necessidade


de compartilhar seus frutos


com toda a humanidade.


 


Salvador, 07 de fevereiro de 2021.

segunda-feira, 1 de maio de 2023

Retrato








Eu não tinha este rosto de hoje,

Assim calmo, assim triste, assim magro,

Nem estes olhos tão vazios,

Nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,

Tão paradas e frias e mortas;

Eu não tinha este coração

Que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,

Tão simples, tão certa, tão fácil:

- Em que espelho ficou perdida

a minha face?




Cecília Meireles