sábado, 7 de julho de 2012

OPOÉTICA

OPOÉTICA

Azrael


Manhãs ofegantes e cálidas
Após tardes de tempestades.
Sexo terno e matreiro,
O ruim feito bom à metade.
Futura analista com ex-marinheiro
Achando o Nirvana no chão de Gorazde...
Quem, afinal, pode ter matrimônio
Que resista sem alguns demônios?


                                 Luz e orvalho com trevas e fogo,
                                 Água com óleo, sal com resina.
                                 Por que resistir ao pendor
                                 De atirar o abismo à colina?
                                

Qual, afinal, o casamento
Que, padecendo e curando,
Não encontra o próprio alimento
No rio acima, remando?




Os teus cabelos perdidos,
O meu masoquismo em cutículas...
As tuas visões pessimistas,
O meu otimismo suicida...
Se não fôssemos tão diferentes
Terias meu toque de Midas?


Veja o relógio da sala,
Dezenove com dezenove...
A noite embriaga e me cala
Quando o vento sibila onde chove.
Tudo me torna mais seu,
Tudo o que é “mas...?” se remove.
E o meu Eu taciturno te ama
Como amei desde os meus vinte e nove...

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