quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Auto-destruição

Auto-destruição
Rodolfo Pamplona Filho

Chega uma hora em que
seu pai é um estranho
seu irmão, seu inimigo
e você quer ter coragem,
quer acreditar em Deus,
para poder se matar,
mas nem isso você consegue!

É o estupro pelo prazer de ver o medo nos olhos da mulher...
É o cavalo-de-pau em pleno quilômetro de arranque...
É a vontade de cortar os pulsos para ver o sangue escorrer...
É o real apetite por destruição!

É deixar crescer cabelo e barba pela vaidade
de se tornar mais feio ou menos higiênico
somente para ser diferente dos outros.
É um querer-não-querendo que os outros
sintam imensa pena de você
(a piedade é a soberba disfarçada!)
É o orgulho e a dor de ser íntima,
misturados com o desejo de matar alguém
só para sentir como é que é!

Ser doente e doentio,
podre e escorregadio,
escrevendo para não falar,
calando para não amar,
sofrendo para não viver.
É isto que sou: um chato (ou um louco?)

(16.01.92)

4 comentários:

  1. Eu penso que para ser louco é preciso ser sensível e competente. Bem, o autor é sensível e competente. E então?
    Estou maravilhada com as descrições que o autor faz da "dor de existir".

    Olha, uma vez perguntaram para uma moça o que ela estava fazendo no Juliano Moreira, e ela respondeu:
    - Eu estou aqui porque eu sou sensível, eu não aguento o mundo lá fora, é demais para mim, então prefiro ficar aqui.

    A pena de si mesmo é capricho, a auto- destruição pessimismo, egoísmo... Mas a dor é real, tão real que o corpo morre, a vontade desaparece, e a incisão na carne faz respirar o que não pode ser dito.

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  2. Obrigada amigo abrigo!
    Amo os seus poemas!
    Bjs, J.

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  3. J.
    Muito obrigado mesmo pelo seu carinho!
    Precisamos nos rever pessoalmente!
    Bjs,
    RPF

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