domingo, 5 de junho de 2011

Sentindo Falta

Sentindo Falta

Rodolfo Pamplona Filho

A distância aterroriza.
Meu corpo se rende
à insuperável fadiga
do contato sem resposta
e pede, aos poucos,
que durma profundamente
sem pensar no tempo...

Ah, o tempo... este insiste em não parar...
Penso que, por um lado, é bom que corra,
pois haverá a esperança de cessar a sensação...
mas, por outro ângulo, imagino quanto estou a perder...
as prioridades mudam, os desejos também...
com o cair dos grãos da ampulheta
ou a badalada do velho relógio da sala...

A cabeça pára.
Logo, o corpo padece
do viço de viver, da mania de sonhar...
Determinadas coisas não se explicam.
A alma sente, o corpo reage
do jeito mais previsível
e a boca silencia.

Fico com dúvidas sem sentido.
Pairam como fantasmas
que, no fundo, não existem.

Tenho medo, muito medo
de tomar iniciativas
sem perspectiva de volta...

Cobro-me coragem,
mas, no fim, opto em decidir
apenas o estritamente necessário.

Meu amor e dores se misturam
e não sei mais viver sem os dois.
Espero que o destino me encontre.

Salvador, 05 de março de 2011.

4 comentários:

  1. Acho positiva a mistura do amor com a dor, essa inquietação do ser, afinal sou masoquista, mas pensando no que Jacques Lacan disse sobre ser a angústia fonte de criação, analise comigo... se tens tudo o que deseja, o que te moveria? Como criaria tantas poesias? Aí tu serias igual a todos... A angústia é necessária aos diferentes.

    Um beijo,
    Malu

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  2. Ao final, todos queremos parecer normais, sensatos, no domínio dos nossos sentidos, como se o ir e vir não modificasse, não causasse... por que somos assim, cheios de loucuras e mistérios e ao mesmo tempo, czars de nossso destino, da marca que nos imprime e nos define? é uma mistura não é? trocas que só os sentidos entendem porque são o começo e o fim...

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  3. Oi, Malu!
    Costumo dizer que, sem a depressao, quase nada seria produzido na arte e na filosofia...
    Bjs,
    RPF

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