sábado, 16 de fevereiro de 2013

Armadilhas do Tempo

ARMADILHAS DO TEMPO

Alberto Saraiva

Ah, o tempo, esse canalha! 
Disse alguém, inconformada,
com os vincos que o tempo-fornalha,
faz em nós, gente azoada, apressada. Assada.

Quanto a mim, reles poetinha,
que versejo a tempo de ver o tempo passar,
fico aqui assim, um tanto pasmo, na minha,
a ver o que o tempo quer me ensinar.

Ele me diz que é possível, sim
fazer com que ele, o tempo, volte. E retome
as rédeas para corrigir coisas que já tinham tido fim.
Um fim que não merecia esse nome.

E eu, menino fazedor do tempo um brinquedo,
Ouço, penso, poeto olhando o relógio. E falo: 
É, tempo, se me dás a chance de perder o medo,
não serei eu que deixarei de tentá-lo.

Porque ela me ligou, três anos e tanto depois,
com a mesma alegria dos tempos idos
que fez com que as lembranças de nós dois
nos fizessem - de novo! - vencedores não vencidos.

Tá legal, tempo, eu me curvo, da teoria faço lei,
fez-se a dobra no espaço-tempo, einsteiniana relatividade.
Cabe a mim provar, por a+b, com tudo que sei,
que para amar e ser feliz não existe tempo. Nem idade.

Liguei de volta, a encontrei; nos amamos como deuses
que controlam o tempo, a vida, os encontros, os amores.
Nem tocamos no passado, nas despedidas, nos adeuses
Nada de luto: da vida, quero os sons. E as cores.

As cores que voltaram, armadilha do tempo. Lindo arranjo,
pra que eu faça dessa temponauta, agora ao meu lado,
Minha menina-mulher-amante-companheira, meu anjo,
para que eu tenha tempo de amá-la, como deveria tê-la amado.

Em 17 de janeiro de 2012, 11h30.
 

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