quinta-feira, 25 de abril de 2024

Descendo o Jaguaribe

 



Beni Carvalho


I

Canta, no agalho agreste, o passaredo... Canta... 

Em flor o cajueiral farfalha; o vento açoita... 

E vai, de fronde em fronde, e vai, de moita em moita, 

Áurea, a luz da manhã que, a sombra, abate e espanta.



Alto, côncavo, azul, escampo, o céu!  Levanta 

O vôo uma ave, além, que o bamburral acoita; 

Não mais a verde mata a treva espessa enoita, 

E tudo brilha, e esplende, e exulta, e harpeja, e encanta!



Claro, ao sol refulgindo, o Jaguaribe, lento,

Coleia, estuante, a arfar, os mangues alagando,

E, à praia, o coqueiral move e fustiga o vento...



Ao longe passa a voar, de marrecas um bando...

O rio, ansiando mais, lança-se ao Mar violento:

E o hino triunfal da Luz, ei-lo que vai cantado!...

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