O fio de Ariadneby mauriciorequiao |
O
caminho para o baile de máscaras era um labirinto. E não se está aqui a utilizar
de metáforas. Havia os que se perdiam e nunca chegavam. Simplesmente vagavam,
vagavam e vagavam pelos corredores infinitos.
A
despeito disso, ou talvez por isso, não hesitou sequer uma vez quando recebeu o
convite. Agora, estava perdido. Não sabia há quanto tempo. Somente tinha tal
consciência, embora não soubesse nem mesmo quando ela havia surgido. Temia virar
um fantasma e vagar pelos eternos corredores.
Fantasmas,
é o que diziam que se tornavam aqueles que se perdiam. Vagando, vagando e
vagando. Sem senso, sem sentido, esquecendo gradativamente o que era estar vivo.
Esquecendo-se do que realmente importava, até que nada mais importasse e só
restasse vagar.
Começava
a duvidar se já não havia ele próprio se transformado num. Será que saberia?
Tudo que fazia era vagar, com a máscara cada vez mais presa ao seu rosto.
Sentiria quando não mais sentisse? A ideia, em si, era uma contradição.
Num
dos intermináveis cruzamentos, soube que não era ainda um dos para sempre
perdidos. Deu de cara com outro ser mascarado e se assustou. Não sabia de início
se era alguém ou um fantasma. Mas também o alter se assustou e fantasmas,
por definição, não se assustam.
Não,
definitivamente não era um fantasma. Era uma mulher. Por baixo da máscara,
sorriu e imaginou que ela também sorrisse. Era um alívio profundo encontrar
alguém e saber-se ainda vivo.
Lentamente,
aproximaram-se. Observaram-se. Tocaram-se. E, por fim, tão ritualisticamente
quanto o momento pedia, retiraram a máscara um do outro e jogaram-nas fora.
Aninhados um ao outro, de mãos dadas, começaram a caminhar, quem sabe até o
infinito. Daquele jeito, não havia mais como se perderem. O resto, pouco
importava.
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