quarta-feira, 27 de julho de 2016

Saudades


Florbela Espanca

Saudades! 

Sim... Talvez... 
E porque não?
Se o nosso sonho foi tão alto e forte. 
Que bem pensara vê-lo até à morte. 
Deslumbrar-me de luz o coração! 
Esquecer! Para quê?
Ah! Como é vão! 
Que tudo isso, amor, nos não importe.
Se ele deixou beleza que conforte. 
Deve-nos ser sagrado como o pão! 
Quantas vezes, amor, já te esqueci, 
Para mais doidamente me lembrar
Mais doidamente me lembrar de ti! 
E quem dera que fosse sempre assim: 
Quanto menos quisesse recordar
Mais a saudade andasse presa a mim!

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