domingo, 20 de fevereiro de 2011

Sentença em Versos

COM BOM HUMOR E APURO POÉTICO JUIZ SENTENCIA EM VERSOS RIMADOS

Poderia ter sido mais uma dentre as milhares de ações julgadas pela Justiça do Trabalho, ou mesmo pelo juiz autor da sentença Platon Teixeira de Azevedo Neto, em seus mais de nove anos de carreira na magistratura trabalhista. Mas a história virou poesia. Explica-se: frustadas as tentativas de conciliação, o magistrado buscou em versos inspirados a solução para uma lide entre um ex-empregado de uma funerária e o seu patrão.

Para fugir da aridez das leis e dos complexos trâmites processuais, o magistrado iniciou sua sentença com versos de cordel, relatando toda a história da disputa judicial. “De vez em quando é
bom sair da rotina e aliviar as tensões do dia a dia com criatividade e bom humor”, ressaltou Platon Neto.

Os pedidos foram diversos, mas, na sentença, ele deferiu parcialmente a questão para condenar a empresa ao recolhimento do FGTS devido, salários não pagos, retificação da Carteira de Trabalho, integração do salário in natura, entre outros. No entanto, rejeitou o pedido de reconvenção apresentado pela reclamada, que alegou que o ex-empregado tinha fundado uma empresa similar e se apropriado de valores da funerária.

As partes recorreram ao segundo grau, mas a sentença foi confirmada, por maioria, em decisão da segunda turma, cujo acórdão foi redigido pelo desembargador Paulo Pimenta. Eis a sentença inspiradora:

SENTENÇA

"...Mas eu lhes digo: não se vinguem
dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe
der um tapa na cara, vire o outro lado
para ele bater também."
Mateus 5.39

"Então Pedro chegou perto de Jesus
e perguntou: - Senhor, quantas vezes devo
perdoar o meu irmão que peca contra mim?
Sete vezes? - Não – respondeu Jesus. –
Você não deve perdoar sete vezes,
mas setenta e sete vezes".
Mateus 18.21-22

CONSIDERAÇÕES INICIAIS "BREVE RESUMO DA ÓPERA”

Trabalhou o autor para a reclamada
numa funerária no interior
Foi dispensado depois da empreitada
Após longo tempo de labor

Talvez movido pela ambição
ou por orgulho ou vaidade
captou clientes na região
e abriu concorrente na cidade

O proprietário da empresa
quem sabe por ira ou raiva
alertou a sociedade local
que não era a mesma funerária

Apresentou também denúncia
alegando crime de estelionato
Foi aberto inquérito policial
Na Justiça Criminal Estadual

Talvez levado por vingança
Acionou o autor a Trabalhista
pedindo com forte esperança
verbas do tempo de motorista

A reclamada opôs defesa
mas não limitou sua atuação
além de contestar a ação
formulou uma reconvenção

Esta novela de mútuos ataques
pletora de pecado capital
vem sendo alimentada pelas partes
E ninguém imagina o seu final

Este infindável ciclo insano
deve ser interrompido com perdão
alguém deve oferecer a própria face
para que possa haver a conciliação

O fim da história só Deus sabe
a paz ainda não veio neste inverno
mas desejo que ela não venha somente
num canto do céu ou do inferno

FONTE: TRT 18

2 comentários:

  1. ESTADO DO MARANHÃO
    PODER JUDICIÁRIO
    COMARCA DE IMPERATRIZ


    TRIBUNAL DO JURI POPULAR
    SEGUNDA VARA CRIMINAL
    PROC. Nº. 78/93
    AUTORA: JUSTIÇA PÚBLICA
    RÉU; VANDERLEI TEIXEIRA BATISTA



    VISTOS ETC.


    Em pleno mês de junho.
    Hoje dia de São João,
    Quadrilhas e folguedos
    Eu cá em minha missão,
    Presidindo o Tribunal do Júri
    Em Imperatriz do Maranhão.

    Sou juiz, não sou poeta
    Mas faço verso e canção
    Na beira do Tocantins,
    Imperador da região;
    Hoje em forma de poema,
    Vou proferir esta decisão.

    O réu em seu ato criminoso
    Feriu artigo do C. Penal,
    Sendo portanto denunciado,
    Pela sua ação ilegal,
    Tirando a vida do semelhante,
    Sem motivo para tal.

    A denuncia foi recebida
    E o réu logo citado;
    Segundo as provas dos autos,
    Ele foi pronunciado;
    Requerendo o Promotor
    Que ele fosse condenado.

    Submetido a julgamento
    Pelo Egrégio Júri Popular
    Em nome da sociedade
    Instituição secular
    Para julgar homicida
    Em todo canto e lugar.

    No Brasil é instituído
    Pela Constituição Federal
    A lei maior do país
    Tudo dela é legal
    Fora dela é arbitrário
    Ato inconstitucional....

    O Ministério Público
    Fiscal da lei,
    Fez a sua acusação
    Pedindo aos jurados
    Que votem com atenção
    Pois o réu é confesso
    E merece condenação.

    O nobre advogado de defesa
    Pregando a negativa de autoria
    Alegando que não tem prova
    Da grande selvageria
    Pede absolvição do réu
    Que só confessou na Delegacia.

    Confessou que matou oito,
    Três só em Imperatriz,
    Abatendo semelhantes
    Deixando família infeliz,
    Devendo ir para Pedrinhas
    Na Ilha de São Luis.

    José Vieira da Silva
    Honesto e bom cidadão
    Na noite do acontecido
    Estava dando plantão
    Trabalhando de taxista
    Que era sua profissão.

    O réu fretou seu táxi
    Tramando a simulada
    Uma corrida à Açailandia
    Numa noite enluarada,
    Mas no meio do caminho
    Logo pediu uma parada.

    Entrou o comparsa Edinho
    Mandante e co-autor,
    Foragido da Justiça
    Uma miséria ele pagou
    Pelo crime encomendado
    Um trabalho sem valor.

    Por apenas um milhão
    Uma importância vil
    Por corro se mata gente
    Nesse nosso Brasil;
    Fato esse acontecido
    No dia quatro de abril.

    No local da tragédia
    Pediu outra parada
    Dando na vítima dois tiros
    E depois uma punhalada
    E roubaram seu dinheiro
    Consumando e simulada.

    O Júri Popular acatou,
    A tese da acusação,
    Por sete votos a zero
    Decidiu pela condenação,
    Do réu Vanderlei Batista,
    Que deve ir para a prisão.

    No art. 121, § 2º, I, IV do CP
    O réu foi condenado,
    Por crime de homicídio
    Duplamente qualificado,
    Vai responder por essa conduta
    Porque foi, julgado culpado.

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