Azrael
Manhãs ofegantes e cálidas
Após tardes de tempestades.
Sexo terno e matreiro,
O ruim feito bom à metade.
Futura analista com ex-marinheiro
Achando o Nirvana no chão de Gorazde...
Quem, afinal, pode ter matrimônio
Que resista sem alguns demônios?
Luz e orvalho com trevas e fogo,
Água com óleo, sal com resina.
Por que resistir ao pendor
De atirar o abismo à colina?
Qual, afinal, o casamento
Que, padecendo e curando,
Não encontra o próprio alimento
No rio acima, remando?
Os teus cabelos perdidos,
O meu masoquismo em cutículas...
As tuas visões pessimistas,
O meu otimismo suicida...
Se não fôssemos tão diferentes
Terias meu toque de Midas?
Veja o relógio da sala,
Dezenove com dezenove...
A noite embriaga e me cala
Quando o vento sibila onde chove.
Tudo me torna mais seu,
Tudo o que é “mas...?” se remove.
― E o meu Eu taciturno te ama
Como amei desde os meus vinte e nove...
Nenhum comentário:
Postar um comentário