terça-feira, 16 de maio de 2023

No tempo do forte verde

 



Na sala de jantar


um pouco acima


da cristaleira


o capacete da revolução.


E bem ao lado da terrina


de louça clara adornada


com frutos levemente esmaltados


o pente de balas de fuzil


espetava o dourado ocre do metal.


Foi quando olhei para a rua


e uma bandeira inflava levemente


ao ruflar de longínquos tambores.


Outra vez olhei para o interior


onde as mulheres costuravam.


Pude constatar que o verde


realmente era uma cor


muito forte.




 


 (Cavalos ao Sol, 1982)




 -J. B. Sayeg


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