terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Carpe Diem

Carpe Diem

Clivia Filgueiras.


Sentada na janela eu gosto de esperar

Um mundo mais bonito alcançar

Ofereço meu corpo pra quem quiser comigo voar

E entre as nuvens começar a gritar:

Quero receber amor

E quero também amar!

Então alguém se aproximou  e no meu ouvido sussurrou:

- Seu interior é belo

- Mas por que choras?

E não obteve resposta.

Como um raio de luz na escuridão

Foi uma faca no meu coração

E agora só me resta morrer!

Morrer pelo que foi e pelo que será

Pelo que é belo e pelo que é feio...

De repente o céu se abre

Uma voz com um infinito som

Vem como música no meu ouvido e diz:

- A hora chegou... Vamos?!

E eu fui sabendo que era a morte quem me chamava.

Quando já estava morta queria voltar à vida

Retirar dela tudo de bom que tivesse para oferecer

Pois só ao morrer percebi que

Nasci

Cresci

E esqueci de viver.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Soneto da Sintonia

Soneto da Sintonia

Rodolfo Pamplona Filho
Descobrir a perfeição
no toque e no calor
e a perfeita identificação
do significado do amor.

Absoluta falta
de estranhamento
no mais perfeito
entrosamento.

Intimidade. Conexão.
Um age e o outro reage,
em preciso encaixe.

Estímulo. Adoração.
O símbolo efetivo da harmonia
é a mais pura e simples sintonia.

Salvador, 17 de janeiro de 2012.

domingo, 29 de janeiro de 2012

VESTAIS DE SATÃ

VESTAIS DE SATÃ

Azrael


Tiros no átrio escolar,
Sangue em lugar de divã.
Mata quem quer se imolar,
Canta-se a morte mal-sã!

Caça-se o mouro histrião,
E vinga-se o mal com a dor.
Dobram-se as leis e as fronteiras
Diante de um «justo» fragor.

Dão-se os cobrões da miséria
Aos povos agora emergentes.
China, Coréia Brasil?
E foi-se o «trabalho decente»...
                                
Água, unguento finito,
Que, rara, rareia a vida.
Lixos, dejetos, venenos,
Espólios da raça suicida.



Eis a cruenta ribalta
Na récita de um Fausto infausto.
O último grito da malta
No opróbrio do último claustro.
E, em proclamas do não-amanhã,
Anunciou-se o festim de Satã...

sábado, 28 de janeiro de 2012

TATUAGEM NA ALMA


TATUAGEM NA ALMA
*MMendes

Em minha alma está tatuado teu nome,
para que eu nunca possar esquecer-me de ti.
Fotografei tua face em minha memória,
para nunca esquecer-me de teu sorriso.

Conto os anos de minha vida em segundos,
para saborear cada momento vivido.
No amor aprendi a somar, multiplicar e dividir.
Subtrair? Só as diferenças entre nós.

Nunca irei sem antes deixar-te meu coração,
nem ficarei sem antes pedir-te que me leves.
Quando tivermos que partir, que seja juntos,
pelo mesmo caminho e para o mesmo destino.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Indagação



Indagação


  

Paixão...

Coisa ruim

E quando não correspondida

Ilude o coração...

Sentimento de perda

Ainda que não se tenha intenção.

Que sentimento é esse que me invade

E que toma conta do meu ser?

Gostaria de não ter vergonha

De declarar-me com um beijo

E um simples Amo Você!



Paixão...

Sentimento constrangedor

Deixa-nos abobalhados

Sem saber o que fazer com tanto amor

Faz-nos delirar...

Causa-nos medo

E só faz nos machucar...

Afinal por que é mesmo

Que temos que nos apaixonar?

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Sentido da Vida

Sentido da Vida

Rodolfo Pamplona Filho

O que move o ser?
O que o incomoda
a sair da sua letargia?
O que o provoca
a abandonar
sua cômoda fantasia?
Qual é o sentido
que se quer dar
ao simples ato de respirar?
Só o sonho e o desejo....
A vontade de realizar
e a meta a alcançar...
A adrenalina do perigo
e a emoção do desconhecido...
A busca efetiva
da única sensação
que somente se descobre
individualmente:
o de que se está vivo...

Salvador, 15 de julho de 2011.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Você

Você


 Você...
Ser encantado
Céu estrelado
Estar ao seu lado
Amor sempre esperado

Você...
Noite sempre iluminada
Desejos inexplicáveis...
Você que sempre sonhei
Muitos cruzaram meu caminho
Mas somente por Você
Me apaixonei...

Oh... concede-me um pequeno
Grande desejo
Faz com que Você me veja
Você que tanto almejo
Prometo de todo o meu ser
Se aceitares o pedido meu
Serei a sua eterna Julieta
E Você o meu Romeu
Nosso amor será infinito
E meu coração deveras seu.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Marcas



Marcas
Malu Calado
Segunda-feira, 11 de Julho de 2011, 7:59


Eu tenho marcas
A violência de gente agressiva
Repercutiu em minha vida
Dores no corpo
Sangue entre pernas
Lágrimas no rosto
Pulsos cortados
Confusão em minha cabeça.

O trauma mostra sintomas:
Isolamento, medo, insegurança
Culpa, desconfiança do outro.
A ferida minando
Tremores e suor
Paralisam o corpo.

Aos poucos o passado
Esfacela, vira cinza
E mesmo que quando em vez
Eu respire, identificando
O cheiro do sangue
Do rato morto
Provando o sal do pranto
Procuro palavras
Alguém que me sirva sabedoria
Para eu beber
Como fonte da vida
Porção de amor
Para transcender...

A ajuda é necessária
De alguém em quem confie
Mas acredite em você primeiro
E caso não consiga
Por conta da culpa
Que te faz desculpar-se
De ação que não foi sua
Procure um colo amigo
Um abrigo

E quem te ama
Mesmo que você não saiba por que
Pois a baixa auto-estima
Não te deixa ver
Te cega e nega
Quem é você
Não desista...

Agora o céu ainda está nublado
A insegurança faz tremer as pernas
Um carinho é recebido como favor
Mas vai passar
Supera-se a dor
Aí então um caminho
Começa a ser pintado
Elabora-se em sonho
Quem sabe uma borboleta
Para enfeitar os pulsos agora
E a cadeira que era sustento
Retira-se para o início da caminhada.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Colher de Sopa

 
F. Carpinejar
 
Cora, a cachorrinha de casa, ficava assustada na virada do ano. Ela se escondia debaixo da mesa, da cama, das cortinas. Uivava para as janelas. Seus gemidos lembravam molas de antigos colchões. Dentes rangendo de insônia. Não se aquietava até que os rojões serenassem em fumaça.

Na troca de 2011 para 2012, ela estranhamente dormiu e não acordou com nenhum fogo de artifício. Suspirava no sofá. Uma colher de sopa perdida na almofada.

Aquilo me intrigou. O animalzinho traduzia tranquilidade de coma: anestesiada, desaparecida em si. Respirava fundo, avessa aos tormentos dos fachos.

Logo o animal que fugia dos trovões e das descargas elétricas nos morros.

A família se preocupou com a súbita quietude e fotografou seus movimentos nos dias seguintes. Quando ela caminhava de costas, invocávamos seu nome e ela não recuava. Batíamos palmas e ela sequer mexia o pescoço.

Reprisei que Cora não atendia nossa voz como antes, não obedecia pedidos para sentar ou deitar, não vinha na cozinha quando gritávamos "hora da comida", não abanava o rabo com a trilha sonora que Cínthya criou para ela.

Também latia menos e dormia o dobro.

Uma vitória-régia boiando na sala. Uma sanfona se coçando de vento.

Entrávamos de madrugada na residência e ela não respondia. Tínhamos que tocar em seu pelo para despertar uma reação. O tato era o seu último alerta.

As cenas foram esclarecendo os sintomas. Descobrimos que nossa cachorrinha está surda. Não escuta nada.

Despertou uma dor avulsa. Uma dor de azulejo de pares quebrados.

Cora não entende que foi ela que deixou de ouvir, mas acredita que nós deixamos de falar com ela.

Na cabeça da cachorrinha, sem explicação, todo mundo parou de procurá-la.

De repente, ninguém mais a chama, ninguém mais canta para ela, ninguém descreve as paisagens.

No seu universo preto e branco, a surdez é concebida como um castigo. Ela não sabe o que fez de errado para desaparecer o som de nossas bocas.

E treme de frio quando nos observa. Um frio de medo, não de vento. Um frio de quem precisa entender o que aconteceu. Olha longamente as vogais de sabão saindo dos nossos lábios e subindo aos céus. Palavras áereas, mudas, velozes.

Conto tudo assim porque amor é mudar, sempre mudar, sempre se adaptar. E nunca cansar de criar idiomas.

É agora pegar Cora mais no colo, é falar com as mãos, é se aconchegar ao seu corpo para que não mais estranhe o silêncio e reconheça os timbres pelo olfato

 

sábado, 21 de janeiro de 2012

Tempo

Tempo

Rodolfo Pamplona Filho

Na infância,
o tempo flui
em ritmo de lesma.
Quando se cresce,
parece ser veloz
como uma gazela.
Se, no relógio, porém,
a velocidade será
sempre a mesma,
a percepção
variará em função
da carência que se sente...

O tempo não é cruel,
nem severo,
ou sequer fatal!
O que não volta
é a oportunidade
perdida no final!
Por isso, é preciso
aproveitar cada momento
que o próprio tempo
reserva, sem pressa,
para ser vivido, aproveitado
ou, no mínimo, não desperdiçado.

Tempo, tempo, tempo, tempo...
Salvador, 10 de julho de 2011.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Petição em Versos

EXMA. SRA. DRA. JUÍZA DE DIREITO SUBSTITUTA DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE IPIAÚ, ESTADO DA BAHIA.


PROCESSO N.º 196/98

AÇÃO DE ADOÇÃO
Pele ferida, ossos salientes,
pernas miúdas, braços finos,
cara acanhada, boca serrada,
corpo flácido, dois fracos quilos
de poucos centímetros,
de olhos profundos,
a procura de alguém.
A cria, de seios lânguidos,
Implora, chora, clama e ninguém.
O pai nascido da terra,
carrega o seu quinhão na sola dos pés,
sem eira, nem beira.
O Estado distante,
os cidadãos passam à margem,
a mãe pede, repete e ninguém.
Larga-se o rebento ao léu.
O quadro do banquete da fome, é cruel.
A mera pintura da miséria, é natural.
Retrata o caos de milhões de brasileiros.
Surge uma cidadã, já qualificada nos autos,
Jocelma Silva Rios,
diante de uma tela tão banal,
seria normal, ou anormal,
comover com a situação?
Assume a paternidade,
numa casa pobre,
de poucos recursos,
mas onde o amor e carinho,
suplantavam as deficiências.
A criança recebe um nome,
Ganha uma irmã, uma mãe, uma avó.
Enche o corpinho com alguns quilinhos.
Passa a ser olhada pela população,
Percebe-se que o lar não satisfaz,
que a pretensa mãe não deve ser normal,
enfim, tudo contraria o Estatuto.
É necessário uma posição.
Um comissário de menores, de prenome Netasto,
sem a devida autorização judicial,
invade a casa,
arranca a criança do novo ventre,
a mãe chora, lamenta,
Ialu, a menor, era esse o nome que recebera,
perde, pela segunda vez, a família.
Por conta de um melhor destino,
a criança foi entregue na creche de D. Elvira,
começa nova vida,
de poucos dias.
Febre, catapora, encefalite,
sabe-se o quê? Uma moléstia, um destino,
Terá sido uma fatalidade?
Morre Ialu, morre um sonho de mãe.
Do ocorrido, requerer o quê?
Morta a adotanda, desistência da adoção.
Da Justiça, Excelência,
a mãe, se assim pode intitular, requer,
com base no Estatuto da Criança e do Adolescente:
um, a apuração do ato cometido pelo comissário de menores,
conhecido por Netasto, da Comarca de Jitaúna;
dois, uma sindicância na creche de D. Elvira, em Jequié;
três, a intimação do Ministério Público para acompanhar passo a passo as apurações;
quatro, determine o Hospital Prado Valadares que junte um laudo médico indicando a causa mortis.
Enfim, são estes os termos, e requer JUSTIÇA,
em Ipiaú, 1.998, há pouco mais de um ano do próximo milênio,
dezembro, no seu sexto dia, com muitas chuvas, aguarda colher o seu deferimento.

Nesmar Andrade
Advogado

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sangue e Amor

Sangue e Amor

Rodolfo Pamplona Filho
Vezes há
em que as palavras
não são suficientes
para expressar
tudo que se passa
na mente e no coração.

Vezes há
em que é preciso
sangue
para escrever
e marcar
o momento e o lugar

Marcas de Amor
em plena luz do dia,
vendo fluir
como hemorragia...
Cumplicidade total,
em absoluto despudor...
Entrega total
em prova de amor...

Ausência de asco ou frescura
Um nova forma de ver a candura
Tenha a plena certeza e o plano
de que você não está mais morto,
quando a expressão "eu te amo"
é escrita com seu próprio corpo...


Salvador, 12 de janeiro de 2012.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

OTIMISMO

OTIMISMO
Até o coração dos otimistas é mais forte. Carregar aquela certeza de que tudo vai dar errado faz mal, dizem especialistas. Pessimismo em excesso também dificulta a vida social e impede realizações. Se você está no time dos que tendem ao negativo, comece a pensar no caminho inverso. Acredite, isso é possível.

O pessimista, às vezes, pode confundir-se com uma pessoa cautelosa, prudente, e até mesmo, realista. Porém, essas qualidades não são características de quem vive de mal com a vida. Para a psicóloga e membro do Conselho de Psicologia do Rio de Janeiro, Noeli Godoy, trata-se de conceitos totalmente diferentes. “O pessimismo emperra todo e qualquer projeto pessoal. Muitos confundem pessimismo com realismo ou cautela. Realismo, cautela, prudência são virtudes dos que são empreendedores, portanto, otimistas. Os pessimistas, por sua vez, tendem a se isolar, a não mais acreditar em si e no próximo. Param no tempo e no espaço, perpetuando o sofrimento”, explica ela.

Pensar somente em coisas desagradáveis, negar o lado positivo e viver reclamando de tudo tem consequências também para a saúde. Uma recente pesquisa realizada pela Columbia University Medical Center, mostra que o coração dos otimistas é mais resistente a doenças cardíacas.

“O pessimismo é fonte de paralisia, tristeza, angústia. As pessoas tendem a se isolar, a não mais acreditar em si e no próximo. Param no tempo e no espaço, perpetuando o sofrimento. E à a medida que o pessimismo se acentua, perde-se a esperança de realizar novas ações, podendo acarretar em sintomas depressivos e de pânico, medo de tudo e de todos”, ressalta a psicóloga.

Até mesmo nas situações mais adversas, é possível ver o lado positivo, garante ela. Situações de perda, de rompimento ou de profunda tristeza podem ajudar a conviver melhor com as dificuldades. “Quando cultivamos a capacidade do aprendizado em toda e qualquer circunstância da nossa vida. Não quer dizer que não vamos sofrer, quer dizer que podemos enxergar para além das dores, do sofrimento. Assim desenvolveremos a capacidade de criar novas possibilidades para lidar com as dificuldades. O pensamento positivo traz boas energias que nos ajudarão quando alguma adversidade se apresentar”, aconselha Godoy.

Quer saber a quantas anda o seu pessimismo? Faça uma experiência. Ao fim do dia, relembre os acontecimentos e saiba quais foram mais marcantes na sua memória. Se você só consegue se lembrar do que deu errado, aprenda como ver o lado bom da vida a partir das dicas elaboradas pela psicóloga Noeli Godoy. Na próxima página.
1. Sempre procure tirar aprendizado das adversidades. É o aprendizado que nos fortalece e possibilita criar linhas de fuga daquilo que nos oprime e impede de caminhar; 2. Acredite no seu potencial. Somos capazes de enfrentar nossas dores com realismo e esperança. É nosso potencial que nos impulsiona a seguir em frente e nos mantêm de cabeça erguida;

3. Sorria, apesar das dificuldades. O sorriso tem a propriedade de espantar os males, o mau humor. Não estamos cegos para a realidade, mas sorrimos na esperança de dias melhores. Andar triste e cabisbaixo não resolve nossos problemas. O sorriso é bálsamo e fortificante;

4. Procure relaxar. Não tome decisão alguma se estiver preocupado (a) ou aborrecido (a). Decisões tomadas com este espírito não costumam funcionar. Reflita, pare e pense um pouco mais. Depois, decida como continuar a caminhada;

5. Renove sempre as esperanças. E nunca deixe de sonhar e acreditar, por mais difícil que pareça. Como bem diz o ditado: "A esperança é a última que morre!".

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Divisão de Almas

Um pra mim, um pra você...

Em uma  cidadezinha do interior havia uma figueira
carregada dentro do cemitério.
Dois amigos decidiram entrar lá à noite (quando não havia
vigilância) e pegar todos os figos.
Eles pularam o muro, subiram na árvore com as sacolas
penduradas no ombro e começaram a distribuir o 'prêmio'.


- Um pra mim, um pra você.
- Um pra mim, um pra você.

De repente um falou pro outro:

- Pô! meu, você deixou cair dois do lado de fora do muro!


- Não faz mal, depois que a gente terminar aqui pega os de fora.

- Então tá bom, mas
um pra mim, um pra você.

Um bêbado, passando do lado de fora do cemitério, escutou esse negócio de 'um pra mim e um pra você' e saiu correndo para a delegacia.

Chegando lá, virou para o policial:

- Seu guarda, vem comigo! Deus e o diabo estão no cemitério dividindo as  almas dos mortos!

- Ah, cala a boca bêbado.

- Juro que é verdade, vem comigo.

Os dois foram até o cemitério, chegaram perto do muro e começaram a escutar...

- Um para mim, um para você.

O guarda assustado:

- É verdade! É o dia do Apocalipse! Eles estão dividindo as almas dos mortos!
O que será que vai acontecer depois?

E continuaram a escutar:

-
Um para mim, um para você.

De repente ouviram um dizer:

-Pronto, acabamos aqui dentro...

-Agora a gente vai lá fora e pega os dois que estão do outro lado do muro...


-Cooooorreeeee porraaaaa!!!!!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

A parte ré amaldiçoada pelo juiz


A parte ré amaldiçoada pelo juiz (03.06.11)

Na comarca de uma vara só, há um saudável hábito de fraterna convivência entre os operadores do Direito. Nos finais das tardes de sextas-feiras, advogados, juiz, promotor e alguns servidores forenses se reúnem no clube local para a prática de vôlei ou futebol.

Tradicionalmente o magistrado é jogador; o representante do M.P. prefere atuar de apito à boca.

Numa dessas sextas-feiras, o jogo teve que ser interrompido, ante a presença - engravatado - de um brilhante advogado que, apresentando a petição inicial de uma medida cautelar, buscava a decisão liminar do juiz.

O magistrado leu e despachou ali mesmo, de próprio punho, autorizando o escrivão - que ficara no foro - "às diligências posteriores e imediatas". 

A incumbência da autuação e a expedição de mandado etc  foram delegadas pelo serventuário a uma novel estagiária forense, cedida uma semana antes pela Prefeitura. O escrivão assinou, "por ordem do doutor juiz", um oficial de justiça foi convocado, o mandado foi cumprido etc etc.

Na segunda-feira o réu apresentou-se num dos tradicionais escritórios de Advocacia da cidade, brandindo com o mandado de citação na mão.

- Eu aceito ser réu, aceito também a liminar contra mim, mas não aceito ser amaldiçoado pelo juiz - vociferou o cliente.

O advogado ponderou que "o juiz é uma pessoa respeitosa, que não amaldiçoa ninguém"...

Dito isso, o profissional da Advocacia passou a examinar o mandado e leu, incrédulo: (...) "Diante disso, defiro a medida cautelar, ante a maldita outra parte" etc.

O advogado do réu foi ao foro, conversou com o magistrado (é um desses que está sempre disposto a receber partes e procuradores), e então esclareceu-se que o texto original da decisão inicial manuscrita referia "diante disso defiro a medida cautelar ´inaudita altera pars´".

A estagiária foi chamada. O juiz explicou-lhe a expressão latina, ela justificou-se que era novata, mas fez duas ponderações. Primeira: a caligrafia do magistrado não era fácil; segunda: a culpa final fora do escrivão, que assinara o mandado sem conferir.

*  *  *  *  *

Ao final, alguns meses depois a ação foi julgada improcedente, sabe-se lá porque...
FONTE: Espaço Vital

Charge de Gerson Kauer

domingo, 15 de janeiro de 2012

Calvície

Calvície

Rodolfo Pamplona Filho

Rearrumar a franja...
Partir o cabelo do lado...
Consolar-se com uma canção
de carnaval que virou bordão...
Cremes milagrosos
Finasterida sem pudor
ou com algum receio
de afetar o time
que estava ganhando...
Desespero no banho,
ao ver as sobras
do que já foi farto...
Colocar a culpa
na testa grande
ou nos ângulos
com que o olham...
Ver, no espelho,
uma entrada
que virou atalho,
quase uma estrada
para a nuca...
Talvez você nunca
imaginou que isso acontecesse
mas ela chegou finalmente,
ainda que você não a temesse
(ou fingisse não ligar),
mas tudo tem seu tempo e lugar,
nem que seja para assumir
que a vasta cabeleira vai sumir
agora ou em algum instante,
pois todo poço seca
e, salvo se fizer um implante,
vai ter de aceitar a careca...

Salvador, 15 de julho de 2011.

sábado, 14 de janeiro de 2012

ELOGIE DO JEITO CERTO



ELOGIE DO JEITO CERTO
Recentemente um grupo de crianças pequenas passou por um teste muito interessante[1]. Psicólogos propuseram uma tarefa de média dificuldade, mas que as crianças executariam sem grandes problemas. Todas conseguiram terminar a tarefa depois de certo tempo. Em seguida, foram divididas em dois grupos.
O grupo A foi elogiado quanto à inteligência. “Uau, como você é inteligente!”, “Que esperta que você é!”, “Menino, que orgulho de ver o quanto você é genial!” ... e outros elogios à capacidade de cada criança.
O grupo B foi elogiado quanto ao esforço. “Menina, gostei de ver o quanto você se dedicou na tarefa!”, “Menino, que legal ter visto seu esforço!”, “Uau, que persistência você mostrou. Tentou, tentou, até conseguir, muito bem!” ... e outros elogios relacionados ao trabalho realizado e não à criança em si.
Depois dessa fase, uma nova tarefa de dificuldade equivalente à primeira foi proposta aos dois grupos de crianças. Elas não eram obrigadas a cumprir a tarefa, podiam escolher se queriam ou não, sem qualquer tipo de consequência.
As respostas das crianças surpreenderam. A grande maioria das crianças do grupo A simplesmente recusou a segunda tarefa. As crianças não queriam nem tentar. Por outro lado, quase todas as crianças do grupo B aceitaram tentar. Não recusaram a nova tarefa.
A explicação é simples e nos ajuda a compreender como elogiar nossos filhos e nossos alunos. O ser humano foge de experiências que possam ser desagradáveis. As crianças “inteligentes” não querem o sentimento de frustração de não conseguir realizar uma tarefa, pois isso pode modificar a imagem que os adultos têm delas. “Se eu não conseguir, eles não vão mais dizer que sou inteligente”. As “esforçadas” não ficam com medo de tentar, pois mesmo que não consigam é o esforço que será elogiado. Nós sabemos de muitos casos de jovens considerados inteligentes não passarem no vestibular, enquanto aqueles jovens “médios” obterem a vitória. Os inteligentes confiaram demais em sua capacidade e deixaram de se preparar adequadamente. Os outros sabiam que se não tivessem um excelente preparo não seriam aprovados e, justamente por isso, estudaram mais, resolveram mais exercícios, leram e se aprofundaram melhor em cada uma das disciplinas.
No entanto, isso não é tudo. Além dos conteúdos escolares, nossos filhos precisam aprender valores, princípios e ética. Precisam respeitar as diferenças, lutar contra o preconceito, adquirir hábitos saudáveis e construir amizades sólidas. Não se consegue nada disso por meio de elogios frágeis, focados no ego de cada um. É preciso que sejam incentivados constantemente a agir assim. Isso se faz com elogios, feedbacks e incentivos ao comportamento esperado.
Nossos filhos precisam ouvir frases como: “Que bom que você o ajudou, você tem um bom coração”, “parabéns meu filho por ter dito a verdade apesar de estar com medo... você é ético”, “filha, fiquei orgulhoso de você ter dado atenção àquela menina nova ao invés de tê-la excluído como algumas colegas fizeram... você é solidária”, “isso mesmo filho, deixar seu primo brincar com seu videogame foi muito  legal, você é um bom amigo”. Elogios desse tipo estão fundamentados em ações reais e reforçam o comportamento da criança que tenderá a repeti-los. Isso não é “tática” paterna, é incentivo real.
Por outro lado, elogiar superficialidades é uma tendência atual. “Que linda você é amor”, “acho você muito esperto meu filho”, “Como você é charmoso”, “que cabelo lindo”, “seus olhos são tão bonitos”. Elogios como esses não estão baseados em fatos, nem em comportamentos, nem em atitudes. São apenas impressões e interpretações dos adultos. Em breve, crianças como essas estarão fazendo chantagens emocionais, birras, manhas e “charminhos”. Quando adultos, não terão desenvolvido resistência à frustração e a fragilidade emocional estará presente.
Homens e mulheres de personalidade forte e saudável são como carvalhos que crescem nas encostas de montanhas. Os ventos não os derrubam, pois cresceram na presença deles. São frondosos, copas grandes e o verde de suas folhas mostra vigor, pois se alimentaram da terra fértil.
Que nossos filhos recebam o vento e a terra adubada por nossa postura firme e carinhosa.
 MARCOS MEIER é mestre em Educação, psicólogo, escritor e palestrante.
Seus textos encontram-se no site http://www.marcosmeier.com.br/ e seus livros no http://www.kapok.com.br/

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Não mate seu Leão!

Não mate seu Leão.

APRENDA A AMAR O SEU LEÃO                    
Em vez de matar um leão por dia, aprenda a amar o seu.
Pierre Schurmann
.
 
Outro dia fui almoçar com um amigo, hoje chegando perto de seus 70 anos. Gosto disso.
Depois de um almoço longo, no qual falamos bem pouco de negócios, mas muito sobre a vida, ele me perguntou sobre meus negócios.
Contei um pouco do que estava fazendo e, meio sem querer, disse a ele:
"Pois é. Empresário, hoje, tem de matar um leão por dia".
Sua resposta, rápida e afiada, foi:
"Não mate seu leão. Você deveria mesmo era cuidar dele".
Fiquei surpreso com a resposta e ele provavelmente deve ter notado minha surpresa, pois me disse:
"Deixe-me contar
-lhe uma história que quero compartilhar com você"..
Segue mais ou menos o que consegui lembrar-me da conversa:
"Existe um ditado popular antigo dizendo
que temos de ‘matar um leão por dia’.
E por muitos anos, eu acreditei nisso, e acordava todos os dias querendo encontrar o tal leão.
A vida foi passando e muitas vezes me vi repetindo essa frase.
Quando cheguei aos 50 anos, meus negócios já tinham crescido e precisava trabalhar um pouco menos, mas sempre me lembrava do tal leão.
Afinal, quem não se preocupa quando tem de matar um deles por dia?
Pois bem. Cheguei aos meus 60 e decidi que era hora de meus filhos começarem a tocar a firma.
Mas qual não foi minha surpresa ao ver que nenhum dos três estava preparado!
A cada desafio que enfrentavam, parecia que iam desmoronar emocionalmente.
Para minha tristeza, tive de voltar à frente dos negócios, até conseguir contratar o Paulo, que hoje é nosso diretor geral.
Este ‘fracasso’ me fez pensar muito. O que fiz de errado no meu plano de sucessão?
Hoje, do alto dos meus quase 70 anos, eu tenho uma suspeita:‘
a culpa foi do leão’.”
Novamente, eu fiz cara de surpreso. O que o leão tinha a ver com a história?
Ele, olhando para o horizonte, como que tentando buscar um passado distante, me disse:
"É, pode ser que a culpa não seja cem por cento do leão, mas fica mais fácil justificar dessa forma.
Porque, desde quando meus filhos eram pequenos, dei tudo para eles. Uma educação excelente, oportunidade de morar no exterior, estágio em empresas de amigos.
Mas, ao dar tudo a eles, esqueci de dar um leão para cada, que era o mais importante.
Meu jovem, aprendi que
somos o resultado de nossos desafios.
A capacidade de luta que há em você, precisa de adversidades para revelar-se.
Com grandes desafios, nos tornamos grandes. Com pequenos desafios, nos tornamos pequenos.
Aprendi que, quanto mais bravo o leão,mais gratos temos de ser.
Por isso,
aprendi a não só respeitar o leão, mas a admirá-lo e a gostar dele.
A metáfora é importante, mas errônea:
não devemos matar um leão por dia, mas sim cuidar do nosso.
Porque o dia em que o leão, em nossas vidas morre, começamos a morrer junto com ele..."
Depois daquele dia, decidi aprender a amar o meu leão. E
o que eram desafios se tornaramoportunidades para crescer e ser mais forte nesta ‘selva’ em que vivemos.