DIREITO TRABALHISTA
Rocinante, o corcel de Dom Quixote, era só pele e osso:
- Metafísico estás.
- É que não como.
Rocinante ruminava suas queixas, enquanto Sancho Pança erguia a voz contra a exploração do escudeiro pelo cavaleiro. Ele se queixava do pagamento que recebia pela sua mão de obra, nada além de pancadas, fomes, intempéries e promessas, e exigia um salário decoroso em dinheiro vivo e sonoro.
Dom Quixote achava desprezíveis aquelas expressões de grosseiro materialismo. Invocando seus colegas da cavalaria andante, o fidalgo cavaleiro sentenciava:
- Jamais os escudeiros estiveram a salário, e sim à mercê.
E prometia que Sancho Pança ia ser governador do primeiro reino que seu amo conquistasse e receberia o título de conde ou de marquês.
Mas o plebeu queria uma relação trabalhista estável e com salário assegurado.
Passaram-se quatro séculos. E continuamos na mesma.
GALEANO, Eduardo. Espelhos - uma história quase universal. 2a edição. Tradução de Eric Nepomuceno. Porto Alegre: L&PM Editores, 2009, p. 129.
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