domingo, 16 de janeiro de 2011

O Poema que se perdeu

O Poema que se perdeu

Rodolfo Pamplona Filho

Ontem, perdi um poema.
Apaguei-o, sem querer,
na multidão de meus textos
e não terei como recuperá-lo,
pois o sentimento de outrora
não pode mais ser vivido,
já que, se pudesse viver de novo,
nova vida eu teria
e não o mesmo caminho
que não necessariamente seguiria...

Racionalmente, quero reproduzir
a idéia que insiste em se repetir
pelo brilho do momento da criação
ou do sentimento traduzido à perfeição.
Quero me apaixonar de novo
pela surpresa da palavra lida,
pelo gosto do abraço imaginado
e pelo arrepio na pele provocado.

Resgatar o que não se aproveitou
de um passado que não volta atrás
é uma metáfora da própria vida
em que se quer, hoje,
viver o que se perdeu
e amar o que já não existe mais...

San Francisco, 29 de setembro de 2010.

2 comentários:

  1. Não perdi poemas (ou tantos)...talvez escritos ou ideias. Interessante como palavras (simples e precisas) parecem "esculpir" uma imagem. A proposito, lembrei duas coisas: "times keeps movin' on" (Janis Joplin) e “um homem não toma banho duas vezes no mesmo rio, porque nem o homem nem o rio serão os mesmos". Parabéns. Bom domingo!!!

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  2. Sensacional comentário!
    eu não faria melhor!
    Seja bem-vindo ao blog, amigo!
    Abs,
    RPF

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