sexta-feira, 26 de maio de 2023

Terra Bárbara

 



Na minha terra,


as estradas são tortuosas e tristes


como o destino de seu povo errante.


Viajor, 


se ardes em sede, 


se acaso a noite te alcançou, 


bate sem susto no primeiro pouso:


— terás água fresca para sua sede,


— rede cheirosa e branca para o teu sono.


 


 


Na minha terra,


o cangaceiro é leal e valente:


jura que vai matar e mata.


Jura que morre por alguém — e morre.


 


(Brasil, onde mais energia:


na água, que tem num só destino


do teu Salto das Sete Quedas


ou na vida, que tem mil destinos, 


do teu jagunço aventureiro e nômade?)


Ah, eu sou da terra do seringueiro,


— o intruso


que foi surpreender a puberdade da Amazônia.


 




Eu sou da terra onde o homem, seminu, 


planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.


Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá


e fui crescer nos canaviais do Cariri,


entre caboclos belicosos e ágeis.


 




Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 


eu sou o índice do meu povo:


se o homem é bom — eu o respeito.


Se gosta de mim — morro por ele.


Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 


— ai, sertão!


Eu viveria o teu drama selvagem,


eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,


como antes te acordava ao choro da viola...






-


Na minha terra,


as estradas são tortuosas e tristes


como o destino de seu povo errante.


Viajor, 


se ardes em sede, 


se acaso a noite te alcançou, 


bate sem susto no primeiro pouso:


— terás água fresca para sua sede,


— rede cheirosa e branca para o teu sono.


 


 


Na minha terra,


o cangaceiro é leal e valente:


jura que vai matar e mata.


Jura que morre por alguém — e morre.


 


(Brasil, onde mais energia:


na água, que tem num só destino


do teu Salto das Sete Quedas


ou na vida, que tem mil destinos, 


do teu jagunço aventureiro e nômade?)


Ah, eu sou da terra do seringueiro,


— o intruso


que foi surpreender a puberdade da Amazônia.


 




Eu sou da terra onde o homem, seminu, 


planta de sol a sol o algodão para vestir o Brasil.


Eu nasci nos tabuleiros mansos de Quixadá


e fui crescer nos canaviais do Cariri,


entre caboclos belicosos e ágeis.


 




Filho de gleba, fruto em sazão ao sol dos trópicos, 


eu sou o índice do meu povo:


se o homem é bom — eu o respeito.


Se gosta de mim — morro por ele.


Se, porque é forte, entender de humilhar-me, 


— ai, sertão!


Eu viveria o teu drama selvagem,


eu te acordaria ao tropel do meu cavalo errante,


como antes te acordava ao choro da viola...




-Jáder de Carvalho


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