sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Minha casa

 




Heitor Ferraz Mello


Minha casa é um refúgio

De noite

quando o sono não chega

vou até o portão para fumar um cigarro

O homem protegido

sob uma pequena marquise de uma garagem

fala sozinho

igual ao meu filho quando brinca

O homem imita conversas

e revolve uma sacola de supermercado

Afasto-me do poema que os olhos espiões

poderiam indicar

Refugio-me entre artigos da casa

Aquele homem sob a marquise

permanece inabordável

 



 


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